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Fabricamos motos e deixamos de abater árvores, diz dirigente da Yamaha

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28/01/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Fred Novaes

A Yamaha aproveitou bem os ventos favoráveis de recuperação, lenta, mas gradual na economia brasileira para comemorar em grande estilo os 50 anos de Brasil e os 35 anos de presença na Amazônia. Com mais de 150 mil motos produzidas na fábrica instalada no Polo Industrial de Manaus no ano passado, a fabricante japonesa decidiu neste ano de 2020 adotar uma nova postura no relacionamento com os meios de comunicação e realizou na última quinta-feira, dia 23, um tour pela unidade instalada em Manaus. Parte da diretoria também fez um tour pelas principais empresas de comunicação localizadas na cidade e, na quarta, dia 22, participou do programa JC às 15h, realizado diariamente de segunda a sexta-feira nos estúdios da Redação do Jornal do Commercio. A seguir, parte da entrevista com o gerente de relações institucionais da Yamaha, Afonso Cagnino.

Jornal do Commercio - Qual a intenção do tour pela fábrica de Manaus para a imprensa?

Afonso Cagnino - A Yamaha decidiu neste ano que completa 50 anos de Brasil e 35 anos de presença no Amazonas abrir suas portas para tornar conhecidos os trabalhos que a empresa realiza. Os produtos motocicletas e motor de popa já são bem conhecidos, mas outras ações de natureza social e de responsabilidade ambiental ficam sem um maior conhecimento público e nós temos a intenção de divulgar essas atividades. Por isso apresentamos alguns cases de sucesso que periodicamente nós queremos continuar divulgando. Os dois cases são na área de educação, um de formação numa oficina escola para mecânica de motocicletas em parceria com o pró-menor Dom Bosco. Em 15 anos de projeto tivemos alguns que estão inclusive trabalhando conosco como encarregados. O outro ponto, agora de natureza ambiental foi a substituição dos hacks utilizados no transporte de motocicletas que agora são do tipo vai e vem, o que permitiu a redução no descarte de aço na natureza. Nosso material descartado é reutilizado e o que não é reutilizado é incinerado.

JC - Aproveitando essa questão ambiental, as fábricas não deveriam utilizar mais essa marca da Amazônia, mostrando que a produção é ambientalmente correta e ajuda a preservar grande parte da floresta Amazônica adotando alguma espécie de selo verde?

Afonso - Você tem razão. Hoje todos nossos produtos recebem o selo produzido na ZFM e isso é importantíssimo para nós. O setor de motocicletas ao lado de outros setores desenvolveram junto ao Cieam um estudo elaborado pelo professor Márcio Holland da Fundação Getulio Vargas mostrando o quanto a indústria consegue preservar a floresta em pé. Parte desse esforço da Yamaha de se abrir para comunidade faz parte do esforço de ajudar a divulgar esse trabalho. Quando fabricamos a motocicleta aqui deixamos de abater algumas árvores de modo predatório. Por que o antigo ribeirinho hoje é funcionário da linha de produção. A motocicleta que é produzida aqui é aceita em todos os lugares do mundo atende a todas as normas de segurança de emissão de gases poluentes e isso é feito pelo amazônida e assim incentivamos a preservação. Por isso o selo verde já existe no próprio selo que estampa que é produzido no Polo Industrial de Manaus. Mas precisamos avançar na divulgação dessa característica do Polo Industrial de Manaus.

JC - No início do ano, vimos a continuidade de uma crise em torno dos concentrados que é um segmento com muita capilaridade com o interior do Estado, uma vez que aproveita matéria-prima e utiliza mão-de-obra em municípios como Maués e Presidente Figueiredo. O setor de Duas Rodas utiliza ou busca utilizar algum insumo regional?

Afonso - É muito difícil por conta do volume de produção. Já se fez alguns ensaios com couro vegetal para substituir o couro que é aplicado no banco, mas ainda não houve escala industrial. Estamos estudando sempre esse tipo de possibilidade, mas ainda não foi possível adotar isso para as motocicletas. Mas o que a gente faz aqui de agregação de mão de obra, embora não seja natural da terra, é derreter o barrete de alumínio e transformar em carcaça de motor. As peças de motor de motocicletas abaixo de 250 cilindradas são todas fabricadas aqui. Então, embora não tenhamos o insumo natural da região, nós fazemos a transformação do barrete de alumínio numa peça de moto através da nossa fundição.

