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Extinção de empresas sobe com a crise

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06/04/2022

Marco Dassori

Em sintonia com as incertezas e a piora no cenário econômico, o saldo de pessoas jurídicas no Amazonas já entrou em campo negativo no primeiro trimestre. No total, o Estado somou 1.923 novas empresas, 2,48% a menos do que entre janeiro e março de 2021 (1.972) - período marcado pela segunda onda. A mesma comparação também indicou uma escalada de 32,62% nas baixas, entre os aglutinados de 2021 (659) e de 2022 (874). A comparação com os dados do trimestre anterior ainda rendeu alta de 16,54%, nas constituições, e incremento de 6,84% nos encerramentos.

A quantidade de empresas amazonenses em encerramento de atividades foi 10,88% maior em março (316), do que em fevereiro (285), além de ser 6,40% mais numerosa do que o patamar de 12 meses atrás (297). Já os dados de aberturas de novos empreendimentos (735) ficaram 19,12% acima da marca do levantamento anterior (617), embora tenham encolhido 13,93% ante março de 2021 (854). Os dados são da Jucea (Junta Comercial do Estado do Amazonas), baseados no relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro) -vinculado ao Ministério da Economia.

De acordo com o levantamento mensal, entre as 316 pessoas jurídicas amazonenses que saíram do mercado no mês passado, a maioria (192) estava na categoria de empresário individual, em número superior ao de fevereiro (179). As sociedades empresariais limitadas (103) vieram na segunda posição, seguidas pelas empresas individuais de responsabilidade limitada (e de natureza empresarial), com 21 registros -contra 83 e 23, respectivamente, no levantamento anterior.

O movimento em tomo da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (735), por outro lado, voltou a priorizar, pelo sexto mês seguido, as sociedades empresariais limitadas (456), em detrimento da demanda pela modalidade de empresário individual (277) -que não declinou desta vez. Na sequência, vieram dois consórcios de sociedades. A título de comparação, em fevereiro deste ano, os respectivos números foram 236 e 1. Diferente do mês anterior, não foram registradas constituição de cooperativas, empresas individuais de responsabilidade limitada (e de natureza empresarial) e sociedades anônimas fechadas.

“Cenários de incerteza”

A conselheira do Core-con-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), ex-vice-presi-dente da entidade, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, observa que o primeiro trimestre do ano sempre vem "carregado de desafios" e que 2022 já carrega o peso de quase 24 meses de impacto da pandemia sobre a atividade econômica, que afetou o fluxo de investimento e a tomada de decisões. Mas, ressalta que os números de março mostram cenários que refletem incerteza.

Na análise da economista, a quantidade de encerramentos representa uma preocupação, dada a necessidade de reduzir o número de desempregados do Amazonas -que costuma aparecer acima da média nacional nesse quesito. "Necessitamos de incentivo à geração de emprego e renda e da ampliação de linhas de crédito para fortalecer as atividades em recuperação no pós--pandemia. E também acreditar no trabalho e na criatividade do capital humano regional", recomendou.

Para Michele Lins Aracaty e Silva, o retrocesso acumulado na quantidade de MEIs em 2022 em relação à 2021 dá sinal de acomodação de mercado, marcado anteriormente por um boom, em razão da pandemia. "Ainda é cedo para bater o martelo e afirmar que chegamos ao limite do crescimento pois muitos destes MEIs focam atividades em produtos que atendem à sazonalidade, e que podem surpreender com o passar dos meses, em decorrência da proximidade de datas comemorativas", ponderou.

“Trimestre perdido”

Mais enfático, o professor universitário, consultor empresarial e conselheiro do Corecon--AM, Leonardo Marcelo Braule Pinto, diz que os números da Jucea já refletem um "trimestre perdido" e um sinal de que a economia está caminhando a passos de tartaruga. "Temos um PIB já enfraquecido e uma Selic já em alta, com dificuldades no crédito. O resultado é esse, comas pessoas vivendo na incerteza. Principalmente negócios de pequeno porte, e sabemos que, no Amazonas, dificilmente uma empresa segue à risca a tomada de decisão racional. O microem-preendedor está apenas tentando sobreviver", lamentou.

No entendimento do economista, o país precisa de medidas mais agressivas de estímulo econômico dos novos negócios, principalmente para os pequenos, em virtude de sua capacidade de geração de empregos. "Não podemos esperar muita coisa nos próximos meses. Afinal, não estamos vendo nenhum movimento econômico de grande magnitude que possa impac-tar positivamente. A tendência é que o PIB continue tímido, em um cenário de baixo fomento e mais empresas falindo do que abrindo", alertou

IPI em questão

Na mesma linha, o consultor empresarial, professor universitário, e também conselheiro do Corecon-AM, Francisco de Assis Mourão Júnior, as altas da inflação e dos juros, assim como as incertezas em relação à pandemia e à guerra na Ucrânia, estão desenhando um cenário cada vez menos propício à abertura e manutenção de novos negócios. O economista avalia que as altas consecutivas nos fechamentos de empresas pedem programas voltados para o empreendedorismo.

"Há também os impactos do novo decreto de desconto do IPI (11.021/2022), que continua gerando pressões na Zona Franca de Manaus e na economia do Amazonas. Estamos tendo uma diferença de 9% a 10% em favor dos encerramentos, o que significa que o Estado não está sendo favorável a novos negócios. Temos de ver como vai ficar a conjuntura econômica, com o andamento da guerra e da pandemia, assim como a valorização do real frente ao dólar, que acaba favorecendo as importações da ZFM. Mas, acima de tudo, temos de aguardar para ver como fica a questão do IPI, que vai ser determinante para o destino de nosso modelo e das futuras empresas", finalizou.

Volatilidade segue alta entre os MEIs

A Jucea ressalta que os dados citados não incluem os MEIs (microempreendedores individuais) -constituídos de forma virtual, pelo Portal do Empreendedor, do governo federal. As aberturas nessa modalidade aceleraram 8,19%, na passagem de fevereiro de 2022 (3.100) março (3.254). O confronto com o dado de 12 meses atrás (3.452), contudo, apontou baixa de 5,73%. As extinções subiram 1,32% na variação mensal (de 832 para 843), e ficaram 26,58% acima do dado de março de 2021 (666).

A análise do acumulado do ano, no entanto, aponta um panorama menos promissor e também volátil para os microempreendedores individuais amazonenses, com tendência de maior rotatividade de pessoas jurídicas no mercado local. O número de abertura de novos MEIs no Estado praticamente retrocedeu 1,95% na comparação de 2022 (9.508) com 2021 (9.697). A quantidade de encerramentos, por sua vez, voltou a crescer, de 1.727 (2021) para 2.408 (2022), uma diferença de 39,43%.

Fonte: Jornal do Commercio

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