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Empresariado defende perfil técnico para Zona Franca de Manaus

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29/05/2017

Reportagem publicada pelo Portal Acrítica.com

A mudança no comando da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) surpreendeu todos os setores, tanto o comércio, como a indústria do Estado do Amazonas, que veem com preocupação a substituição caso assuma alguém sem qualificação técnica para o cargo de superintendente da autarquia que é o coração da economia amazonense.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, afirma que não era o momento para ter sido trocado o comando da autarquia. “Isso, de qualquer forma, recomeça, atrapalha, abala o momento de quem está precisando de agilidade e celeridade em todas as coisas que a Suframa executa”, disse.

A importância da Suframa para a economia da Região foi destacada pelo vice-presidente, já que o modelo da ZFM “deu certo”. “É o único modelo que deu certo nesse País. É um modelo superavitário em termos de arrecadação, de receita”, ressaltou Nelson Azevedo.

De acordo com Azevedo, a ex-superintendente da Suframa Rebecca Garcia desempenhou um bom papel à frente do órgão apesar das dificuldades, sem uma autonomia adequada. “Se interessava pelos assuntos, não só da área da indústria, como do comércio, de serviços, dos próprios municípios do interior (...) para tentar tocar nosso setor agropecuário”, relatou.

Sem preferências por nomes para ocupação do cargo, Azevedo enfatiza a necessidade do comando ser entregue a alguém que tenha conhecimento da área, com uma “conduta ilibada” e possua transparência. “A gente espera que isso não venha atrapalhar e acentuar muito mais a crise que nós estamos passando”, comentou.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), Roberto Tadros, se diz preocupado pela falta de continuidade da Suframa por prejudicar o Estado e que deveria ser um cargo ocupado por técnicos voltados para o desenvolvimento econômico. “Nós não sabemos quem vai assumir, qual o currículo dessa pessoa e qual é o grau de comprometimento dessa pessoa tem com a Amazônia”, contou.

A alteração da superintendência se deu como uma forma de “punição política” ao senador Eduardo Braga (PMDB-AM) pelo fato de ter votado contra a leitura do relatório da Reforma Trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A ex-superintendente, filiada ao Partido Progressista (PP), foi indicação do senador.

Superintendente defende o currículo

Em resposta ao deputado Serafim Corrêa, que comentou a troca de comando na Suframa, a nova Superintendência Adjunta de Projetos da autarquia, Paula Andréa Kanzler Soares publicou uma carta em que defende o próprio currículo e qualificação para o cargo. Paula Andréa é casada com o coronel Amadeu Soares, que concorreu ao cargo de vice-prefeito na chapa encabeçada por Silas Câmara (PRB) nas últimas eleições municipais.

Em uma postagem no Facebook na quinta-feira, Serafim afirma que, com a substituição de Rebecca Garcia da Suframa, ficaram claras duas coisas: “a primeira, os superintendentes adjuntos foram indicados pelo deputado Silas Câmara e não possuem nenhum conhecimento nas áreas em que irão atuar, o que será um desastre previsto e evidente”.

“Sou administradora formada pela Ufam, bacharel em Direito pelo Ciesa e advogada. Recentemente fui nomeada para Superintendência Adjunta de Projetos da Suframa e Vossa Excelência berrou aos quatro cantos, sem me conhecer e sem conhecer meu currículo que sou incapacitada para tal cargo”, escreveu Paula Andréa. Ela ressalta que entrou no serviço público em 1997 e ajudou a criar a Secretaria de Política Fundiária em 2003, e onde ocupa o cargo de Secretária Executiva Adjunta desde 2010.

Blog: Wilson Périco, Presidente do Centro das Indústrias (Cieam)

“O problema não é a troca (no comando da superintendência da Suframa). O problema é o momento e a forma. A substituição de superintendente é normal a toda mudança de governo porque é um cargo de confiança do presidente. Agora, a forma como aconteceu essa mudança, no momento em que aconteceu, onde o País está nessa turbulência toda, nessa insegurança toda. O Estado também passa por essa nova composição política local. Isso vem deixar um pouco mais de preocupação para todo mundo, porque existem vários assuntos que se trata dentro da esfera política e se conduz com a gestão que aí está. Nesse caso, muitos assuntos estavam sendo encaminhados através da superintendente, muito provavelmente esses assuntos voltam à estaca zero e começa-se uma nova negociação com o novo gestor ou nova gestora que deve assumir. Então, o impacto que tem é esse”, disse Wilson Périco.

Comentário: Roberto Tadros, Presidente da Fecomércio

O que eu lamento muito e não discuto, porque são injunções políticas, é que ficam organismos como a Suframa e outros ligados à área econômica e que não deveriam ficar aos humores da política e do Palácio do Planalto, que quebra a sequência. Essa quebra de sequência é muito danosa para a economia. Acho que o trato da economia tem que ser com mais cuidado, mais devagar.

Então, por causa disso, seria melhor que o governo pusesse no comando da Suframa técnicos para evitar esse tipo de coisa. Eu lamento a saída da Rebecca (Garcia). Ela estava levando a coisa com muita discrição, com muito equilíbrio, com muito bom senso. Aí há um desentendimento político e ela é afastada e nós não sabemos quem vai assumir. Me preocupa muito que não haja sequência na Suframa.

As pessoas são mudadas ao sabor das conveniências políticas, dos conflitos políticos. Prejudica a economia do Estado, sem dúvida. Ou o Governo entende que tem que colocar técnicos e não indicação política, mas técnicos voltados para o desenvolvimento econômico. Não temos o conhecimento de quem vai assumir, qual o currículo dessa pessoa.

Personagem: Ex-superintendente da Suframa, Rebecca Garcia

“Com o apoio não há porque parar”

Ocupando o cargo de superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) desde 26 de outubro de 2015, Rebecca Garcia foi exonerada na última quarta-feira (24) após publicação do Diário Oficial da União (DOU).

Para a ex-superintendente não haverá o risco de interrupção dos projetos que estavam em andamento na Suframa com a mudança do comando da autarquia. Ela disse que entregará, no máximo, na próxima terça-feira, a prestação de contas. “A prestação de contas é justamente para que não haja descontinuidade nos projetos. Com o apoio dos servidores não há porque parar”, disse Garcia.

Questionada sobre estar a par da exoneração, Garcia afirma que não foi totalmente uma surpresa. “Como o cargo é político, sabemos que pode ser trocado a qualquer momento. Por isso imagino que poderia acontecer. Mas oficialmente não fui comunicada pelo governo federal, só pelo Diário Oficial (DOU). A mudança é natural, mas penso que ouvir as entidades de classe seria fundamental para o desenvolvimento da região”, explicou.

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