06/01/2017

Impactado pela instabilidade do dólar, durante o último ano, o segmento relojoeiro fechou 2016 com queda de 40% no faturamento e alta no preço final dos produtos, em relação a 2015. O setor comemora a leve recuperação nas vendas registradas durante as festas de final de ano e prevê uma retomada, ainda que gradativa, nas comercializações durante os próximos meses. A aposta se mantém na apresentação de novos modelos que atendam aos clientes dos diversos perfis.

O engenheiro de qualidade da empresa Séculus da Amazônia Indústria e Comércio S.A., Antonio Neto, comenta que todos os insumos utilizados na fabricação dos relógios são importados da China. Ele explica que no último ano a produção foi afetada pela instabilidade econômica nacional com maior impacto decorrente das elevadas taxas cambiais. Consequentemente, houve repasse para o preço final do produto, que ficou mais caro. A variação do dólar ainda dificultou o planejamento quanto aos novos investimentos à planta fabril.

Segundo o engenheiro, o relógio é classificado como um produto de necessidade secundária. No momento da crise, os clientes seguraram os gastos e destinaram as compras somente aos itens considerados como essenciais. A fábrica registrou redução de 40% na produção no último ano em relação a 2015. A desaceleração produtiva também afetou a elaboração de novos modelos, que em 2013, registrou três mil novos lançamentos, o maior índice obtido pela indústria até o momento. A produção local atende ao mercado nacional.

"No último ano trabalhamos com os estoques existentes, administrando os custos. Esperamos melhoras para este ano, mas sabemos que a situação não se resolverá completamente em 2017. O pacote de medidas econômicas anunciado pelo Governo Federal deve resultar em melhores índices econômicos. Ainda não temos projeção de quantos novos modelos serão apresentados neste ano, mas com certeza logo os clientes terão novidades", disse.

De acordo com Neto, atualmente a indústria opera com 60% da capacidade instalada com média de produção anual de dois milhões de produtos. A estrutura é composta por oito linhas de produção e quadro funcional que reúne 365 colaboradores. "Devido à menor demanda tivemos redução de 30% da mão de obra. A empresa operava em dois turnos e agora funciona em horário comercial", comenta o engenheiro.

Na avaliação do presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, dentre todos os segmentos industriais, o polo relojoeiro foi o menos impactado pela crise econômica. Ele acredita que no início deste ano o setor registre melhores índices, resultantes da crescente demanda pelos relógios. "No final de 2016 o segmento teve boa recuperação econômica com o aquecimento nas vendas. Acredito em melhores resultados nos próximos meses", projetou.

Carro chefe está nos modelos femininos

Do total de dois milhões de produtos fabricados pela Séculus, 70% é de modelos femininos com diversidade de cores, modelos e designers que atendem aos mais diversos perfis. De acordo com o engenheiro Antonio Neto, a maior procura é atribuída ao público feminino. Boa parte das mulheres busca pelos modelos esportivos.

"Seguimos todas as tendências de moda, design, cores. A ideia é oferecer os mais diversos modelos que atendam às clientes", afirma. Neto ainda esclarece que os relógios de alta tecnologia, como os que apresentam as horas por meio de leds acionados na tela; ou o que disponibiliza a função de GPS, ou ainda de controle remoto, entre outras funções; ainda não apresentam demanda, a nível nacional, que justifiquem a fabricação no PIM (Polo Industrial de Manaus).

"Os relógios avançados em tecnologia ainda não sinalizam necessidades de investimentos por parte das indústrias do PIM. Essa produção exige um custo elevado e se não há demanda, não há porque produzir", comenta.

Fonte: JCAM