25/02/2016

A crise econômica e a falta de perspectivas melhores a curto prazo no País levaram três empresas do Amazonas a aderir ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo menos 2,1 mil trabalhadores terão os salários e a jornada reduzidos para garantir o emprego.

Os extratos de adesão foram publicados nesta quarta-feira, no Diário Oficial da União (DOU). O programa reduz a carga de trabalho e o salário em até 30%, mas evita novas demissões pelo prazo mínimo de seis meses.

Somente a Yamaha Motor da Amazônia e a Yamaha Motor Componentes da Amazônia, reduziram em 10% o salário e a carga de trabalho de 1,6 mil empregados. “Todos os trabalhadores aderiram ao programa, desde o auxiliar de produção ao diretor”, disse o diretor da Yamaha Motor, Genoir Pierosan. Segundo o executivo, a situação e a falta de perspectivas melhores a curto prazo levaram a empresa a aderir ao PPE. “A avaliação será feita por um prazo de seis meses e, se as condições gerais econômicas melhorarem - e estamos bastante otimistas que isso aconteça no segundo semestre em diante -, veremos a forma de adequar a produção à situação do segundo semestre ou prorrogaremos o PPE”, explicou. Segundo Pierosan, a empresa aderiu ao programa em janeiro e deve seguir até julho.

Novas adesões

Sem citar nomes, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Athaydes Mariano Felix, afirmou que outras três empresas componentistas do setor já aderiram ao programa, mas ainda não houve a publicação no Diário Oficial da União (DOU). “Muitas empresas estão pensando em aderir não só ao PPE, mas também ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) com a concessão de alguns benefícios”, disse. Segundo Felix, a situação está “complicadíssima” para o setor de Duas Rodas do PIM. “Esse ano nós já perdemos. Vamos rezar para que o ano que vem ajude a gente”, disse o dirigente do sindicato que possui 70 empresas filiadas.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdemir Santana, a redução de salário “é muito ruim”, mas o setor de Duas Rodas já vem sofrendo quedas subsequentes desde 2009. “Reduzir salário é muito sacrificante para os trabalhadores, principalmente aqui onde não se produz alimentos e a cesta básica é a décima mais cara do País”, ressaltou Santana, ao acrescentar que o montador do Amazonas ganha 30% menos do que a mesma função em São Paulo. O salário médio deste profissional é de R$ 1,6 mil, enquanto que em São Paulo chega a R$ 2,2 mil.

Fucapi

A Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) também aderiu ao PPE desde janeiro e 486 funcionários tiveram os salários e a carga horária reduzidos em 20%. “A situação econômica e financeira está difícil e essa foi uma das oportunidades que vimos para continuar pagando o salário do pessoal e manter a instituição”, explicou a presidente da Fucapi, Isa Assef. Segundo ela, a adesão foi total, do porteiro à presidente.

No início desse ano, a Fucapi demitiu 50 funcionários e tenta negociar o pagamento dos direitos trabalhistas. “Somos uma fundação de capital humano e nossos funcionários são altamente qualificados, por isso possuem altos salários”, disse Assef.

Para a presidente do Sindicato de Processamento de Dados, Clicia Correia, a adesão foi uma boa alternativa. “É uma garantia de emprego para essas pessoas”, disse. O PPE é válido por seis meses e prorrogável por mais seis.

Adesão

A adesão ao PPE por parte das empresas em crise começou em julho do ano passado e segue até 31 de dezembro. O programa, que visa conter demissões com a redução temporária da jornada de trabalho e de salários em até 30%, só pode ser implantado após acordo entre empresários e trabalhadores, em empresas que estiverem em situação de dificuldade econômico-financeira.

O governo complementa parte do salário reduzido com 15% de verbas do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), a reposição varia de acordo com os salários, mas pode chegar até a R$ 900 ou 65% do valor da parcela máxima do seguro-desemprego.

Fonte: Portal D24am.com