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Enfrentamento dos problemas reais

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30/03/2020

Augusto Barreto Rocha*

É muito difícil o equilíbrio e o respeito a todos. Faltam hospitais e médicos: no AM são 1,17 médicos/1 mil habitantes, em SP 2,76, enquanto a média nacional são 2,15. Quando consideramos os médicos intensivistas, no AM são 1,28, em SP 4,21 e no Brasil 3,12, segundo dados do CFM, divulgados pelo jornal O Estado de São Paulo. Adiciono eu: o problema se agravará se for vericada a questão da baixa densidade demográca do Amazonas.

Este primeiro fato da realidade merece destaque: não há falta de médicos apenas para o Covid-19. Faz tempo que há falta de médicos, por isso que quem tem mais poder aquisitivo contrata planos de saúde. O Estado não provê médicos ou serviços de saúde para todos e não se enfrenta o problema de falta de recursos para ofertar este serviço.

Não há falta de vontade em parar os trabalhos para esperar a pandemia passar. O problema é quem vai pagar a conta dos salários sem os faturamentos. O dinheiro do trabalho não vem "dos emppresários", ele vem da venda. Se não há venda, não há dinheiro para o salário. A única oferta do cardápio do Estado - Agiota é emprestar o dinheiro para as empresas, com juros. Há ainda a de dividir a conta entre o trabalhador e a empresa. Quem quer se endividar para esperar a pandemia passar? Ou melhor: quem pode se endividar mais?

Ou seja, o problema não é parar. O problema é: quem paga a parada? Quem está tomando decisões está impondo perdas aos outros, pela sua incapacidade presente ou passada. Para-se a sociedade pela incapacidade do sistema de saúde (de sempre). Não se param as empresas pela incapacidade nanceira de perder o faturamento (de sempre). Ou se param empresas e elas, os trabalhadores e os empresários carão endividados ou quebrados (como sempre).

Empresas inclusivas, com pessoas mais idosas, agora são mal faladas. Empresas que não empregam pessoas com mais de 40 anos cam bem quistas, porque os trabalhadores com mais idade não estão trabalhando nela. Ora, simplesmente elas não têm estes trabalhadores ou são em pequena quantidade. A massa da nossa sociedade não tem a mínima chance de “home-office” , isso é tema de uma elite que fala inglês e usa computação móvel. Somos o país do bico e da informalidade.

Neste ambiente de muita ociosidade (para alguns), a indústria das ideias segue operando de uma forma destrambelhada, onde as análises são feitas pela metade. Analisa-se uma parte do problema e nunca todas as extensões das decisões. Pensar é cansativo e exige diálogo.

Claro que existirão as nobres exceções das minorias: empresários com dinheiro abundante beneméritos ou não, pessoas com saúde de ferro que não adoecem por nada ou as outras que adoecem por qualquer vento mais forte. Todavia, a maior parte das pessoas adoece algumas vezes. A maior parte dos empresários quebra nos primeiros dois anos de negócio ou não tem capacidade nanceira para alguns dias sem faturamento.

Ou enfrentamos os problemas reais ou teremos, após a guerra da indústria de ideias, desfechos associados a cadáveres: de pessoas e/ou de empresas. Que tenhamos a serenidade social de pensar de maneira ampla, com respeito a todos, para que não colhamos nenhum deles. Anal, a sociedade colherá algum fruto, que será compatível com o plantio realizado, conforme já previsto por um

*Augusto Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM.

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