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Economia: Brasil está a um passo da estagflação

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06/12/2021

Giovanna Marinho

"Estamos caminhando para uma estagflação". Essas foram as palavras que abriram a fala do economista Inaldo Seixas ao avaliar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestres de 2021. A economia brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou um recuo de 0,1%em relação ao três meses anteriores neste ano. A queda deve refletir no Polo Industrial deManaus (PIM).

O e conomista avalia que o Brasil está entrando "nos piores dos mundos em economia" quando há um descontrole inflacionário e um baixo crescimento econômico e já considera um quadro de recessão técnica, que é configurado quando há dois trimestres seguidos de crescimento negativo. As expectativas, segundo ele, vão de encontro à esperada retomada econômica do período após a flexibilização das medidas contra apandemiadaCovid-19 e conseguem superar as estimativas mais pessimistas projetadas.

EXPECTATIVA

No início do ano passado, as expectativas do mercado era um crescimento de 2,5% para a economia em 2022. No entanto, mesmo a estimativamaispositiva apontada pelo boletim Focus anuncia que no ano que vem o Brasil deve crescer 0,6%, índice bem inferior do que foi estimado. No entanto, segundo Inaldo, existe também outros analistas e centros de pesquisas que já apontam crescimento zero e alguns deles negativonoanovindouro.

"Isso quer dizer que a economia está numa direção e quivocada. As políticas econômicas adotadas pelo governo atual não são suficientes para aproveitar a retomada de crescimento que a gente vinha alcançando nos dois primeiros trimestres do ano. Há certos tipos de políticas que deveriam ser tomadas e não foram tomadas e nós tamos pagando o preço", reforçou Inaldo. Em 2021, apesar do freio do crescimento nos dois últimos trimestres, no acumulado do ano até setembro, o PIB avançou 5,7% ante o ano anterior o que deve manter o crescimento total positivo. Na visão do economista, ainda deve ser pouco para um país que deveria crescer bastante para recuperar as perdas da pandemia. Segundo ele, nem o cenário macroeconômico, nem a situação econômica interna favorecem o país, pois o dólar alto pressiona o poder de compra já corroído com o alto desemprego e os empregos formais de baixa qualidade.

"Acreditamos que existe uma série de ausências de política econômica por parte do governo federal de que não indicam con AFP Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia disse que fatores climáticos levaram à queda de 0,1% do PIB no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o período de abril a junho 10,15% de inflação. Essa é a projeção para este ano do IPCA feita pelo mercado, a 34ª elevação seguida.

Fim da safra da soja teve impacto

A economia no Brasil terceiro trimestre se viu afetada pelo fraco desempenho do setor agropecuário devido ao fim da safra de soja, que se concentra noprimeiro semestre;easquedas nos cultivos de café (-22,4%),algodão(-17,5%) e milho (-16,0%), entre outros, em relação ao mesmo período de 2020. "A queda é atribuível à seca, àcrisehídrica,porqueteveperdas de safra e a produção de grãos caiu bastante", disse Alex Agostini, da consultoria AustinRating.

Para Fábio Astrauskas, economista e sócio-diretor da Siegen, o dado do terceiro trimestre "veio sem surpresas e reforça a tendência de desaceleração da economia desde meados de junho".

"Os fatores que freiam a retomada do crescimento permanecem no cenário, como alta inflação e subida de juros, aliados ao alto nível de desemprego", indicou.

Em outubro, a inflação acumulou 10,67% nos últimos 12 meses, e 8,24% desde janeiro de2021. Já o desemprego continuou alto, em 12,6% no período entre julho e setembro.

Além disso, o resultado econômico do terceiro trimestre sofreu o impacto do aumento dodólaredaincertezafiscalrelacionada com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) impulsionada pelo governo, que prevê um aumento dos gastos públicos e deverá ser votada nesta quinta-feira (2) no Senado.

O cenário internacional, segundo Astrauskas, "continuou sendo negativo com um desequilíbrio na cadeia de suprimentos e o impacto negativo do petróleo e de outras commodities".

Frase

“É claro que as decisões aqui no Amazonas vão ser de contenção, porque você não vai seguir produzindo para ficar em estoque”.

