24/02/2014
A pressão do setor privado sobre o governo é grande. Tanto que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mobilizou mais de uma centena de empresários para um jantar com Dilma ontem à noite, logo depois do encontro que ela teve com o primeiro-ministro da Bélgica, o socialista Elio Di Rupo. Os industriais não se fizeram de rogados e pediram a presidente que acelere o acordo com o bloco europeu. A CNI espera que Mercosul e UE formalizem o entendimento em até 60 dias.
Atraso
A União Europeia é o maior destino dos produtos brasileiros. Em janeiro, absorveu 18,7% das exportações nacionais, mas a balança comercial está no vermelho do lado de cá desde o ano passado. O deficit comercial do Brasil com os europeus, em 2013, foi de US$ 2,9 bilhões, o primeiro saldo negativo em 14 anos. A tendência é de que esse rombo aumente, principalmente porque os embarques de produtos básicos e de manufaturados caem na casa de dois dígitos. No ano passado, o tombo foi de 11,2% e de 16,2%, respectivamente. Em janeiro de 2014, a conta foi desfavorável ao Brasil em US$ 1 bilhão.
O enfraquecimento do intercâmbio comercial do Brasil com a UE é resultado da perda de competitividade da indústria brasileira. O país não consegue avançar em negociações de acordos de livre-comércio por estar preso ao Mercosul. Ao mesmo tempo, o resto do mundo amplia as alianças bilaterais. Assim, o país corre o risco de perder mais um bonde, na avaliação de analistas. Retomadas em 2010, as negociações entre o Mercosul e a UE estarão na pauta das conversas de hoje entre Dilma e o presidente do bloco europeu, José Manuel Durão Barroso.
Greve na Zona Franca de Manaus
A paralisação de servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) pode, a partir desta semana, afetar a operação das fábricas locais, devido à falta de matéria-prima. Os funcionários deflagraram a primeira greve local no último dia 19. O prejuízo estimado pelo presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, é de R$ 300 milhões ao dia. Os incentivos fiscais à região é um dos principais questionamentos feitos pelos europeus na negociação do acordo de livre-comércio da União Europeia com o Mercosul.
Fonte: Correio Braziliense