26/10/2018
Notícia publicada pela Agência Estado
Nos últimos cinco anos, quase 400 empresas brasileiras passaram para
as mãos de estrangeiros no País. Eles desembolsaram R$ 133 bilhões nesse período
para comprar participações em companhias nacionais. O movimento vem
crescendo desde 2014, mas ganhou destaque no ano passado, quando as transações
envolvendo capital externo avançaram 40% - de 75, em 2016, para 108, mostra
reportagem da edição desta segunda-feira(22) do jornal O Estado de S. Paulo.
Neste ano, a expectativa é que, definido o cenário eleitoral na próxima semana,
novas operações sejam anunciadas, elevando ainda mais a presença de grupos
internacionais no País. Na lista de anúncios esperados, estão operações envolvendo
duas gigantes nacionais: Embraer e Braskem.
Os números - levantados pela Transactional Track Record (TTR), que acompanha o
volume de fusões e aquisições no mundo - refletem o cenário econômico nacional e
externo. Enquanto o Brasil patina na retomada da economia, com empresas em
dificuldade e real desvalorizado, o mundo vive uma onda de elevada liquidez. Isso
fez os ativos brasileiros virarem alvo de estrangeiros, que veem o Brasil como um
mercado consumidor importante.
"Estamos com limite de poupança interna e o mundo tem capital em abundância.
Esses recursos que vêm do exterior são até necessários para que as empresas
continuem operando", afirma o professor do Insper, Sérgio Lazzarini, autor do livro
Capitalismo de Laços - Os donos do Brasil e suas conexões.
Ele lembra que empresas importantes para a economia brasileira caíram na Lava
Jato e foram obrigadas a vender ativos para pagar dívidas e reforçar o caixa - a exemplo de Odebrecht que se desfez de vários negócios, como a Odebrecht
Ambiental, vendida para a canadense Brookfield. "Na recessão, quem tinha
dinheiro para marcar território eram os estrangeiros."
Os americanos, chineses e franceses foram os que mais se aproveitaram dessa fase de "Brasil barato", segundo o levantamento da TTR, feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. No ranking por número de transações, os EUA fecharam 75 operações entre 2014 e 2018; China, 23; e França, 22.