Inaldo Seixas - Economista

“O PIM precisa estar atento a toda esta conjuntura macroeconômica mundial e nacional para encontrar meios de manter a sustentabilidade da recuperação”

Farid Mendonça - Economista

tecnológica e pesquisa e desenvolvimento (P&D), e diversificação também fora do tradicional modelo econômico, principalmentepormeioda atraçãode investimentos para a bioeconomia, a proteína animal (como a piscicultura) e no turismo, respeitando sempre o meio ambiente. A economia enfatiza que o próximo ano traz muitos riscos. E as eleições gerais contribuem para a incerteza. “De forma geral, investidores já estão numa fase de espera ou de congelamento de tomada de decisões importantes sobre investir ou não no Brasil. A partir do resultado de outubro de 2022 teremos uma noção melhor do que irá acontecer com a economia do país e, consequentemente, com a do Estado do Amazonas”, afirmou. ‘‘ Inaldo Seixas - Economista

“Quase 90% da produção industrial no Amazonas está dentro do Polo Industrial de Manaus e o PIM atende a demanda brasileira, principalmente, porque só exporta 10% mais ou menos de 90% do que é produzido na Zona Franca vai para o mercado interno. Portanto, se o mercado interno está estimulante, se a economia aponta um crescimento, geração de emprego, geração de renda no país, que faça a população ter capacidade de consumo para consumir televisores, motos, ar-condicionado, produtos que são produzidos no âmbito da ZFM, isso vai gerar um crescimento significativo.

Nós vimos lá atrás, no começo do ano, um aumento do emprego e um aumento da produção do Brasil, por do aumento da produção, porque ela é sempre assim, ela cresce significativamente, mas também quando ela cai, muito de acordo com a média brasileira. É o que tá acontecendo agora, o polo industrial teve uma expansão lá pelo meio do ano para atender o mercado brasileiro, mas como o mercado começa a perder peso, começa a perder uma esperança de crescimento.

É claro que as decisões aqui no Amazonas vão ser de contenção, porque você não vai seguir produzindo para ficar em estoque, então acreditamos que também essas expectativas de uma menor crescimento na economia brasileira vai passar um sinal para a produção do PIM que tem que dar uma freada, porque não vai ter demanda, então também nós podemos ver o Amazonas nos próximos meses com decrescimento da produção industrial e, por conseguinte, claro, da economia amazonense que gira boa parte do polo industrial”.

Blog

fiabilidade e confiança no mercado. Nós temos o presidente que não se compromete como teto de gasto que foi elaborado para controlar as finanças públicas. Temos aí uma questão também da falta de confiança no foverno para levar a cabo as políticas econômicas necessárias que o país precisa com reformas estruturais", completa.

CRESCIMENTO

Emrelação ao mesmo período de 2020, quando as medidas contra o coronavírus eram menos flexíveis e aindanão havia estimativa para que o país pudesse vacinar a população, houve crescimento de 4%. O IBGE revisou ainda o resultado do 2° trimestre de 2021 e aumentou em 3 casas percentuais a queda do PIB, passando de -0,1%para -0,4%. Já no primeiro trimestre a revisão foi no caminho contrário subindo de 1,2% para 1,3%.

RESILENTE

A economista Farid Mendonça avalia que a economia doAmazonas, sustentada no modelo da Zona Franca de Manaus, mostra-se resiliente, não só se recuperando da pandemia em termos de faturamento como também de mão de obra direta empregada, mas também apontando crescimento.

“A ZFM registra em alguns setores números superiores ao cenáriopré-pandemia”. Contudo, há muitas preocupações, como os problemas das cadeias globais de produção, escassez de insumos (o Amazonas é muito dependente daÁsia), aumentosdecustosecâmbioelevado, além da desaceleração da recuperação econômica do Brasil.

“Afinal, como se sabe, quem compra do Amazonas são os outros estados da federação, principalmente o coração da economia do país, o Estado de São Paulo. O Amazonas pouco exporta e muito importa, conforme a lógica do seu modelo econômico”, disse.

Farid ressalta que o Polo industrial de Manaus (PIM), por meio da Suframa, precisa estar atento a toda esta conjuntura macroeconômica mundial e nacional, para encontrar meios de manter a sustentabilidadeda recuperação e de crescimento do modelo, alémda extremanecessidade de diversificação da produção aliada à transformação.

Fonte: Acrítica

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