19/06/2020
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
A indústria do Amazonas perdeu 24,3% de
sua mão de obra, o
equivalente a 30 mil
postos de trabalho, entre 2012
e 2018. Em paralelo, salários
(+9,2%) foram na direção contrária e totalizaram R$ 4,10
bilhões, no
final do período. Ao mesmo tempo, a
receita líquida de vendas
cresceu 32,3%
e chegou a R$
100 bilhões,
em 2018. Os
dados estão
na PIA (Pesquisa Industrial Anual)
Empresa, divulgada pelo
IBGE, nesta
quinta (17).
A sondagem mostra também que a indústria amazonense ocupou menos mão de
obra do que a do Pará (97.506
pessoas), no mesmo período.
Por outro lado, as linhas de
produção de informática, eletroeletrônicos e óticos foram as
que mais empregaram (25.639
trabalhadores e 27,25% do total)
e faturaram (R$ 38,85 bilhões)
no PIM, enquanto o subsetor
de produtos alimentícios é o
que possui a maior quantidade
de unidades industriais (188 e
17,42%).
Em 2018, o Amazonas contava com 1.079 unidades fabris
locais com cinco ou mais pessoas ocupadas, em 2018 –o menor
número da série histórica fornecida pelo IBGE. Houve um
corte de 15% entre 2013 (1.269),
ano com o maior registro de
indústrias amazonenses, e 2018.
O período coincide com a crise
anterior à pandemia. Vale notar
que mesmo em relação a 2017
(1.108), quando a recessão já
havia acabado, também houve
queda no número de unidades
(-2,62%).
O contingente total da indústria amazonense foi de 94.074 trabalhadores em 2018. Na época, o setor pagava R$ 4,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, além de contabilizar R$ 2,7 bilhões em encargos sociais e trabalhistas, indenizações e benefícios.
A receita líquida de vendas
(R$ 100 bilhões) teve seu melhor
desempenho em sete anos, além
de crescer 16,7% sobre 2017. A
atividade gerou em torno de R$
40,55 bilhões
em valor de
transformação industrial,
montante decorrente do
valor bruto
da produção
industrial (R$
93,12 bilhões)
e os custos das
operações industriais (R$
52,5 bilhão).
Foi 35% maior
que em 2012
(R$ 29,96 bilhões) e 8,4% superior a 2017
(R$ 37,40 bilhões).
Segmentos em alta
A indústria de transformação respondeu pela maioria
esmagadora (98,7% e 1.065 unidades locais) da manufatura
amazonense em 2018 e também
ocupava a maior parte da mão
de obra (97,7% e 92.169 pessoas). As indústrias extrativas,
por sua vez, não passavam de
1,3% (14) e contavam com 1.905
trabalhadores. A indústria de
transformação participou com
97,2% da receita líquida de
vendas do setor, enquanto a
extrativa respondeu por 2,8% -
embora a proporção de custos
e despesas tenha sido maior
para esta.
O Amazonas tem 29 classes de atividades industriais. A
atividade extrativa que ocupa
a melhor posição no ranking é
a atividade de apoio à extração
mineral (21ª posição). As atividades com maior número de
unidades locais foram produtos alimentícios (188 e 17,4%),
borracha e material plástico (95
e 8,8%); produtos de metal (89
e 8,2%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos
e ópticos (85 e 7,8%).
O ranking das atividades
industriais com maior número
de pessoas ocupadas também é
liderado por equipamentos de
informática, produtos eletrônicos
e ópticos (25.639 e 27,2%), sendo
seguida por outros equipamentos
de transporte (13.286 e 14,1%), borracha e de material plástico (8.984
e 9,55%), máquinas, aparelhos e
materiais elétricos (6.533 pessoas
ocupadas, 6,94%).
Os subsetores com maior
total de receitas líquidas foram
equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos
(R$ 38,8 bilhões e 38,7%), outros
equipamentos de transporte
(R$ 12,3 bilhões e 12,2%), bebidas (R$ 8,0 bilhões e 7,9%) e
produtos de borracha e plástico
(R$ 4,3 bilhões e 4,2%).
No ranking do valor da
transformação industrial. Em
2018, as atividades com maior
geração de valor foram: fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos (R$ 10,3 bilhões, 25,4%),
fabricação de bebidas (R$ 6,9
bilhões, 17,0%); e outros equipamentos de transporte, exceto
veículos automotores (R$ 3,9
bilhões, 9,7%).
Mais com menos No texto distribuído à imprensa, o IBGE-AM enfatiza que o modelo industrial amazonense se caracteriza por poucas unidades industriais e, por isso, ocupou a 21ª posição do país em 2018. Em relação ao número de pessoas ocupadas, ficou em 14ª lugar. São Paulo lidera as duas comparações. Na região Norte, o Amazonas é superado por Pará e Rondônia nas unidades locais, e em pessoal é suplantado pelo Pará. O supervisor de disseminação de informações do IBGE -AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressalta ao Jornal do Commercio a importância do crescimento da atividade industrial na região, impulsionada pelas indústrias do Pará e do Amazonas. Para o pesquisador, embora pareça um contraponto, a redução da mão de obra da manufatura amazonense em paralelo como aumento da receita de vendas é fruto das mudanças do setor, no período.
“Mas, a indústria modernizou-se muito nos últimos anos.
Isso permitiu a ela produzir
mais com menor emprego de
pessoal. A pesquisa também
mostra a importância das atividades de bens de informática
e eletroeletrônicos, duas rodas
e borracha e plástico como as
maiores empregadoras do Polo
Industrial de Manaus”, ponderou.
Competitividade e
produtividade
Em sintonia, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos
Eletroeletrônicos), José Jorge do
Nascimento, lembra que, no período analisado pela pesquisa
do IBGE, o Brasil passou por
uma “grave crise econômica”,
forçando as empresas a se reinventarem, na busca da manutenção de sua competitividade
e de sua produtividade.
“Altos investimentos foram feitos, principalmente na automação. Houve uma reengenharia em seus processos e procedimentos e uma reestruturação do processo fabril. Em decorrência disso, o setor perdeu postos de trabalho, mas teve ganhos de produtividade. Tudo foi feito para o PIM se manter no mesmo nível de competitividade mundial. Sem isso, teríamos problemas ainda maiores em relação à viabilidade das indústrias do Polo Industria de Manaus”, arrematou.