17/05/2023
Instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o Dia Mundial da Reciclagem é celebrado em 17 de maio como uma forma de lembrar a importância da destinação correta de materiais poluentes. No Brasil, apenas cerca de 3% dos resíduos sólidos são reciclados. O número é ainda menor no caso de orgânicos, 1%. As estimativas são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Segundo a entidade, em 2022, cada brasileiro gerou cerca de 1,043 kg de resíduos sólidos urbanos (RSU) por dia. A principal recomendação para esse tipo de material é a coleta seletiva, que pode começar com a separação do lixo orgânico daquele que pode ser reciclado (plástico, vidro, metal e papel). Os descartes podem ser colocados em uma lixeira com divisão de materiais ou doados e até vendidos para cooperativas de catadores.
Vale ressaltar que as empresas também têm um papel importante na melhora dos índices de reciclagem, já que são responsáveis pela geração dos chamados lixos 'comerciais' e 'industriais'. Dentre eles, estão as caixas de papelão, embalagens e folhas de papel A4, típicas de ambientes administrativos. Até mesmo fardamentos que iriam para aterros ou seriam incinerados, gerando gases do efeito estufa, podem ser reaproveitados. Em Manaus (AM), o Grupo Tapajós, por exemplo, destina 100% dos fardamentos para a reciclagem.
"A reciclagem dos uniformes faz parte do projeto 'Tecendo Vidas', que iniciamos há dois anos. Desde então, já destinamos cerca de três toneladas em tecidos para o Centro de Formação Vida Alegre, que realiza ações com populações carentes, incluindo, oficinas de corte e costura. Neste ano, a previsão é doarmos mais uma tonelada", conta Rosane Sousa, gerente de Recursos Humanos da companhia, que atua no ramo farmacêutico.
Outra preocupação da empresa é com a destinação correta de caixas de papelão - muito utilizadas nos seus centros de distribuição (CD) de medicamentos -, e as folhas de papel A4, usadas nos setores administrativos. Segundo a gerente-administrativa Francileia Freire, que cuida da gestão sustentável do Grupo, todos os materiais são direcionados a empresas que dão o descarte correto dos resíduos.
"No caso dos papéis, utilizamos e arquivamos por um tempo (já que são documentos), mas depois direcionamos 100% para uma empresa que faz o reaproveitamento do material. Damos o mesmo destino no caso das caixas de papelão", explica ela.
Destinação correta com economia
Além de permitir a reciclagem das folhas e caixas de papelão, a gerente do Grupo Tapajós diz haver uma economia para a própria companhia, já que os materiais são vendidos para as empresas de reciclagem. "Só nas caixas de papelão conseguimos um retorno de cerca de R$ 6,7 mil. Já com os papéis, por volta de R$ 4 mil", afirma ela.
Em todo o país, são cerca de R$ 81,1 milhões incorporados à economia brasileira a partir da comercialização de resíduos recicláveis que antes seriam levados para aterros ou lixões. A estimativa é do Atlas Brasileiro da Reciclagem e toma como referência o acumulado de 2020 e 2021. No mesmo período, foram 647,2 toneladas de materiais comercializados em todo o território nacional.
Ainda conforme dados do Atlas Brasileiro da Reciclagem, no acumulado de 2020 e 2021, foram recicladas mais de 6 mil toneladas de papel no Amazonas, sendo este o campeão entre outros resíduos sólidos. O segundo lugar ficou para o plástico, com 4,4 mil toneladas. Metal e vidro acumularam 304 toneladas e 23,86 toneladas no estado, respectivamente.
Além da reciclagem, que significa a transformação dos resíduos em outro produto, o Grupo Tapajós também promove a reutilização de materiais, especialmente na área de construção. É o que explica o coordenador de arquitetura e projetos da companhia, Josué Maciel.
"Aproveitamos muito as telhas. O que sobra das obras nós usamos para fazer tapumes, abrigos, placas. As telhas têm diversos usos. Também reaproveitamos os entulhos da própria obra, seja de argamassa ou tijolo cerâmico, para fazer a terraplanagem", comenta.
No Brasil, a maior parte dos resíduos da construção civil e demolição ainda são destinados de forma clandestina e irregular, segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon).
No Grupo Tapajós, Maciel diz que todos os outros resíduos de obras que não são reutilizados recebem atenção para não serem jogados em terrenos ou em lixeiras comuns. "Nós contratamos uma empresa com certificação ambiental que recolhe esses resíduos e garante que tiveram uma destinação correta", afirma.
Fonte: A Crítica