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Estagnação reflete crise na indústria

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31/05/2019

Reportagem publicada pelo Jornal do Commercio

Marco Dassori

O IPP (Índice de Preços ao Produtor), que mede a inflação de produtos na porta de saída das fábricas brasileiras, registrou alta de 1,27% nos preços do setor, na passagem de março para abril, conforme pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A variação mensal do IPP ficou abaixo das taxas registradas em março (+1,59) e abril de 2018 (+1,58%). Houve um pequeno decréscimo no agregado dos 12 meses, que recuou 8.94% para 8,61% na virada do mês. O mesmo não pode ser dito do acumulado do ano, que dobrou de tamanho na mesma mudança de período - de 1,28% (março) para 2,57% (abril).

Embora a pesquisa seja de abrangência nacional, vale destacar que a principal categoria de uso atendida pelo PIM (Polo Industrial de Manaus), a de bens de consumo duráveis, registrou o segundo menor incremento ) (+1,02%), perdendo apenas para bens de capital )+0,79%). Maior inflação foi observada em bens de consumo semi e não duráveis (+1,81%) e em bens intermediários (+1,06%).

Das 24 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, 22 registram inflação em seus produtos. Entre aquelas que são sondadas mensalmente também no Amazonas, a maior expansão veio da fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (+3,18%). A menor ficou no subsetor de bebidas (+0,09%).

Entre os carros-chefe do PIM, todas as linhas de produção apresentaram números abaixo da média do IPP do mês. A fabricação de equipamentos de transporte (+1,17%) - que equivale ao polo de duas rodas - teve a maior alta.

No caso das categorias de eletroeletrônicos, o maior aumento veio de máquinas e equipamentos (+0,79%), seguido por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+0,55%), e por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+0,53).

Supérfluos e crise

O presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Celso Piacentini, avalia que, ao pontuarem abaixo da média no IPP, os segmentos e produtos atendidos pelo PIM apontam para a resiliência da crise e da frustração de expectativas do consumidor em relação ao panorama econômico brasileiro de 2019.

"Tudo se resume ao fato de que produzimos bens não essenciais, que podem ser considerados supérfluos, em uma situação de aperto econômico. Em um ambiente de frustração e crise de expectativas, como o atual, o consumidor vai reservar seus recursos para produtos básicos, como alimentação. Ele não vai precisar de uma TV nova", justificou.

Em relação à expressiva diferença entre a inflação de equipamentos de transporte e as categorias atendidas pelos eletroeletrônicos, Piacentini considera que isso pode ter ocorrido pela maior demanda por produtos do polo de duas rodas - que vem sustentando altas seguidas de produção e vendas no PIM, acima da média global.

"Provavelmente, o aquecimento nas vendas está possibilitando o repasse dos custos, apesar de o crédito para aquisição de motocicletas estar difícil. No caso dos eletroeletrônicos, estamos sofrendo ainda com a valorização do dólar, que encarece nossos insumos. A indústria se vê pressionada a repassar esse custo adicional, mas não tem espaço para isso", lamentou.

Balbúrdia e paralisia

O economista e consultor empresarial, Hélio Pereira da Silva, concorda e diz que a situação da produção e vendas do PIM não permite repasses. Mesmo diante da alta do petróleo nos últimos meses, que reflete no custo do plástico de eletroeletrônicos e motocicletas.

"Teve o caso de um cliente meu que queria regionalizar o plástico em seus produtos e fez uma cotação para isso, trazendo 80 moldes para Manaus. Quando terminou a concorrência, dois meses depois, o preço teve que aumentar e inviabilizou a operação", reforçou.

Na análise do economista, a situação também é reflexo da "balbúrdia" política dos últimos meses e da "paralisia decisória" do governo federal, que deixou a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) de mãos atadas em questões como PPBs (Processos Produtivos Básicos) e agendamento das reuniões de seu Conselho.

"Está todo mundo segurando. O consumidor não sabe se pode comprar, o investidor não arrisca. Quando o presidente vai para a TV e diz que não vai ter dinheiro para pagar mais nada, as coisas pioram mais ainda. Quem quer produzir, encontra dificuldades. Tenho quatro clientes com projetos de produção de plásticos, embalagens motores e bicicletas elétricas no PIM, mas a data do CAS ainda não foi definida, nem seus conselheiros", encerrou.

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