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Estagnação industrial reabre debate sobre política setorial

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14/01/2014

Os dados mais recentes sobre a produção industrial no Brasil, que mostram uma performance fraca no ano passado, reaquecem a necessidade de se debater e mesmo repensar o modelo de política do governo para esse segmento. Como se sabe, o setor industrial brasileiro vem perdendo gradual mas sistematicamente espaço na economia como um todo e poucos discordam da ideia de que é importante sua preservação, entre outras razões porque a indústria paga melhores salários e investe mais em inovação e pesquisa do que, por exemplo, o comércio.

A divulgação, em dezembro, pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, de uma resenha sobre dois trabalhos de pesquisadores da Universidade de Cambridge pode ajudar a iluminar o debate no Brasil. Um ponto fundamental dos estudos a destacar refere-se ao segmento de bens intermediários. Segundo o informe do Iedi, "nos últimos 40 anos o comércio de bens intermediários cresceu dez vezes e hoje já corresponde a mais da metade do fluxo mundial de comércio, sendo que os países em desenvolvimento, principalmente asiáticos, ampliaram consideravelmente sua parcela no comércio internacional, inclusive de bens de média e alta tecnologia".

Também chamam a atenção duas 'recomendações' do Iedi para uma futura política industrial a partir da análise dos economistas de Cambridge: 1) adoção de uma noção mais moderna de indústria de transformação em torno do conceito de ecossistema; e 2) os objetivos principais nas políticas industriais dos países avançados são: desenvolvimento de processos e tecnologia, sistemas industriais e conceitos de empresa inteligentes, avanços nas pesquisa das ciências e engenharias, produtos avançados.

Até agora, a política industrial seguida pelo governo da presidente Dilma Rousseff teve objetivos muito mais imediatistas, como as medidas de desoneração da folha de pagamento das indústrias e a redução de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A meta de Brasília, nesses casos, foi tentar animar a economia, especialmente as vendas do setor industrial.

Existe, é preciso reconhecer, um esforço de uma parte do governo federal - de ministério e outros órgãos - e de muitas companhias e entidades empresariais de estimular o investimento em inovação, em pesquisa e desenvolvimento. Mas, é preciso reconhecer também, que esse é um projeto paralelo, que corre de forma quase marginal à política econômica governamental, cujas maiores preocupações são estimular o crescimento do país mantendo os índices de inflação dentro das metas fixadas pelo Banco Central. O que significa dizer que a política industrial tem sido 'ajustada' a outras preocupações maiores.

Por enquanto, o efeito concreto das medidas adotadas ao longo dos últimos anos por Brasília nesse sentido ajudaram a indústria nacional a não entrar em recessão, mas o desempenho continua modesto. Muitos segmentos industriais cresceram pouco ou nada - em parte por causa do aumento muito significativo nas importações de bens acabados ou de partes e peças.

Este cenário ficou mais uma vez evidente com a divulgação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada, dos dados referentes ao comportamento industrial em novembro. No mês especificamente, a produção industrial caiu 0,2% frente a outubro, após assinalar taxas positivas em agosto (0,2%), setembro (0,6%) e outubro (0,6%). No índice acumulado nos 11 meses de 2013, a atividade industrial cresceu 1,4% frente a igual período do ano anterior. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao mostrar expansão de 1,1% em novembro de 2013, mostrou ligeiro ganho de ritmo frente a outubro (0,9%), mas repetiu o resultado de setembro (1,1%).

Dados mais detalhados da indústria mostram resultados muito erráticos, com grandes variações entre os segmentos e de um mês para o outro. Fica difícil inclusive estabelecer quais foram as grandes tendências no ano passado diante desse alto grau de variação entre sub-setores e entre períodos. Além disso, há que se destacar que boa parte do resultado positivo registrado no ano passado se deveu ao comportamento de setores com menor grau de sofisticação e tecnologia na sua produção.

Fonte: Valor Econômico

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