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Dívida dos industriais tende a se manter alta

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23/10/2018

Notícia publicada pelo site Diário Comércio Indústria & Serviços

O endividamento da indústria cresceu 7% em 2017 e a redução da alavancagem está condicionada à receita menos volátil pelas empresas e câmbio em patamar mais baixo. Segundo o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, um dos principais fatores para essa persistência no endividamento alto no ano passado é a desvalorização do câmbio. "Aumentou o custo das dívidas em dólar, o que teve um impacto direto nos débitos", explica.

De acordo com estudo da Serasa Experian, o nível das dívidas das empresas do setor industrial passou de 122% do patrimônio líquido, em 2016, para 131% no ano passado. O Iedi, por sua vez, verificou em levantamento interno que, no primeiro semestre de 2018, o endividamento das empresas da indústria aumentou 6%, para R$ 362 bilhões, contra R$ 341,8 bilhões registrados no mesmo período de 2017.

Além do efeito do câmbio, Cagnin ressalta que a inconsistência da retomada econômica também dificulta a diminuição da alavancagem das empresas, visto que o faturamento acaba se tornando muito volátil. "A receita dos fabricantes não tem uma trajetória constante. A recuperação é maior em alguns meses do que em outros", avalia. "O volume de operações para reciclar dívidas ativas não foi dos melhores em 2018, ainda que tenhamos sinais de recuperação."

Já para o gerente de inteligência de crédito da Serasa Experian e autor do estudo, João Machado, a indústria retomou em 2017 a busca por crédito mercantil e bancário para financiar o crescimento de sua atividade, o que seria corroborado pelos desempenhos positivos em 2017 das vendas reais, entretanto, isso se refletiu no endividamento.

Cagnin relata que a queda na taxa Selic, impulsionada pelo declínio da inflação de alimentos, não foi repassada totalmente. "As taxas médias de empréstimo caíram com metade da velocidade da queda da Selic. Isso dificulta a diminuição do endividamento."

Financiamento

Além da Selic mais baixa não ter se traduzido em taxas de mercado muito menores, o fim das linhas de crédito subsidiadas abaixo da taxa básica de juro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também foi responsável pelo avanço das dívidas industriais.

Na opinião do especialista do Iedi, o impacto disso na economia é bastante negativo, visto que a desalavancagem da indústria é necessária para a retomada do crescimento econômico. "Antes mesmo de pensar em investimento, as empresas precisam ter capacidade para se manter operantes. O Brasil tem pouca qualidade de empréstimos, prazos e juros no futuro."

Para ele, o investimento não vai voltar enquanto não passarem as incertezas políticas de curto prazo ligadas às eleições, e mesmo quando o cenário melhorar, depende de uma equalização nos balanços das empresas para ser destravado. "Os industriais no Brasil costumam investir usando lucros retidos. Sem isso, são corroídas as bases a partir das quais uma nova retomada de investimentos vai se assentar."
No estudo da Serasa, revelou-se que dentre as 25% mais endividadas, a alavancagem foi da ordem de 489% do patrimônio líquido em 2017. Embora tenha ocorrido uma redução, comparada aos patamares de 2015 (603%) e 2016 (528%), isso significa que o montante financiado excede 4,8 vezes o capital próprio. A Serasa também mostrou que os mais afetados em 2016 com esse cenário e a recessão foram os setores extrativista e automotivo. Contudo, em 2017, o segundo teve forte recuperação. As informações são do DCI.

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