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Desindustrialização do país ganha força

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12/04/2021

Fonte: Acrítica

A retração da indústria em meio à pandemia da Covid-19, acalorou os debates sobre a desindustrializaçãodoBrasil.Anovapolítica comercial de importação adotada pelo Ministério da Economia, a saída de grandes fábricas do país e a reforma tributária a passos lentos no Congresso Nacional, embora preocupem, por si não respondem pela queda da arrecadação industrial no país, de acordo com economistas entrevistados por ACRÍTICA. Doutor em economia e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Márcio Holland afirma que a desindustrialização do país é “irreversível” e reverbera em todos os polos industriais.

Para superar esse processo, no entanto, é preciso investir em um sistema educacional de qualidade com forte apelo para a tecnologia, mas o setor está enfraquecido como cortesde verbas. “A reversão disso implica em voltar à indústria 2.0, ou seja, uma indústria atrasada baseada em produção física. A indústria hoje é de conhecimento. Como a indústria de conhecimento tem muito mais valor, para que se apegar tanto na indústria física daqui há 20 ou 30 anos? É preciso se preparar para isso”, ressalta Holland.

SOFISTICAÇÃO

Como exemplo desse processo, ele lembrou do encerramento de atividades em grandes empresas como a Ford e a descontinuidade da produção de smartphones pela LG São Paulo, está semana, além da saída da Sony do país. O que, na visão dele, é uma estratégia das empresas de produzirnegóciosmais sofisticados e de alta tecnologia ainda deficitários no Brasil.

Na avaliação do economista e estudioso da região amazônica, Osíris Silva, no caso da Zona Franca de Manaus (ZFM) há um distanciamento do modelo aos processos da indústria 4.0 e a manutenção de uma política mercadológica focada no consumidor interno. Com isso, a competitividade da indústria localficou defasada ao longo do tempo, tornando inviável a competição com países como a China e os tigres asiáticos no mercado internacional.

Por isso, segundo o econominista, é preciso “modernizar-se tecnologicamente na busca do padrão mundial e assim diversificareampliarmercados”.Eisso, na percepção de Osíris, só ocorrerá com o aumento dos investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) que hoje são apenas 1% do PIB nacional, enquanto que nas grandes potências industriais chegam a 4%. Contudo, a inação dos entes públicos nessa virada do processo produtivo retarda o processo e a ZFM continua “a espera de um milagre”. “DadosdoMinistériodaCiência, Tecnologia e Inovação (Mcti) demonstram que o Brasil perdeu a capacidade de se alinhar aos países que produzem tecnologia disruptiva, isto é, a capacidade de inovar tecnologicamente em termosdeprocesso eproduto, ou serviço”,destaca o estudioso. Osíris Silva reintera que a ZFM possui diversas possibilidades para expandir a sua manufatura devendo apostar na bioengenharia, nanotecnologia, biotecnologia, biofármacos, biocosméticos.

Frase

“A indústria hoje é de conhecimento. Como a indústria de conhecimento tem muito mais valor, para que se apegar tanto na indústria fisica daqui há 20 ou 30 anos?”. Márcio Holland Economista

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Queda progressiva Dados do IBGE mostram que a indústria no Brasil vem caindo progressivamente desde 2004 quando compreendia a 15,1% do PIB. A queda desacelerou em 2015, mas voltou a regredir quando em 2020 foi apenas 9,7% da arrecadação.

Comentário

POR Denise Kassama

ECONOMISTA

‘Algumas medidas caminham na direção oposta’ Um exemplo deste processo de desindustrialização é a Petrobrás. Com a descoberta do pré sal, o país tornou-se auto suficiente em petróleo. Entretanto, a falta de investimentos impossibilita o refino do petróleo do présal. Por isso, o país exporta petróleo bruto e importa boa parte dos derivados e o país assiste ao desmantelamento continuo da estruturada Petrobrás, como no caso da Reman, que já dispensou grande parte de seus colaboradores.

Neste momento, além da preocupação em vacinar suas populações, a grande maioria dos países está focada em recuperar suas economias, afetadas pelas ações necessárias de isolamento sociais. Estas preocupações se traduzem em políticas de estimulo à atividade fabril e ao consumo de bens e serviços produzidos no âmbito doméstico.

