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Dólar alto prejudica indústria da Zona Franca de Manaus

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19/08/2015

Mesmo fechando em leve queda pelo terceiro dia consecutivo, a cotação do dólar acumula alta de 1,46% em agosto frente ao real. Na semana passada, a queda acumulada foi de 0,71%. Mas no ano, a alta chega a 30,98%. A valorização acumulada da moeda estadunidense vem atingindo as atividades da indústria, que sofre com a importação de insumos, equipamentos, máquinas e tecnologias, que acabam encarecendo os preços para o consumidor final. Na terça-feira (18), a moeda fechou em queda de 0,48%, cotado a R$ 3,466.

Wilson Périco, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), explica que na indústria os impactos da alta do dólar são sentidos diretamente nos custos dos insumos que as empresas importam. Com custo de produção mais elevado, no fim da linha, quem acaba pagando por esta variação cambial é o consumidor final.

Périco explica que a subida do dólar não pode ser responsabilizada, sozinha, pela queda no consumo, mas que, somada à falta de confiança do consumidor por conta do cenário econômico atual, pode contribuir ainda mais com a estagnação da economia de modo geral. “A falta de confiança se reflete, economicamente, com a redução do consumo. Ou seja, a pessoa que está desempregada, ou não sabe se vai conseguir manter o emprego, retrai o consumo. À retração do consumo soma-se a variação cambial, que faz com que os produtos fiquem mais caros, o que reflete na queda da atividade industrial que nós já estamos sentindo”, explicou.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) referentes ao acumulado de janeiro a julho de 2015 demonstram que o Polo Industrial de Manaus (PIM) importou US$ 5,9 bilhões. A grande maioria em insumos, máquinas e equipamentos destinados aos setores da indústria eletroeletrônica e de duas rodas.

Comércio


Já para o comércio, a valorização da moeda americana frente ao real pode ser encarada como uma faca de dois gumes. De acordo com o presidente da Fecomércio/AM, José Roberto Tadros, o real desvalorizado contribui com as exportações de produtos, principalmente de produtos agrícolas.

Segundo ele a produção de grãos foi é o único setor da economia que deverá apresentar crescimento no país este ano, com um total de 205 milhões de toneladas de grãos produzidos. Para Tadros, a exportação destas matérias-primas poderá ajudar a equilibrar a Balança Comercial brasileira. “Em economia tudo sempre tem os efeitos positivos e negativos. Por um lado, facilita as exportações, porque elas ficam mais baratas. Com o dólar altamente desvalorizado como estava estávamos exportando cada vez menos. Os saldos de nossa balança comercial foram minguando. Só para termos uma ideia, chegamos a ter, no governo Sarney, US$ 40 bilhões de saldo positivo na balança”, lembra o empresário.

Por outro lado, Tadros também destaca que ficou mais caro importar e isso se transfere para os custos de produção. “A indústria importa peças, equipamentos, máquinas e tecnologias e tudo isso está muito mais caro, o que encarece também os preços para o consumidor final. Com isso surge a inflação”, acrescenta. Apesar de enumerar os efeitos positivos da alta do dólar, o presidente da Fecomércio acredita que a alta acumulada de 31% só em 2015, como consequências de más decisões políticas do governo federal, prejudica a imagem do país perante os investidores internacionais. “Uma desvalorização da moeda de forma tão acentuada, inclusive perante os Brics, é um descrédito internacional para o país. Tivemos uma perda brutal e isso é consequência do desarranjo da economia e da visão individualista de querer ganhar eleições”, finaliza Tadros.

Gangorra do dólar


As entradas pontuais de recursos compensam, nesta terça-feira (18), a desconfiança internacional diante dos problemas internos e externos enfrentados pela economia brasileira e acabaram contribuindo com a valorização do real. Um dia antes, na segunda-feira (17) dólar recuou 2%, cotado a R$3,4823 na venda.

Pressionado pela instabilidade política, agravada pelos protestos populares contra o governo federal realizados no último domingo (16), e pela proximidade das votações de projetos relacionados ao ajuste fiscal, o mercado mantém o receio com relação à economia brasileira, o que ainda impede uma maior recuperação da moeda brasileira frente à americana.

Além disso, no cenário externo, também gera nervosismo no mercado o desaquecimento da economia chinesa -principal referência para investidores em mercados emergentes e importante parceiro comercial do Brasil - e a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central americano, que está marcada para hoje (19), e cuja expectativa é de elevação dos juros nos Estados Unidos ainda para este ano. A alta dos juros nos EUA pode atrair para o mercado norte-americano capitais atualmente investidos em países em desenvolvimento como o Brasil.

De acordo com Marcus Evangelista, presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon/AM), o momento não é favorável para uma recuperação do real. Segundo o economista, com a atual conjuntura nacional e mundial, a tendência é de estabilidade ou mesmo mais subidas do dólar. “Não podemos esperar uma redução na taxa. A tendência é manutenção ou alta do dólar frente ao real. Acredita-se que o dólar deverá, nos próximos meses, ficar flutuando mais ou menos pelos valores em que se encontra hoje. Podem haver pequenas variações, para mais ou para menos, mas a média, deverá ser esta que estamos vendo hoje”, explicou o presidente do Corecon.

Fonte: JCAM


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