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Economistas da Amazônia Legal analisam os impactos da Indústria 4.0

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31/05/2019

Reportagem publicada pelo Jornal do Commercio

Antonio Parente

Entidades de economistas da Amazônia Legal discutem os impactos da Indústria 4.0 na economia da região. Temas como o papel das instituições de ensino e pesquisa; expansão das atividades do Polo Industrial de Manaus; e a exploração sustentada da biodiversidade do Amazonas foram abordados durante o seminário. O seminário acontece desde a última quarta-feira (29) e se encerrará hoje, dia 31, no auditório Senador João Bosco, na Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas). Em sua 11º edição, o evento foi idealizado pelo Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas) e reuniu economistas no âmbito regional e nacional.

Para o presidente do Corecon-AM, Francisco de Assis Mourão, o encontro é uma oportunidade de reunir todas os representantes da classe econômica e autoridades governamentais, para refletir e compartilhar junto com a sociedade, os reflexos que a Revolução 4.0 pode trazer para a economia da região.

“A idéia é nos preparar e dar o alerta a sociedade sobre os reflexos dessa indústria.O Corecon-AM também tem a função de contribuir com a sociedade. O objetivo é refletir sobre a questão econômica na indústria 4.0. Temos que pensar nesse modelo que já é realidade na Europa e principalmente na Alemanha, onde empresas que funcionavam com 200 colaboradores hoje fazem o dobre da produção com 60”, disse.

Além de criar uma oportunidade de debate público, Mourão enfatizou que , dentro da atual conjuntura econômica do país, o momento é uma grande oportunidade de estimular e criar novas alternativas para que o Estado do Amazonas acompanhe o desenvolvimento desse modelo em expansão, além de explorar de forma eficaz a mão de obra local e as potencialidades da região.

“Temos que analisar e nos preparar para esses reflexos e não evitá-lo. Não podemos evitar a questão do avanço tecnológico e sim acompanhá-los. Temos que qualificar a mão de obra. Se visualizarmos a longo prazo a tendência desse modelo 4.0 e os seguimento que estão crescendo mais, podemos estender um planejamento para a qualificação desta mão de obra. Se não fizermos a qualificação desta mão de obra aqui, vão vir pessoas de outros estados. A partir do momento que o setor privado perceber que essa mão de obra se encontra aqui no nosso estado poderemos amenizar determinado reflexos negativos da indústria 4.0”, explicou.

Na análise do economista Osires Silva, a Revolução 4.0 é resultado do amadurecimento da evolução de um processo tecnológico longo, que envolve desde o ensino básico ao ensino superior com a formação de engenheiros nas diversidades especialidade, e uma ambiente de negócios que induzem o aproveitamento de tecnologias de ponta. "É um passo novo e um momento de evolução tecnológica de altíssima relevância que precisa ter um investimento muito grande em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Existe o setor industrial moderno e pós moderno dentro de uma filosofia tecnológica altamente especializada. O Amazonas não tem levado em consideração esses fatores. Se não fosse assim, o governador do Amazonas baixava um decreto mudando o modelo para 4.0. Estamos muito aquém ainda desse novo modelo”, disse.

Qualificação de mão de obra

Mourão ressaltou, que as ações do poder público no âmbito municipal, estadual e federal, precisam ser melhoradas para que sejam mais efetivas dentro do conceito da indústria 4.0. Ele explica que o Governo do Estado precisa ter a visão a longo prazo para atender a dinâmica do mercado e oferecer segurança para o empresário investir. Além disso, a importância de criar mecanismo de ensino tecnológico dentro das escolas, surgem como boas alternativa de preparo de futuras mão de obras qualificada.

“A partir do momento que o empresário ver que ele vai ter a redução de custo e aumento de qualidade ele começa a fazer os investimentos necessários nesse maquinário. O próprio mercado também vai ver a necessidade de qualificar a mão de obra que está dentro dessas fábricas ou nas prestadoras de serviço. Mas, não podemos depender apenas do setor privado. É necessário que o Estado também faça a sua parte”, disse.

“Isso requer trabalhar a questão de fortalecer os ações do empreendedorismo preparando as pessoas para o mercado, dentro do contexto de respeito às questões da natureza. Devemos viabilizar incubadoras de empresas e valorizar as cadeias produtivas mais bem estruturadas e bem adequadas. Nesse sentido o Estado ajuda a criar possibilidade de capacitação empresarial, gerenciamento tecnológico e auxiliar nos créditos, orientações e investimento de infraestrutura. Não adianta investir e não dar condições.

Universidades e Indústria 4.0

No primeiro painel do seminário, foi abordado o papel das instituições de ensino e pesquisa frente aos desafios e oportunidades da revolução 4.0. Segundo o reitor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Dr Sylvio Mario Puga, a universidade está em fase de negociação final com a Universidade do Porto de Portugal, para disponibilizar curso de mestrado e doutorado em indústria 4.0. A finalidade é qualificar pessoas para suprirem as necessidades do novo modelo dentro do PIM (Polo Industrial de Manaus.

