A construção naval na bacia amazônica está crescendo e ficando mais profissionalizada e tecnológica nos últimos anos. Um dos principais estaleiros instalados em Manaus (AM), o Beconal (Bertolini Construção Naval Ltda) está programando para triplicar a sua capacidade de produção até o final de 2014.

Em 2013, poderiam ser processadas até 450 toneladas de aço por mês, o que significa, em média, um volume correspondente à produção de 15 barcaças ou balsas por ano (essa é uma referência, pois também são produzidos empurradores no estaleiro). Nesses primeiros meses de 2014, a capacidade de produção já subiu para 900 toneladas de aço/mês, e a meta é chegar a 1.500 até dezembro, o que corresponde a cerca de 50 barcaças por ano.

“A demanda está aumentando no transporte fluvial. Há muitas empresas começando a entrar nessa área”, disse o engenheiro Flávio Silveira, gerente industrial da Beconal. Nesta quinta-feira (22.5), durante a TranspoAmazônia (Feira e Congresso Internacional de Transporte e Logística), em Manaus, será realizado o Seminário de Transportes Hidroviários e Construção Naval da Bacia Amazônica.

Demanda

Os trabalhos da Beconal tiveram início em 2006, com a missão de atender a uma demanda reprimida da empresa TBL (Transportes Bertolini). A operadora logística, que atua em todo o Brasil, sentia a necessidade de aumentar a utilização do transporte fluvial entre as cidades de Manaus e Belém (PA). Mas na região não havia estaleiros que oferecessem condições industriais para atender às necessidades da empresa, conforme destacou Silveira.

Entretanto, com o passar do tempo, o estaleiro ampliou suas atividades e passou a atender também os pedidos externos. O gerente industrial comenta que Manaus é como se fosse uma ilha, mas cercada por florestas. “As vias de acesso são os rios da região. E precisávamos desse transporte fluvial até Belém, onde os produtos passam a ser transportados pelas rodovias.”

O mercado de construção de embarcações está crescendo no país e, no caso do transporte sobre os rios da Amazônia, tende a haver maior demanda porque, conforme destacou Silveira, está ocorrendo uma inversão na direção do escoamento das safras agrícolas. “Há uma tendência de que a produção da fronteira agrícola norte brasileira - principalmente dos Estados de Mato Grosso, Tocantins, Pará e Rondônia - seja escoada pela bacia do Amazonas, e não pelos portos do Sul e do Sudeste (como Paranaguá, no Paraná, e Santos, em São Paulo).”

Uma inovação da Beconal em 2014 é a fabricação no modelo celular. Cada parte das barcaças e empurradores é construída simultaneamente, em células de produção. São diferentes zonas de fabricação dentro de galpões fechados. Ao ar livre, só permanece a montagem final. Antes, todo o processo era feito ao ar livre, em um mesmo local. A mudança trouxe ganhos produtivos, pois proporciona maior qualidade do produto e redução no tempo de fabricação. “Até o fim do ano de 2014, a Beconal está se estruturando para que toda a fabricação de embarcações aconteça indoor, não havendo mais fases da fabricação a céu aberto. Isso potencializará a produtividade, a capacidade de produção do estaleiro e a qualidade dos produtos”, destacou Silveira. A Beconal também está se estruturando para atuar na construção de embarcações off shore e de apoio marítimo.

Esporte e Recreio

Hoje, no portfólio da Beconal, também há a produção de embarcações para esportes e recreio. Já foram fabricados dois iates no estaleiro da empresa em Manaus. A reportagem da Agência CNT de Notícias teve acesso ao interior da embarcação luxuosa, com seis suítes, sala de jogos com bar, home theater, sala de jantar e de estar. Cada suíte possui sistema de televisão via satélite e frigobar. O iate tem 36 metros de comprimento e 7,30 metros de largura. Navega a uma velocidade máxima de 15,5 nós e pode ser usado tanto para a navegação em rios como no mar.

Fonte: Portal CNT