30/08/2013
Em alguns anos, a linha de transmissão que vai interligar o sistema de energia do Amazonas com o resto do país pode não cumprir a promessa de estabilidade no fornecimento energético para o Estado.
O alerta foi feito pelo diretor operacional do grupo baiano Global Participações em Energia, Júlio Dunham, durante a 246ª reunião do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam), esta semana.
Durante a exposição, o executivo justificou que o Amazonas não pode ficar dependente apenas do sistema fornecido pelo linhão. Segundo ele, incidentes como o “apagão” no Estado do Piauí deixam localidades sem um número razoável de geradoras independentes para dar suporte ao sistema principal “no escuro”.
“A Região Amazônica é uma das localidades com maior incidência de raios do país, que são os principais motivos de apagões hoje. O suporte seria necessário”, revelou.
A afirmação causou polêmica entre os presentes no encontro. O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, por exemplo, afirmou ter ficado surpreso com o ponto de vista apresentado.
“A ideia do linhão passou anos sendo “vendida” para todos os setores da economia, incluindo a indústria, como a solução definitiva para a estabilidade do fornecimento de energia e agora estamos ouvindo que precisaríamos de mais ainda”, avaliou.
O presidente da entidade reforçou que o Estado possui usinas independentes para auxiliar, mas ressaltou que o foco deve ser o fornecimento pelo Sistema Integrado Nacional (SIN). Em nota, a Amazonas Energia declarou, que após a interligação ao SIN, outras interligações estão previstas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no sentido de atender a demanda do Estado.
A sugestão do grupo baiano, que atua em quatro Estados como produtor independente de energia, é trazer para o Amazonas cinco usinas movidas a gás natural para suprir a demanda do Estado.
“Assim que o linhão estiver funcionando plenamente, toda a demanda será atendida. Mas, em cinco anos, o aumento de consumo gradual previsto para o Amazonas vai exigir mais oferta de fornecimento”, defendeu Dunham.
Para se instalar no Estado, o empresário solicitou ao governo do Estado isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gás natural. Ele alegou que os Estados da Bahia, Paraíba e Rio de Janeiro não cobram o tributo e que a isenção no Amazonas reduziria os custos em 50% do funcionamento das usinas.
O secretário da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo, argumentou que o Estado terá prejuízos com migração do sistema atual para o SIN. “Não podemos abrir mão de mais 25% de imposto, sob pena de prejudicar a arrecadação estadual”, salientou.
Fonte: Amazonas Em Tempo