09/03/2020

Fonte: Acrítica

Jakeline Xavier

O dia 8 de março é uma data simbólica que reforça a luta da mulher pela igualdade de gênero. Nesta semana, queremos homenagear àquelas que lutaram bravamente para fazer valer seu talento e competência no mercado de trabalho.

Mônica Hauck, 40, sabe bem o que é estar em ambiente hostil, onde mulheres nem sempre são bem-vindas. Ela é co-fundadora da Sólides software de RH para gestão de pessoas e mapeamento comportamental - e conta que por muito tempo o sucesso da empresa foi associado apenas ao seu sócio, um homem.

A empreendedora desenvolveu a ferramenta Profiler e, como referência em gestão comportamental, atualmente ministra palestras e cursos por todo Brasil.
Também é vencedora do Prêmio Mulheres Notáveis, na categoria Tecnologia.
Desenvolvida em 2015, a Sólides conta hoje com 2 mil clientes.

Mônica atua há 18 anos no ramo da tecnologia. Apesar das dificuldades que precisou enfrentar, ela é grata pelos ensinamentos que absorveu em sua trajetória. "Não é fácil, nunca foi. Se for para escolher eu não mudaria esta realidade. Liderar como mulher uma empresa de tecnologia me traz muitas vantagens, justamente por ter sido forjada neste ambiente", conta.

A empresária relata que por estar no ambiente predominantemente masculino, precisou se esforçar muito mais, o que hoje lhe permite ter a capacidade perceber seu cenário de atuação com mais frieza. Ela explica que, atualmente, a questão de gênero nas empresas é algo que muitas vezes é velado.

"Nenhum investidor vai dizer que não te contratou por ser mulher", conta. Isso se deve ao fato de que as questões de gênero estão bem mais avançadas.

INDÚSTRIA

Outro ambiente muito dominado por homens é a indústria. Entre corredores de fábricas do Polo Industrial de Manaus, é possível observar muitas mulheres notáveis que conseguiram se destacar. Uma delas é Régia Moreira, 55, única mulher a ser membro efetivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam). Ela também é diretora da Impressora Amazonense Ltda (Impram). Formada em economia, ela trabalha no ramo há 35 anos.
"Comecei minha trajetória numa indústria de colchões, mas já passei pelo mercado financeiro e fui também Superintendente de Bolsa de Mercadorias.

Tenho verdadeira paixão por trabalhar em indústria e principalmente trabalhar com pessoas", conta. Até chegar à diretoria da Impram, empresa do grupo Nova Página, com sede em São Paulo e unidade em Minas Gerais, Régia enfrentou muitos obstáculos.
"A trajetória foi grande e quebrar paradigmas sempre foi meu lema", relembra.
O convite para fazer parte do Cieam veio há um ano.

Régia também é diretora da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), onde exerce ainda o cargo de subcoordenadora de Meio Ambiente e Responsabilidade Social. "Nunca tive problemas em trabalhar em ambientes onde a predominância é masculina. Tenho um respeito enorme por to dos os membros do Cieam e este sentimento é recíproco. Sinto isso por parte de quase todos os membros. Obviamente que mais mulheres deveriam estar presentes. Um importante passo seria aumentar este percentual", afirma.

Em Manaus, o Grupo Simões criou, no ano passado, o Comitê de Diversidade. Uma das mais recentes ações do Comitê de Diversidade foi uma "Roda de Conversa" com mulheres que ocupam posições de liderança no Grupo Simões para troca de experiências. O comitê se reúne mensalmente para troca de experiências e discussões de ações que originarão o desenvolvimento de práticas para auxiliar a adoção de ações inclusivas, levando em conta as características dos colaboradores atuais e futuros.

Tânia Corrêa é a diretora de Desenvolvimento Humano e Organizacional do Grupo Simões.
Nascida no Rio de Janeiro, ela se mudou para Manaus em busca de oportunidade de carreira no Distrito Industrial de Manaus. Ela conta que, à época - aproximadamente 20 anos atrás -, não se falava em diversidade nas empresas. Ela conta que quando foi promovida à um
cargo de gerência pela primeira vez, uma pessoa era resistente à sua ascensão, justamente por ela ser mulher. "Se eu não trabalhasse numa empresa que valoriza a competência, possivelmente eu não teria a minha primeira oportunidade. Existia um `se', e esse `se' era só o fato de eu ser mulher", relata.

FRASES

"Nosso diferencial é a sensibilidade, como vivemos ainda num mundo comandado por homens, as mulheres trabalham em razão da superação"

JADNA BARROS

Tenente-coronel da Polícia Militar

"Liderar como mulher uma empresa de tecnologia me traz muitas vantagens"

MÔNICA HAUCK

Co-fundadora da Sólides

"Nunca tive problemas emtrabalhar em ambientes ondea predominância é masculina"

RÉGIA MOREIRA

Diretora de indústria - Cieam e Fieam

Disciplina e sensibilidade na polícia

Se tem uma mulher que sabe bem o que é se destacar em um ambiente absolutamente dominado por homens essa mulher é a tenente-coronel Jadna Barros. Há 25 anos, em 1995, ela iniciou sua trajetória no quadro de oficiais da Polícia Militar do Amazonas.

Ela conta que não foi fácil chegar aonde está. "Foi uma mistura de sentimentos ­ sofrimento, superação e perseverança. No ambiente militar, antes estritamente masculino, a hostilidade era grande. E quem não sabe o que quer realmente, não persevera e desiste", afirma.
Jadna foi a primeira oficial militar a gerenciar no Brasil e no Amazonas um Colégio da Polícia Militar.

Atualmente, são mais de 5.650 alunos sob sua autoridade. Ela dirige o Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas V (CMPM 5). "Nosso diferencial é a sensibilidade, como vivemos ainda num mundo comandado por homens, as mulheres trabalham em razão da superação.
A superação a princípio de seus próprios limites, em busca de mostramos que somos tão competentes quanto qualquer homem", diz. Casada e mãe de dois adolescentes, a tenente conta que é difícil conciliar o papel de mãe, esposa e policial. "Conseguimos êxito e com as bênçãosdeDeuschegueiaté onde estou", conclui.