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Dirigente da Fieam rebate Rodrigo Maia

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27/08/2019

Entrevista publicada pelo Jornal Acrítica

O economista e empresário Nelson Azevedo rebateu a afirmação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) de que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é exemplo das distorções causadas por incentivos fiscais.

Ex-diretor da Moto Honda da Amazônia e atual vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo considera infundada a informação de que cada emprego gerado na fábrica da Honda em Manaus custa ao País R$ 300 mil, como disse o deputado.
“Que aritmética é essa?”, questionou. Leia a entrevista com o empresário a seguir:

O modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) voltou a ser alvo de ataques nesta semana em meio ao processo da reforma tributária.
Como reagir diante desse tipo de campanha?

Enquanto a maledicência da perseguição e da ignorância mal-intencionada sobre a economia do Amazonas persiste na mídia do Sudeste, por aqui seguimos fazendo o dever de casa. Trabalhando fortemente para assegurar nosso direito de empreender, inscrito na Constituição Federal, numa região remota, sem conexão rodoviária, com balizamento e drenagem precários das hidrovias e, por consequência, uma logística onerosa e improvisada. Apesar disso, diz a Receita, somos um dos oito estados da Federação que ajuda o País a ajudar os demais. Não somos problema fiscal para o Brasil, somos, na verdade, parte robusta das soluções de que o Brasil precisa para empinar sua economia.

Um dos argumentos contra a ZFM é a distância geográfica dos grandes centros consumidores para os seus produtos…

Manaus só é longe por conta do descaso federal com nossa infraestrutura.
Longe é a China, que entrega qualquer produto, similar ao que produzimos em Manaus,
no Porto de Santos, duas vezes mais rápido em re lação ao trajeto de Manaus para o mesmo destino.

Em que o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, se baseia para afirmar que cada emprego gerado pela Moto Honda no Polo Industrial de Manaus tem um custo exorbitante para o País?

Também gostaria de saber que aritmética é esta que nos acusa de onerar R$ 300 mil por emprego gerado no Polo Industrial de Manaus? Qual é o dividendo e qual o divisor que alcance a insensatez deste resultado? A União, na verdade, não gasta um centavo com as empresas instaladas em Manaus.

Pelo contrário, recolhe para seus cofres mais de 50% da riqueza que produzimos nas empresas. Em 2018, recolhemos R$ 14,5 bilhões em impostos e recebemos apenas 30% disso nas contrapartidas federais. Quantos empregos geramos nos estados vizinhos que fornecem insumos, serviços, produtos agrícolas, da pecuária, da piscicultura regional? Quantos empregos geramos em São Paulo, numa planta industrial que fornece partes e peças para Manaus, a partir de investimentos que são equivalentes a três ZFMs em termos de valor.

Ou seja, três vezes mais empregos gerados diretamente em relação a Manaus. Alegar um custo fictício mal-intencionado de R$ 300 mil por emprego significa um desconhecimento inaceitável e a suposição equivocada de que as empresas aqui instaladas migrariam para o Sudeste, onde o custo fiscal é insuportável. O Paraguai seria a lógica mais inteligente. É essa a proposição?

Que motivação teria o deputado para centrar fogo justamente na Moto Honda?

Quem disse que a Moto Honda deve sair de Manaus e ir para o Sudeste está com propósitos obscuros, essa é a verdade. Aqui a Moto Honda, a maior fábrica de motocicletas do mundo, é também o orgulho deste modelo de acertos. Ao gerar emprego para 5, 6, 7 mil colaboradores, ela impede diretamente que eles e suas famílias busquem na utilização da floresta o sustento de 300 mil, 400 mil pessoas. Esse é o diferencial de quem opera com sustentabilidade e está aqui há quase 50 anos.

As lideranças do segmento industrial têm alguma proposta de retorno para a região dessa riqueza enviada pela ZFM
aos cofres públicos?

Bom, que o Brasil aplique um percentual de 5% de nossas receitas para a infraestrutura competitiva pois estamos mais perto da América Central e do Norte, e do Oceano Pacífico que o Sudeste brasileiro. O nome disso é gestão estratégica.

O que esperar da reforma tributária atualmente em discussão no Congresso?

Vemos com muita expectativa que o Congresso Nacional, com raras e estranhas exceções, reconhece nosso direito e nossos acertos socioambiental e econômico em nível regional e nacional. Foi assim em 2014, quando aplaudiu, praticamente por unanimidade, nossa economia e nos conferiu 50 anos de evolução. Não nos interessa fabricar intrigas, interessa, sim, debater o interesse maior do Brasil, como fizemos recentemente em Manaus, debatendo num seminário sobre reforma tributária, com renomadas autoridades jurídicas, fiscais e econômicas, a inserção da ZFM na economia nacional dentro de relevantes e transparentes compromissos de brasilidade. Que isso se torne realidade.
Para isso, a sociedade amazonense precisa estar unida na defesa do nosso modelo econômico, com a participação dos nossos representantes na Câmara de Deputados e no Senado, e do nosso governador Wilson Lima.

Frase

“Não somos problema fiscal para o Brasil, somos parte robusta das soluções de que o Brasil precisa para empinar sua economia”.

Nelson Azevedo Vice-presidente da Fieam

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