CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Dos números às letras

  1. Principal
  2. Notícias

21/11/2019

Fonte: Acrítica

Luana Gomes

Reconhecido pela sua atuação no Polo Industrial de Manaus (PIM), o economista Osíris Silva resolveu desbravar o mundo literário há quase uma década. O gosto pela escrita foi além dos números, estreando com um romance de fundo histórico.

Após produzir, em seguida, obras específicas sobre o planejamento e desenvolvimento da Amazônia, contribuindo com a economia da região, ele lança hoje (21) seu segundo gênero narrativo em prosa, com base em suas memórias. Intitulada "Meninos do Manaquiri", a obra traz uma narrativa memorialística sobre o grupo de jovens com o qual convivia entre os 13 e 14 anos, que viveu aventuras inusitadas no interior do Estado. O evento de lançamento acontece a partir das 19h, no recém-inaugurado Centro Cultural Óscar Ramos, instalado nas casas mais antigas da capital amazonense, de números 69 e 77, da rua Bernardo Ramos, Centro.

Com uma boa dose de humor, ironia, saudades e amor, o livro retrata a época em que os jovens adolescentes começaram a se descobrir fora do controle materno. O autor diz que buscou formar uma narrativa desprovida de sofisticação literária, baseada essencialmente nas crenças artísticas e profissão de fé sobre as quais o romancista e dramaturgo Somerset Maugham estruturava suas obras, incluindo simplicidade de estilo, economia de recursos expressivos e razoável carga dramática. "Minha crença é a de que consegui me aproximar razoavelmente de um estilo narrativo despretensioso, porém real, vivo e honesto na construção dos protagonistas da história. Tarefa não muito difícil, posto que, como livro de memórias, são, os jovens atores, integralmente escudados em personagens reais, embora, evidentemente, romanceado sem economia de linguagem, lugares e situações", pondera.

O livro aborda travessuras vivenciadas pelo grupo de jovens, desde a viagem ao Manaquiri às pescarias noturnas com zagaia e poronga e de caniço e canoas lentas e às idas e vindas à vila do Andiroba, nos domingos ou nas noites de quermesses dos arraiais. O romance também mostra detalhes de muitos lugares visitados pelos amigos, como a casa da "tia Lili" e o Estaleiro. "A maioria de nós jamais voltou a repetir as aventuras ali vividas. Restaram lembranças e saudades de um tempo em que estávamos vivos, plenos de vigor e capacidade de descobrir um mundo novo. O Manaquiri nos auxiliou bastante a compreender situações com as quais não tínhamos familiaridade, que nos ajudaram enormemente a construir vidas e personalidades desprovidas de hipocrisia e falsidade de caráter", especifica.

O consultor de empresas afirma que, há pelo menos cinco anos, `martelava' a ideia de produzir o novo livro. "Eu sempre alimentei a esperança de desenvolvê-lo, mas não encontrava tempo. Até que, após conversar com família e amigos sobre aquela época, reconstituir os pontos e ressuscitar memórias, formei o mosaico daquele período
marcante", pontua.

Segundo Osíris, este segundo romance faz um complemento ao enredo de "Gymnasianos", lançado em 2011, que abordava a transição da adolescência para a juventude, no final dos anos 1950, do grupo de jovens alunos do Colégio Estadual do Amazonas (CEA) ­ a primeira geração nascida no fim da World War II (1939-1945). "Esta é minha segunda obra de memórias. Não são coisas inventadas e sim que existiram, embora sempre contadas de maneira romanceada. Então é um complemento ao que já foi resgatado com `Gymnasianos'", destaca.

Para o desenrolar da escrita, ele diz que se inspira em diversos autores, com estilos bastante diferentes, como o escritor amazonense Márcio Souza, Machado de Assis, Afonso Henriques de Lima Barreto, Clarice Lispector (cujo livro compõe sua cabeceira), bem como o autor mexicano Gabriel Garcia Marques, o peruano Mario Vargas Llosa, o russo Liev Tolstói e o inglês William Shakespeare. "Posso dizer que minha identidade é um tanto eclético, mas porque cultivo uma admiração pela leitura. Eu sou uma pessoa que lê muito, pelo menos três a quatro livros por mês, sem incluir os livros técnicos, com os quais me debruço", comenta, ressaltando que espera, inclusive, publicar resenhas de livros futuramente.

Perfil

Osíris Silva

Nascido no dia 12 de julho de 1944, em Benjamin Constant, Osíris é conhecido por seu contato com os números e também por seu currículo extenso. Economista e consultor de empresas, ele é membro do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (Geea), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (Alcear), do Conselho Regional de Economia (Corecon/AM), do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e do Conselho de Gestão Estratégica da Prefeitura de Manaus. Seu livro de estreia foi "Gymnasianos" (2011), que retrata a ambiência do Colégio Estadual do Amazonas no período de 1957 a 1965. Além disso, conta com obras de teor econômico, como "PanAmazônia ­ Visão Histórica, Perspectivas de Integração e Crescimento" (2015) e "Economia do Amazonas ­ Visões do Ontem, Hoje e Amanhã" (2016).

Serviço

o quê: Lançamento do romance "Meninos do Manaquiri", de Osíris Silva quando: Nesta quinta (21), a partir de 19h.

onde: Centro Cultural Óscar Ramos, instalado nas casas mais antigas da capital, de números 69 e 77, na rua Bernardo Ramos, Centro Histórico de Manaus (logo depois do IGHA)

valor da obra: Disponível para compra no dia do lançamento por R$ 50 onde encontrar: Posteriormente ao lançamento, na Livraria Leitura, do Amazonas Shopping.

RESGATE

Para Osíris, a arte da escrita está muito ligada às lembranças. Isso porque ele sempre buscou resgatar as memórias da cidade e de várias figuras representativas do Estado.

"Existe um lado vergonhoso na cultura amazonense: o fato de nós não honrarmos nosso passado. Nós não damos o merecido valor aos que construíram a economia do Amazonas, às figuras que foram a base da nossa economia: o pescador, o madeireiro, o seringueiro. Não temos sequer monumentos em homenagem a essas figuras, como do Garimpeiro em Boa Vista. Eu já até propus à Prefeitura a criação de um memorial, em consagração aos nossos pioneiros", enfatiza.

De acordo com o economista, os enredos de seus dois romances se ajustam a sua proposta de recuperar parte da história local, já que referencia, recupera memórias vividas pela geração do final dos anos 50. "Essa reconstituição da história é o que mais me fascina na literatura", observa.

Em relação aos próximos projetos, Osíris fala que deve deixar o romance um pouco de lado.
Isso porque o autor pretende arriscar em uma obra do ponto de vista político da região.
"Alguns projetos ainda não tomaram forma, já que as coisas não vêm de forma fluida pra mim, que não sou escritor. Mas tenho algumas histórias sendo pensadas", acentua.

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House