JC - A Yamaha é produtora reconhecida globalmente pela produção de motocicletas, mas aqui na região ela também é reconhecida pela fabricação e venda de motores de popa, uma vez que nossos rios são nossas maiores estradas. A fábrica local inclusive é a única no Brasil para fabricação nacional desse tipo de produto. Como você vê esse destaque?

Afonso - A Yamaha produz oitos tipos de modelos de motores aqui em Manaus. São motores nacionalizados. Apropriados para utilizar o combustível do Brasil que detém 27,5% de etanol. Isso faz com que a preparação interna do motor seja diferenciada e o motor é mais resistente. Por isso, o ribeirinho prefere o motor Yamaha porque não quebra, pois não está suscetível às variações que o combustível nacional tem. Temos até motores de 90 HP que equipam alguns barcos escola.

JC - Podemos dizer que 2019 foi um ano de retomada para a indústria de motos? O que isso aponta para 2020?

Afonso - No ano de 2019 ultrapassamos no mercado a barreira de um milhão de motos. A Yamaha superou 150 mil motos produzidas. Para nós foi um ano de tranquilidade por termos cumprido as metas, mas sem abaixar a guarda porque o mercado ainda não está tão regularizado como a gente gostaria. As perspectivas não são de um crescimento voluptuoso, mas um crescimento gradual, dentro da expectativa da própria inflação daquilo que o mercado espera. Esperamos aí 4% no máximo 5% pois temos aí o dólar jogando contra os nossos resultados e algumas incertezas na esfera política também.

JC - Já há algum tempo a dificuldade para o acesso ao crédito tem sido limitadora para a aquisição de bens duráveis como motocicletas. Os recentes indicadores positivos, como a redução da Selic, apontam para outro cenário neste quesito?

Afonso - O início da crise foi em 2008 quando a crise norte-americana de crédito nos derrubou. Cerca de 80% do mercado de motocicletas é de motos de até 250 cilindradas que é 100% dependendente de crédito. O brasileiro que adquire uma motocicleta de 150 cilindrada não tem a poupança, ele não compra à vista, precisa do crédito. Nós sentimos um baque muito grande por isso. E no ano de 2018 e 2019 com a redução gradual da taxa Selic houve uma oferta maior de crédito, mas mais do que o crédito direto, o cartão de crédito entrou nesta história e passamos a ter financiamento de "à vista" pelo cartão de crédito. Então o consumidor financia uma parte pelo CDC e o restante pelo cartão de crédito que o concessionário recebe como se fosse à vista, mas o cliente paga parcelado. Então o mercado está se adaptando. O consórcio sempre foi uma boa alternativa e voltou a ser por conta das menores taxas de administração. Por isso temos um mosaico com cartão de crédito, financiamento com taxas melhores e o consórcio, mesmo assim a gente ainda bate na inadimplência. São 13 milhões de desempregados. Há um certo risco, mas esse risco vem sendo mitigado gradativamente. E o polo de Duas Rodas e a Yamaha estão contribuindo porque houve um aumento na contratação de pessoas. A Yamaha abriu seu segundo turno no começo deste ano então temos duas linhas de produção. Uma que começa às 7h e outra às 17h na intenção de ampliar a capacidade produtiva e gerar emprego e renda. Aos pouco a economia se movimenta, o emprego diminui e também a inadimplência.

JC - E para este ano de 2020 qual é a aposta? Modelos mais populares continuam em alta?

Afonso - A grande sensação no mercado de duas rodas são os scooters. A Yamaha lançou no Salão Duas Rodas do ano passado a motocicleta X Max de 250 cilindradas que começa a ser produzida a partir de março e chega às lojas a partir de abril. Essa é a grande sensação porque é uma motocicleta muito potente com mais de 20 cavalos com um porta objetos muito interessante embaixo do banco. Uma motocicleta bonita elegante que oferece um certo status para quem está pilotando. Ela ajuda a tirar o estigma do profissional que trabalha nas motos e, assim, o empresário, o estudante, a dona de casa não correm o risco de serem confundidos com esse profissional que quase sempre não é bem visto. Por outro lado temos a revisão das nossas motocicletas de 150 cilindradas recebendo novas cores, novos grafismos e até alguns modelos em parceira com a Marvel com a imagem dos super-heróis que devem entrar em produção ao longo do ano de 2020. São muitas novidades para este ano.

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