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Escassez de insumos já afeta linha de produção no Polo Industrial de Manaus

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06/09/2021

Jefferson Ramos

Fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) sofrem com a escassez de insumos que vão desde supercondutores, ferro e aço. A falta principal são de componentes eletrônicos que compõem a cadeia produtiva de várias linhas de produção, como por exemplo, a de duas rodas, situação que atinge outros centros produtivos do País. Na sexta-feira (3/9), a Yamaha informou a paralisação da produção entre os dias 9 a 24 deste mês.

Presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco afirma que, se essa tendência se manter nos próximos meses, com as empresas não tendo confirmação do embarque de novas remessas de insumos vindos do exterior, especialmente da China, podem ser adotadas medidas para conter gastos como férias remuneradas ou suspensão de contratos.

Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram que entre julho de 2020 e o mesmo período de 2021, a produção das sete marcas que atuam na Zona Franca de Manaus caiu 6,8%.

182.790 motocicletas foram produzidas em julho de 2020, enquanto que a produção de julho deste ano fechou em 170.213. Honda, Yamaha, BMW, Harley Davidson, Kawasaki, JTZ Motos do Brasil e Dafra produzem com matrizes instaladas no PIM.

Yamaha e Honda são responsáveis pelas maiores produções. No ano passado, a Yamaha Motor da Amazônia produziu 961.986 motos e a Moto Honda da Amazônia fabricou 757.866 motocicletas.

A produção das gigantes de duas rodas caiu 39,6% entre julho de 2020 e julho de 2021. Em julho deste ano, juntas produziram 167.241 motos, contra 276.952, de julho de 2020.

Périco explica que a falta de matéria-prima ocorre devido ao aumento da demanda no País e devido ao fato das indústrias produtoras de componentes não têm atendido a essa procura.

Segundo ele, o preço logístico é um outro desafio que dificulta a chegada desses insumos. Ele relatou que o custo do container aumentou. “Não é só supercondutores, (falta) insumos para indústria como um todo. Componentes eletrônicos é o grande vilão, mas ele compõe insumos para outros segmentos, como o de duas rodas”, contou.

Em nota, a Abracilo informou que a falta de chips e semicondutores não têm impactado diretamente o setor de duas rodas e que ainda não há previsão de parada da produção, mas pondera que o momento é de cautela devido ao fechamento de de portos na Ásia.

Yamaha paralisa

A produção de motocicletas e motores de popa da fábrica da Yamaha Motor do Brasil, em Manaus, será paralisada entre os dias 9 a 24 de setembro (clique aqui). A empresa alegou, na sexta-feira (3/9) problemas com o cenário logístico internacional pelos efeitos da variante Delta do coronavírus na Ásia. E informou, por meio de nota, que os trabalhadores que atuam nas linhas afetadas terão férias coletivas durante o período de paralisação.

Falta semicondutores

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Antônio Silva, reconheceu a escassez de insumos, mas salientou que as empresas trabalham com um estoque mínimo de segurança. Conforme o empresário, o problema da matéria-prima se dá "em âmbito global, não somente no país enfrentamos essa crise”.

“De toda forma, os efeitos da escassez de insumos já são sentidos pelas indústrias do Polo Industrial de Manaus. De semicondutores a ferro e aço. As curvas de oferta e demanda encontram-se em desalinhamento em decorrência da pandemia de Covid-19”, registra.

Antônio Silva disse que não há, contudo, nenhum movimento “momentâneo para suspensão de contratos ou demissões, mesmo porque a demanda do mercado continua em ritmo constante”.

A escassez de insumos é apontada como um dos fatores responsáveis para o recuo da indústria brasileira no segundo trimestre deste ano. A indústria de transformação foi o ramo com a principal retração, de 2,2%.

Em relação aos três meses iniciais de 2021, o setor como um todo teve baixa de 0,2%, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Comentário

Denise Kasama, economista:

"Na medida que os componentes se tornam escassos, a tendência é elevar o preço de custo destes componentes e consequentemente vai elevar o preço do produto acabado. Aliado a isso, a gente tem as oscilações do dólar que sempre prejudicam.

O custo logístico de Manaus sempre foi caro, não é barato chegar insumos da China em Manaus, assim como não é barato tirar um televisor LCD para vender em São Paulo.

Todas as vantagens comparativas que os incentivos fiscais proporcionam são minimizadas pelo impacto desse custo. Se não tivesse incentivo, não haveria condição de existir indústria aqui. O mercado está numa competição global para tentar recuperar as perdas da pandemia, então é natural, na medida que a pandemia vai minimizando por conta do avanço da vacinação, buscar o tempo perdido.

O governo federal tem uma grande responsabilidade porque é ele que gera o processo de confiança para atrair o investidores. Na medida que o investidor não tem segurança política no país, isso constitui um elemento de retração do investimento. Os investidores querem investir num país com uma política sustentável.

Os números de queda do polo de duas rodas assustam bastante, porque é uma indústria que emprega muita gente. A Moto Honda é a maior empresa do Distrito Industrial, então, qualquer coisa que prejudique a venda dos produtos dela, impacta substancialmente no mercado de emprego daqui do Amazonas, bem como afeta empregos em fornecedores".

Fonte: Acrítica

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