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Estudo sobre a ZFM questiona indústria 4.0 e critica pouco uso de produtos da Amazônia

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26/11/2019

Fonte: Amazonas Atual

Iolanda Ventura

A indústria 4.0 gera riqueza, mas não gera bem-estar social. É o que arma Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, associação civil que apresentou ao Ministério da Economia um estudo para complementar as atividades do modelo Zona Franca de Manaus.

A indústria 4.0, caracterizada pelo baixo uso de mão de obra humana, é sinônimo de avanço tecnológico, mas ao mesmo tempo significa desemprego, diz Leitão. “Você pensar em um polo industrial com uma empresa toda robotizada sem gerar um emprego é um drama porque ela pode gerar riqueza econômica, mas não vai gerar bem-estar social. Bem-estar quem gera é gente empregada recebendo recursos para custear a sobrevivência dos seus lhos” , arma.

Embora seja sinônimo de avanço para o setor industrial, Sérgio Leitão defende no estudo apresentado ao governo federal que é possível avançar economicamente e tecnologicamente garantindo o emprego com carteira assinada. E a solução são os insumos da Amazônia.

Para Leitão, o principal problema da ZFM hoje é a origem dos insumos. “Se você for olhar os costumes da Zona Franca, como boa parte das empresas utilizam materiais que são fabricados fora do Amazonas, você tem hoje pelo menos um terço dos apoios federais, os estímulos e a renúncia fiscal, exatamente para custear esse transporte do insumo que muitas vezes é fabricado no Rio de Janeiro e em São Paulo” , diz.

Com essa dinamização a partir do uso dos recursos da biodiversidade local, essa situação poderia ser revertida, e uma parte do gasto acaba beneficiando regiões que estão fora da Amazônia. “Para um emprego que é gerado na região, em Manaus, você gera pelo menos três ou cinco empregos fora. Exatamente porque esse insumo que é transportado para o Amazonas, ele é fabricado no Rio de Janeiro ou São Paulo, ele está gerando emprego no sudeste e não na região” , afirma Leitão.

Para Sérgio Leitão, o grande problema do Amazonas é que se tem uma Zona Franca e uma capital forte economicamente, mas o restante do estado sem atividades que gerem dinamismo econômico.

Dados do estudo mostram as disparidades. Enquanto Manaus em primeiro lugar arrecada R$ 70,3 milhões de PIB (Produto Interno Bruto), o segundo lugar, Itacoatiara, aparece com R$ 2,1 milhões, equivalente a 2,3% do PIB do Amazonas.


Na proposta complementar à ZFM o foco é empregar matéria-prima da região, com foco em quatro segmentos: bioeconomia, ecoturismo, polo de economia da transformação digital e piscicultura.

A previsão do Instituto Escolhas é que, nos quatro segmentos sejam gerados em 10 anos 206 mil empregos. A produção atual passaria em uma década de R$ 5,97 bilhões para R$ 15,1 bilhões, com um aumento na renda salarial de R$ 2,9 bilhões.


Com isso, não só haveria mais benefícios diretos para a capital, como o interior do estado seria atendido havendo a descentralização de renda, diz Leitão. “Quando você tem fortemente um polo sem ter uma dinâmica de trazer insumos do interior do estado, ele acaba gerando muita riqueza, mas que fica concentrada em Manaus. Manaus é praticamente 80% do PIB do estado”.

Complemento x Alternativa


Sérgio Leitão arma que o estudo não é uma proposta para substituir o modelo ZFM, mas visa destacar os potenciais da região e se unir ao que já existe. “A única diferença que a gente está colocando é que essas novas empresas somariam às já existentes. Vão ter muita vinculação com aquilo que a gente chama exatamente de bioeconomia, que é a utilização dos insumos locais da biodiversidade” , arma.

O pensamento se alinha com o da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas). Nelson Azevedo, vice-presidente da federação, diz que estão abertos para diálogos, desde que isso não implique na substituição da ZFM. “O que não pode é tentar substituir usando a palavra alternativa, isso não existe. Porque nos próximos 10, 15, 20 anos não tem nenhuma atividade econômica com base no nosso extrativismo e recursos naturais da região não tem algo que possa atuar como substituição. Como complemento pode ser” , diz.

Nelson Azevedo alega que o interior também precisa ser pensado, mas há obstáculos. “Logicamente que nós defendemos uma posição de tentar desenvolver algo no interior, mas tem algumas coisas que precisam ser levadas em consideração, principalmente a nossa matriz energética, de educação, para capacitar a mão-deobra para lidar com essas novas tecnologias, não só aqui no polo industrial de Manaus, bem como daquilo que vai surgir no interior” , afirma Azevedo.

Ministério da Economia

De acordo com Sérgio Leitão, o Estudo foi bem visto pelo Ministério da Economia, "a ideia agora é que possa haver uma discussão envolvendo Ministério da Economia, o Governo do Estado, a Superintendência da Zona Franca, para pensar como é que as sugestões que foram apresentadas pelo estudo podem servir de subsídios para que a ZFM agregue novas atividades que tenham a ver com seu eixo de estimulação” , diz.

Leitão acredita ser uma proposta totalmente possível de ser executada, pois segundo ele, o estudo é cuidadoso em não fazer promessas que não sejam possíveis de acontecer e foi indicado tudo o que precisa ser feito para que as atividades se concretizem.

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