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Dólar mantém sua escalada recorde com efeito do Covid 19 na economia

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05/03/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Marco Dassori

A decisão unânime do FED (Federal Reserve) – o banco central dos Estados Unidos – de reduzir as taxas de juros em 0,5 ponto percentual para a faixa de 1% a 1,25%, nesta terça (3), gerou efeitos contrários aos aguardados e acabou alimentando o câmbio. Em meio ao medo de uma recessão global induzida pelo coronavírus, o dólar subiu e voltou a bater recorde nominal desde a criação do real. Especialistas ouvidos pelo Jornal do Commercio apontam efeitos positivos e negativos para a indústria, a partir da apreciação cambial.

Em alta pela décima sessão seguida, o dólar comercial fechou ontem a R$ 4,511, com alta de 0,53%. A cotação oscilou ao longo da sessão, tendo caído para R$ 4,45, por volta das 13h, logo após o anúncio do corte emergencial do FED. A moeda americana voltou aumentar seu valor do decorrer do dia e fechou acima dos R$ 4,50 pela primeira vez na história do real. Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 12,41%.

Vale notar que o Banco Central amenizou as intervenções no câmbio e, diferentemente dos últimos dias, não leiloou novos contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC apenas rolou (renovou) R$ 650 milhões de contratos que venceriam em abril. O mercado de ações também teve um dia turbulento.

A decisão do FED ocorreu em encontro extraordinário, já que a reunião ordinária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável por definir os juros, está marcada para os dias 17 e 18 deste mês. Em comunicado, a autoridade monetária disse que os fundamentos da economia norte-americana continuam fortes, mas ressaltou que o coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica.

“À luz desses riscos e em apoio ao cumprimento de suas metas de máximo emprego e estabilidade de preços, o Comitê Federal de Mercado Aberto decidiu hoje reduzir a meta”, assinalou o comunicado, acrescentando que o comitê “está monitorando de perto os desenvolvimentos e suas implicações para as perspectivas econômicas e usará suas ferramentas e atuará conforme apropriado para apoiar a economia”.

Juro x câmbio

Proprietário da Cortez Câmbio e Turismo, Mario Cortez, disse ao Jornal do Commercio que a nova alta do dólar já era esperada e, independentemente do corte dos juros norte-americanos, deve ser seguida de muitas outras, dada a atual política econômica do Ministério da Economia.

O reforço involuntário do FED em torno da ameaça do coronavírus à economia norte-americana, assim como as turbulências políticas, geradas por choques entre poderes da República pela partilha do Orçamento nacional também não ajudaram, conforme o empresário.

“O problema é que nosso juro já está comparativamente muito baixo. Já não vale a pena colocar dinheiro aqui, porque o câmbio acaba comendo o que o investidor ganhou com o resultado dos juros e um pouco mais. O ministro Paulo Guedes já sinalizou que quer manter o câmbio nessa situação para beneficiar a economia brasileira, em detrimento do turismo internacional e das importações”, frisou.

Mario Cortez assinala que a escalada da moeda norte-americana é muito prejudicial para o Amazonas e para a indústria da Zona Franca em particular, dado o elevado percentual de insumos importados e a pressão de um câmbio apreciado na importação em larga escala de partes e peças para a produção, excluído o problema adicional da paralisação de linhas de produção na China e na Coreia.

Custo do trabalho

Em um cenário que admite ser especulativo, o coordenador da Comissão de Logística do Cieam, professor da Ufam e empresário, Augusto Cesar Barreto Rocha, concorda que o coronavírus pode fazer o real se desvalorizar ainda mais, embora ressalte que o câmbio gera mais perdas para exportadores de commodities do que para indústria nacional. “Com isso, o Banco Central deve mentar os juros baixos, o que estimulará a bolsa e a atividade empresarial, cenário que me parece ser mais provável”, apontou.

Rocha, salientou ao Jornal do Commercio ainda que tem um entendimento um pouco diferente dos efeitos da valorização do dólar na indústria nacional, dado o peso do custo do trabalho na planilha do setor. “Para a ZFM, a minha leitura é que dólar alto é ótimo, contrariando o que dizem alguns analistas. O motivo é que o custo da hora de trabalho da mão de obra nacional fica mais econômico em relação à do colaborador estrangeiro. E, com isso, paramos de exportar emprego na indústria”, finalizou.

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