03/12/2014
O design voltado à sustentabilidade é uma tendência mundial, nascida na década de 1990, com o objetivo de desenvolver produtos, sistemas e serviços que reduzam o uso de recursos não-renováveis e o impacto ambiental. O tema será debatido no II Workshop Design for Environment: oportunidades e desafios para a indústria brasileira, a ser realizado em São Paulo nesta quarta-feira (3). No evento, especialistas apresentarão as melhores práticas nacionais e internacionais do desenvolvimento de produtos sustentáveis.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada com 55 indústrias de nove setores, 36% das empresas consultadas já trabalham em projetos de ecodesign. Além disso, 47% das empresas atuam levando em conta o conceito de ciclo de vida de produtos (desde seu desenvolvimento até o destino final).
“Esse é um resultado claro da inovação que muda não apenas os processos dentro das indústrias, mas também consegue melhorar o dia a dia dos consumidores. Dessa forma, as empresas incorporam o conceito de sustentabilidade no processo produtivo e no ambiente na qual está inserida”, afirma o gerente de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Mateus Simões.
Os refrigeradores domésticos que utilizam motores do tipo compressor de velocidade variável, lançados comercialmente no Brasil em 2011, conseguem reduzir em mais de 30% o consumo de energia. Em relação aos modelos anteriores, a diferença é que ele regula a velocidade para fornecer ao refrigerador somente a energia necessária. Para isso, possui componentes eletrônicos adicionais que permitem o monitoramento e o controle do seu funcionamento.
Outra mudança de padrão energético foi nos aparelhos de ar condicionado. A tecnologia inverter – no Brasil desde 2012 – conseguiu reduzir em 40% o consumo de energia. A inovação é semelhante ao do compressor de velocidade variável da geladeira, que reduz o consumo de energia quando detecta que a sala precisa de menos refrigeração ou aquecimento.
MENOS ÁGUA
Aliada de quem quer reduzir o tempo gasto com os afazeres domésticos, a lava louças é um dos aparelhos que ajuda a tornar a residência mais econômica. Estudo concluído no início deste ano pelo Centro Tecnológico de Controle da Qualidade Falcão Bauer, em parceria com a Whirlpool e com a Reckitt Benckiser, aponta que o consumo de água por uma lava louças é de quatro a seis vezes menor do que a quantidade gasta na lavação manual. “Isso pode significar uma redução de 10% a 17% no consumo de água de uma residência”, conta Milton Mondardo, especialista de Sustentabilidade na Whirlpool Latin America.
Foi atuando sob o conceito do Design for Environment que a indústria reduziu, nos últimos 10 anos, em 60% a quantidade de água utilizada pelas máquinas de lavar roupa. Fundamentalmente, as inovações caminharam no sentido de aumentar a eficiência, ou seja, lavar mais roupas com a mesma quantidade de água. O eletrodoméstico está entre os mais comuns do país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2012, 55,1% das residências brasileiras têm máquina de lavar roupa.
E O CONSUMIDOR COM ISSO ?
O uso de eletrodomésticos com esse padrão pela população ainda tem uma importante barreira a ser superada. Produtos com menos impactos ambientais, por terem mais tecnologia agregada, são geralmente os mais caros do mercado. “No Brasil, a decisão de compra ainda se dá, principalmente, pelo preço. Não é um hábito calcular, por exemplo, em quanto tempo a diferença de preço pode ser abatida na economia mensal das contas de energia”, ressalta Milton Mondardo, da Whirlpool.
Professor de comportamento do consumidor da Universidade de Brasília, Fabio Iglesias afirma que a adesão a produtos mais sustentáveis passa pela informação, mas não é suficiente para mudar o perfil de consumo. De acordo com ele, os estudos dessa área mostram que o argumento fundamental para que a população mude o tipo de produto é o valor formativo relacionado a ele. “Mais do que o benefício utilitário, ao adquirir um ou outro produto, as pessoas estão interessadas no benefício social que podem ter a partir daquela compra.”, explica o pesquisador.
Para Mateus Simões, existem dois caminhos para tornar os produtos mais atrativos ao consumidor. “O primeiro é desenvolver novas tecnologias que permitam um ganho de escala na produção, aproximando o valor dos produtos ambientalmente responsáveis aos dos convencionais”, diz. O outro é demonstrar os ganhos financeiros e ambientais para que os consumidores sejam motivados a adquirir o produto. “Um exemplo desta mudança de consciência já ocorreu na troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou de LED, cujo consumo de energia elétrica é muito inferior”, exemplifica.
Fonte: Portal da Indústria (CNI)