12/09/2018
Alfredo Lopes
Todos os anos em que entramos na temporada eleitoral, as
entidades do setor produtivo se apressam em listar algumas
das bandeiras que poderiam tornar competitiva a economia do
Amazonas com ampliação de benefícios em todas as direções.
A palavra mágica é competitividade, em todas as campanhas
sublinhada, repetida e fonte de desencanto há mais de 50
anos.
As expectativas submetidas aos candidatos a governador nas
três esferas e respectivos colegiados parlamentares
permitiriam, se atendidas, desenhar um cenário de
prosperidade em todas as direções em todos os segmentos.
Não há registro de bandeiras reivindicando privilégios.
Há apenas disposição de trabalhar com mais exibilidade
dentro dos expedientes legais normativos, segurança jurídica
e desburocratização. O resto é detalhe.
Essas bandeiras sugerem, por exemplo, que um percentual
discreto, de 3% a 5% da riqueza gerada seja aplicado em
infraestrutura de transporte, de comunicação e de energia, a
premissa sagrada da competitividade. Se atendido este pleito, teríamos registrado resultados mais robustos de
produtividade e lucratividade. Uma indústria competitiva gera
mais riqueza, oportunidades, postos de trabalho e aos olhos
do governo melhor arrecadação para exercer seu papel. De
quebra estariam colocadas condições atraentes para novos
investimentos, ampliando a oferta dos atuais três milhões de
porte de trabalho em toda cadeia produtiva da ZFM pela País
a fora.
O Amazonas é campeão na geração de emprego nos mais
longínquos rincões do território nacional. Entretanto com
estradas esburacadas a começar pelas vias do distrito
industrial de Manaus, taxas portuárias
extorsivas, comunicação de dados e voz precária e cara, e
distribuição caótica de energia, em vez de avançar, temos
caminhado para trás.
A riqueza gerada no Amazonas tem sido confiscada
pela União
em quase 60% segundo estudos da USP, justamente num
estado em que a contrapartida fiscal
se destina a reduzir
desigualdades regionais. Com apenas 8% da renúncia fiscal
do
Brasil, autorizados pela CF ficamos
de mãos atadas com o
confisco
praticado historicamente pela União. Eis nosso maior
paradoxo e a bandeira mais urgente de mobilização da classe
política em defesa do Amazonas. Existe alguma mais
importante do que esta? Seria possível baixar as armas
ridículas do conflito
interno que tem separado grupos e
agremiações políticas ávidas pelo poder para somar esforços e
prestígios políticos junto ao poder central.
Dizendo de outro jeito, com certeza o respeito à Lei, é nossa
maior expectativa é aquilo que mais deve ser cobrado da
classe política. O resto é decorrência. Com ambiente de
trabalho seguro, as empresas vão render mais dentro de um
parâmetro produtivo, mais respeitado pelo olhar estrangeiro,
onde economia e ecologia dançam no baile da
sustentabilidade competitiva.
Cumprindo a Lei e trabalhando com exibilidade poderemos desembarcar em novos formatos de bioeconomia na consolidação do Polo mineral, florestal e de serviços ambientais, expandido o Polo de informação e comunicação. Na hora do voto quem entendeu os benefícios que aí estão incluídos, avaliando a simplicidade e os avanços dessa equação, vai contribuir para que inauguremos uma nova era que seja socialmente equilibrada, ambientalmente inteligente, economicamente lucrativa e politicamente acertada, em atendimento às lições do saudoso Professor Samuel Benchimol.