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Embalo em duas rodas

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26/10/2020

Fonte: Istoé Dinheiro

As motos conduziram o ritmo pelas ruas e avenidas do Brasil durante a pandemia. Seja para a entrega de alimentos e refeições, seja para garantir o recebimento de documentos e até de remédios, os serviços delivery ganharam ainda mais espaço e importância em dias de distanciamento social. O cenário dominado pelos veículos de duas rodas reflete o comportamento apresentado pelo setor nos últimos sete meses. Após as montadoras no Polo Industrial de Manaus acusarem queda de 98,4% na produção (1,4 mil unidades) no auge da quarentena, em abril, o mercado registrou crescimento, que passou a ser gradual, até atingir, em setembro, o recorde no ano, com 105 mil motos fabricadas – alta de 13,1% frente ao mesmo período de 2019 (92,8 mil). Quando o assunto é venda, a Honda manteve o domínio absoluto, com quase 80% (78 mil) dos emplacamentos no mês passado, após atestar redução de 63% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, de 60,3 mil em março para 22,8 mil em abril. “Para a nossa surpresa, a demanda cresceu tanto que, hoje, não estamos conseguindo entregar no prazo que gostaríamos”, afirmou à DINHEIRO Alexandre Cury, executivo que comanda a Honda Motos no Brasil.

A montadora japonesa tem apostado na sua força e capacidade de produção (de 1,1 milhão de motos ao ano) para normalizar a situação. Ainda assim, o executivo garante que haverá retração em relação ao ano passado. De janeiro a setembro, saíram da fábrica 545 mil motos, redução de 21% na comparação com o mesmo período de 2019 (690 mil). “É mais ou menos esse percentual que teremos de defasagem até o final do ano. Pode rolar alguma recuperação, mas a retração deve ficar entre 15% e 20%”, disse Cury, ao citar a produção de 910 mil ao longo dos 12 meses de 2019. O que a Honda vive o segmento também enfrenta. Se as previsões antes da pandemia indicavam a produção de quase 2 milhões de unidades durante 2020, a nova estimativa da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) é que saiam das fábricas ao menos 937 mil motos, o que, se confirmado, representará retração de pouco mais de 15% na comparação com 2019 (1,1 milhão).

As projeções para as vendas no varejo também foram atualizadas e devem apresentar recuo de 16%, com 905 mil negócios, contra 1 milhão de 2019. A perspectiva inicial era de 1,14 milhão. Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, afirmou que a produção de motocicletas foi fortemente impactada no período mais crítico da pandemia. “No entanto, desde a retomada gradual das atividades e a busca das pessoas por esse meio de transporte para evitar a aglomeração e utilizá-lo como instrumento de trabalho e fonte de renda, as fábricas registram curva ascendente”, disse.

Na Honda, os emplacamentos atingiram recorde em setembro. A média diária da montadora foi de 4,6 mil unidades, melhor índice desde 2015. Das dez motos mais vendidas no mês passado, as sete primeiras pertencem à marca. A campeã entre os 26 modelos disponíveis no portfólio da montadora foi a CG 160, com 30,7 mil unidades. As motocicletas de menor cilindrada também têm apresentado bom desempenho nas vendas (Honda Biz e a Honda POP 110i são exemplos). “Como são voltadas ao lazer, isso deve ser consequência de as pessoas estarem em busca de liberdade durante a pandemia”, afirmou Cury.

Ele aponta uma conjunção de fatores ao tentar justificar o crescimento acentuado das vendas nos últimos meses. “O delivery tem papel determinante.” Mas o executivo cita também o trabalhador que precisou buscar uma fonte de renda rápida e adotou o veículo, pessoas que ficaram com receio de utilizar o transporte público ou que migraram do automóvel para as duas rodas por causa da conveniência, dos custos mais baixos de aquisição e de manutenção e da economia de tempo. “Tudo isso tem estimulado a busca por motocicletas”, disse. As vendas via segmento de consórcio também estão entre os motivos para o aumento nessa procura. Apesar da paralisação da produção por quase dois meses, entre o fim de março e o de maio, a contemplação do consórcio, que, segundo Cury responde por quase 40% das vendas, não parou. A situação gerou uma demanda de clientes contemplados que queriam a motocicleta mesmo em período de pandemia. O problema, porém, é que a produção não estava em operação.

INCERTEZA O executivo disse, no entanto, não saber até quando esse panorama de vendas irá se sustentar. O receio fica mais evidente ao tentar fazer uma projeção para 2021. Alguns indicadores geram dúvidas e deixam a Honda em alerta. Entre eles, estão o desemprego crescente, a frágil situação fiscal do País por causa do enfrentamento da pandemia, com despesas no sistemas de saúde e com auxílio emergencial, além do câmbio (o dólar iniciou o ano em torno de R$ 4,10, chegou a quase R$ 6 no auge quarentena e hoje está na casa dos R$ 5,60). “O conjunto da obra nos deixa atentos a um possível arrefecimento do ritmo de negócios.” A preocupação com o desempenho do segmento se estendeu à manutenção dos empregos e à saúde dos funcionários durante a pandemia. As operações de motos da Honda tem 7 mil funcionários em Manaus. A montadora aderiu à Medida Provisória 936, do governo federal, com redução de salário e suspensão de contratos de trabalho. A empresa também antecipou férias e pôs em prática o uso do banco de horas. Não houve demissão. Apesar do cenário imprevisto, Cury revelou que o investimento de R$ 500 milhões, anunciado no fim de 2019 para a fábrica em Manaus, está mantido. Sinal de que a expectativa é de que a Honda continue acelerando.

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