06/06/2024
- Painel reuniu Frederico Aguiar, superintendente-adjunto executivo da SUFRAMA; Augusto César Rocha, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e Erick Moura de Medeiros, diretor de Infraestrutura Aquaviária do DNIT
- Debatedores discutiram a logística da região, um plano para a Amazônia, pavimentação da BR-319 e ações para seca no Amazonas
O dilema que contrapõe à exuberância natural da Amazônia a uma infraestrutura pobre e incapaz de garantir a logística e o escoamento da produção local esteve no centro das discussões de uma mesa redonda realizada dentro do projeto ‘Diálogos Amazônicos’, nesta quinta-feira (6), em Brasília.
A conferência foi promovida pela Fundação Getulio Vargas, por meio da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP), com o apoio do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM).
Mediador do debate, Frederico Aguiar, superintendente-adjunto executivo da SUFRAMA, afirmou que essa realidade causa graves vulnerabilidades socioeconômicas à região. Entre elas, a baixa competitividade, traduzida em dificuldades no fomento à produção, na atração de investimentos e no estímulo à exportação.
Para superar essa adversidade, o desafio, disse Aguiar, tem sido fazer de Manaus (AM), que concentra a logística do Estado e da região, um centro articulador de rotas modais que partem do Peru e dos demais países amazônicos.
O setor, aliás, está prestes a passar por uma profunda transformação. Em novembro, o Peru deve inaugurar o Porto de Chancay. Construída pela empresa chinesa Cosco Shipping, a obra deve se tornar uma das principais vias de intercâmbio comercial da América do Sul com o Pacífico. “Essas rotas de integração sul-americanas poderão trazer competitividade e mudar toda a logística de transporte da região”, disse o superintendente–adjunto da SUFRAMA.
“Em razão disso, precisamos, por exemplo, estruturar o Porto de Tabatinga, que pode representar uma saída de boa parte do agro do Centro-Oeste brasileiro”, acrescentou Aguiar.
Plano para Amazônia
O professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Augusto César Rocha, propôs a criação de um Plano da Amazônia para Logística e Transporte. “É o que nos falta para sairmos das ações emergenciais e pontuais, como ocorre no combate aos efeitos da estiagem, e integrarmos os sistemas já existentes e os órgãos dos Estados e da Região Amazônica”, disse o professor. “Caso contrário, vamos, mais uma vez, trazer uma empresa exógena, com técnicos de fora, que não entendem a realidade local e não vão transformar em política pública esse plano”, ressaltou.
BR-319
Sob aplausos dos presentes, Rocha defendeu, ainda, a pavimentação do “trecho do meio” da BR-319, que liga as capitais Manaus (AM) e Porto Velho (RO). “A floresta vai sendo desmatada com ou sem a BR-319. Há milhares de quilômetros de rodovias vicinais que desrespeitam completamente o meio ambiente. Ou a gente asfalta, coloca governança e os órgãos de controle ou ela vai sendo desmatada sem ninguém ver”, disse.
Segundo ele, há um movimento negacionista no impasse em torno da rodovia. “Há um problema ambiental terrível. Vamos ficar discutindo 400 quilômetros da rodovia e ninguém fiscaliza nada”, afirmou.
Seca no Amazonas
O diretor de Infraestrutura Aquaviária do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Erick Moura, detalhou as medidas já providenciadas para o combate à estiagem no Amazonas e nos demais Estados do Norte. Entre elas, uma série de licitações de contratos, que permanecerão em vigor ao longo de cinco anos e vão garantir obras de dragagem e sinalização, assim como estudos hidrológicos dos rios amazônicos.
“Estamos trabalhando já na permanência de extremos climáticos. Ao contrário das chuvas e das enchentes, que ocorrem a olhos vistos, a estiagem é uma tragédia silenciosa”, afirmou o diretor.
Fonte: Comunicação CIEAM
ascom@cieam.org.br