“Entendemos que esse processo precisa ter profissionais qualificados e habilitados para enfrentar os desafios desse novo modelo. E o papel da universidade é formar e qualificar pessoas. Nesse sentido, nós faremos a cooperação necessária para qualificar as pessoas no estado do Amazonas. Temos o PIM que por si só nos qualifica a ter um papel de protagonista nesse processo. Essa é uma grande oportunidade. Porque nós temos o modelo industrial que vai sofrer alterações profundas com essas novas tecnologias, então nada mais objetivo do que as universidades e as indústrias trabalharem em uma aliança ativa, para que essa tecnologia tenha condições de prosperar aqui”, explicou.

Além de buscar parcerias com universidades estrangeiras para criar mecanismos de qualificação avançada dentro da universidade, Sylvio destacou a importância de incentivar dentro do ensino superior, a mentalidade empreendedora dos alunos dentro na área tecnológica, com objetivo de construir modelos de negócios que possam suprir a necessidade de profissionais capacitados na área industrial 4.0.

“O curso de engenharia de produção que pela sua característica tem uma interface muito grande com a indústria 4.0. Nós temos por meio da Pró Reitoria de Inovação Tecnológica buscado desenvolver a prática e cultura empreendedora na universidade. Quanto mais tivermos startups e empresas júnior na universidade, melhor. Porque isso cria oportunidades para que os alunos dos diversos cursos tenham a visão empreendedora”, explicou.

Dentro desse contexto, além da parceria com a Universidade do Porto, a UFAM tem como projetos a criação do Parque Tecnológico; Programa de Capacitação Smart Manufacturing - Chão de Fábrica; Programa Sustentabilidade 4.0; Programa Tele-Medicina via Plataforma 4.0 e Programa Internet para Todos.

O economista Jefferson Praia ressaltou a importância do Estado ser um personagem fundamental para coordenar, motivar e ser um agente que ligue os trabalhos com as universidades e empresas para explorar as potencialidades das biodiversidade do estado.

“É preciso saber que o Estado tem que ser o grande motivador desse sistema. Ele não pode esperar que apenas as empresas e as instituições de ensino superior façam a sua parte. O Estado tem que ser um catalisador que coordena e ajuda a executar o trabalho. Desde as instituições de ensino e pesquisa, educação, organização não governamentais e empresas que trabalhem as vocações regionais. Essa parceria que a UFAM está viabilizado foi um passo muito importante. Temos que aceitar todo mundo que queira cooperar com o desenvolvimento do Estado, sempre precavendo o ganho para as pessoas daqui”, frisou.

Bioeconomia como alternativa

Na análise do economista, o Amazonas ainda tem muitos pontos que precisam ser trabalhados para se adequar ao modelo 4.0. Além do atual cenário, ele defendeu a criação de investir na bio economia como forma de desenvolvimento econômico sustentável alternativo ao modelo Zona Franca..

"O PIM é nossa galinha dos ovos de ouro, mas precisamos avançar para que tenhamos mais galinhas de ovos de ouro. A bio economia está relacionada a invenção, ao desenvolvimento e uso de produtos biológico nas mais diversas áreas, por exemplo nas áreas de saúde, agrícola, pecuária e biotecnologia que também envolve diversos segmentos industriais. Portanto é aproveitarmos de forma correta e sustentável a nossa biodiversidade”, disse.

O economista explicou, que o segmento de bioeconomia no Amazonas está com um marco regulatório muito engessado, e destacou que existe um investimento baixo em pesquisa, desenvolvimento e inovação. “O Estado precisa priorizar essa área, caso contrário estaremos patinando no desenvolvimento econômico. Temos uma baixa interação entre as instituições de ensino e pesquisas; empresas privadas e governo, que precisam ser melhoradas”, disse.

Investimento em educação

Dentro do aspecto do ensino fundamental e médio, Jefferson Praia ressaltou a importância de melhorar o padrão da educação nas escolas, intensificando conteúdo sobre Amazônia, ciência, empreendedorismo, tecnologias digitais e outros. E dentro do ensino superior, intensificar a pesquisa, desenvolvimento e inovação. Além de estimular a formação de incubadoras regionais e apoiar a formação se startups.

“Temos que intensificar o conhecimento de nossa região. Temos que ser os primeiros a conhecer os aspectos de nossa região. Isso é fundamental. Devemos investir em ciência, empreendedorismo e tecnologias digitais no ensino fundamental e médio. Dar condições para que os alunos tenham conhecimentos das ações de empreendedorismo. Estimular o conhecimento e uso de tecnologias digitais e estimular as incubadoras dentro das universidades formando Startup regionais com os alunos. As universidades devem continuar priorizando as pesquisas básicas, mas é necessário investir mais na pesquisa aplicada para que possa gerar um recurso que gere investimento, trabalho, emprego e renda, valorizando as cadeias produtivas locais”, explicou.

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