03/06/2015
De acordo com o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio), Aderson Frota, algumas empresas, principalmente do setor de material de construção, já começaram a manifestar preocupação, mas a fraca movimentação econômica e o baixo consumo ainda não afetaram os estoques.
"O movimento está tão fraco que ainda não deu para sentir o efeito da greve. Mas poderá haver desabastecimento da indústria e do comércio, caso essa greve dure por, pelo menos, mais um mês", diz o dirigente, ao detalhar que a situação é de baixa produção na indústria pelo pequeno volume de encomendas do comércio, que está com pouca demanda. Aderson Frota disse, ainda, que as entidades de classe devem se manifestar e "buscar recursos de ordem jurídica", caso a greve permaneça o suficiente para afetar a atividade, ao salientar que a causa dos servidores "é justa".
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas (FCDL), Ezra Azury Benzion, a greve ainda não está afetando muito porque o comércio está bem abastecido. "Logo quando começar a afetar, a FCDL vai entrar com mandado de segurança, como fez no ano passado", adiantou. "Como a greve estava anunciada há algum tempo as empresas correram para manter os estoques regulados", explicou.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Servidores da Suframa (Sindframa), Anderson Belchior, a greve ainda não chegou ao seu pico. "Não estamos com fábricas parando, porque elas ainda têm estoque. Como a economia está reduzida no País, as empresas estão comprando menos, mas esses estoques estão indo embora e essa reposição será dificultada com a greve", disse.
Atualmente, os servidores da Suframa cumprem a meta de 30% das mercadorias liberadas, com prioridade e despacho imediato de medicamentos, produtos hospitalares e odontológicos e produtos alimentícios perecíveis.
Atacadistas
Mesmo ainda não sentindo os efeitos da morosidade na liberação de mercadorias, alguns atacadistas estão preocupados. O diretor-executivo da rede Atack, José Miranda, disse que o cenário esperado é de muita mercadoria retida, com títulos vencidos e custos de armazenagem que podem acabar embutidos no preço final ao consumidor. "Fornecedor não tem culpa se tem greve e nós também não temos. Começamos agora a ter esse tipo de problema e tivemos uma nota (fiscal) presa, mas na semana passada tudo estava sendo liberado normalmente", disse Miranda.
O gerente comercial do grupo Atacadão, Edemar Menezes, também informou que ainda não há reflexo da greve, pois a liberação de 30% tem atendido a empresa, mas mostrou preocupação caso a mesma continue por muito tempo.
A direção do terminal portuário Chibatão informou que ainda não sentiu os efeitos, pois a greve começou recentemente. "A direção acredita que, caso demore a greve, os efeitos começarão a surgir no Chibatão, como acúmulo de contêineres nas dependências do porto. O Grupo Chibatão tem espaço suficiente para armazenamento dos contêineres, com 2 mil metros quadrados de área", informou por meio de nota.
Sindiframa aponta desvio sem dar nomes
O Sindicato dos Servidores da Suframa (Sindframa) denunciou que transportadoras de médio e grande porte estão utilizando uma manobra ilegal para ingressar mercadorias na Zona Franca de Manaus (ZFM). Sem dar nomes nem as medidas legais adotadas, a entidade divulgou que as mercadorias são entregues, sem dar entrada na documentação exigida e a vistoria física.
"Já mapeamos as transportadoras, mas nesse momento falar o nome delas seria arriscado demais. São cinco ou seis, ligadas a vários setores", completou. Segundo Belchior, o sindicato acionou Receita Federal, que solicitou documentos que comprovassem a prática, para formalizar denúncia na Policia Federal e uma representação no Ministério Público Federal. "Não detectamos formalmente, foi denúncia de alguns transportadores, e encontramos algumas discrepâncias. Se conseguirmos materializar será dever do servidor adotar as medidas legais. A orientação da Suframa é não compactuar com esse tipo de irregularidade", ressaltou.
Segundo Belchior, evitar a fiscalização documental e física da autarquia pode acarretar o pagamento do valor dos tributos, além de multa, que pode chegar a 100% do valor do imposto e o cancelamento do cadastro.
Fonte: Portal D24am.com