Assim, estimulando a produção, irá gerar empregos que irão gerar renda que irá consumir; se consomem da indústria local, aumentará a demanda, que aumentará a produção, que gerará mais empregos e assim as economias voltam a crescer. Algumas medidas recentes do atual governo parecem caminharnadireçãoopostaaeste raciocínio. Na medida em que o governo propõe a redução de alíquotas de determinados segmentos, estimula a importação e desestimula a produção interna.

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‘ Marcelo Seráfico Sociólogo e professor da Ufam

“A política econômica do governo envolve uma concepçãoqueconfereaosagentes privados, fundamentalmente, às grandes empresas e às corporações transnacionais, a função de organizar a produção, a distribuiçãoe atrocademercadoriase serviços. Essa escolha reforça duastendênciasqueestãoarticuladas e se aprofundam: a desindustrialização e financeirização da economia.

Não é casual, portanto, que a despeito das crises, as empresas financeiras mantenhamaumentodalucratividade. A desindustrialização, à sua vez, resulta da sanha das empresas, em escala mundial, na busca de menores custos de produção e, com isso, de melhores chances de vencer a competição pelos mercados consumidores. Isso, evidentemente, quando não se trate de mercados oligopólicos em que o empenho delas é para manter o controle dos preços e aumentar o consumo dos bens produzidos com vistas a incrementar a lucratividade.

A Zona França de Manaus se constitui, principalmente, de corporações e grandes empresas. O aumento da taxa de câmbio, do valor do dólar em relação ao real, tende a aumentar seu custo de produção e, portanto, reduzir sua competitividade. Se se combina a isso a redução de impostos vinculados à importação, temse um quadro que aponta no sentido da destruição da atividade de indústrias cujo atrativo para estara quisãoo baixo custo da mão de-obra, os incentivos fiscais e uma política tributária, ela mesma, que inibe a importação e estimula a produção interna. O resultado disso é previsível: mais desindustrialização e com ela desemprego, subemprego e precarização das condições de vida dos que precisam trabalhar para viver”.

Reduzir alíquotas ‘é burrice’

Asmodificações da política comercial doBrasil são “uma burrice”, na visão do deputado Serafim Correa (PSB). Segundo ele, as empresas vem para Manaus em razão das alíquotas serem menores em relação ao restante do país.

“Na hora em que o governo começa a diminuir essas alíquotas tem duas consequências. Primeiro, a empresa que está aqui perde a vantagem comparativa e segundo, o importador que está em São Paulo ganha competitividade, portanto, isso é uma burrice do governo Bolsonaro”, atacou Serafim. Para Serafim, a decisão já impacta as decisões dos empresários devido a instabilidade das políticas econômicas adotas pelo Executivo condiçõesde reiniciar o jogo e nem determinar a partida.Estasmudanças,quando ocorrem com frequência causam, também, receio de fazer novos investimentos, além da insegurança”, afirmou o executivo.

Takeuchi ressalta que o país precisa de uma política de “Estado e não de governo”. “Não podemos mais suportar as paralisações ou começar tudo novamente por questões políticas ou ideológicas. A partir disto, a confiança dos empresários e da população serão muito maiores”, alertou o diretor federal. E para sair dessa situação é necessário apoiar outras cadeias econômicas.

“É preciso que o governo se mexa. O governo federal é muita promessa é muito discurso e pouca realização”, retrucou. Essa insegurança é sentida também no setor empresarial. De acordo como diretor executivo da Abraciclo, Paulo Takeuchi, há indícios para a fuga de empresas do país a longo prazo se não houver consonância entre as políticas econômicas e as necessidades do empresariado.

“Porém, quando as mudanças são de ordem estrutural os prejuízos são maiores, pois a mudança das regras ocorrem ‘no meio de uma partida’. Com isso, não temos condiçõesde reiniciar o jogo e nem determinar a partida. Estas mudanças, quando ocorrem com frequência causam, também, receio de fazer novos investimentos, além da insegurança”, afirmou o executivo. Takeuchi ressalta que o país precisa de uma política de “Estado e não de governo”. “Não podemos mais suportar as paralisações ou começar tudo novamente por questões políticas ou ideológicas. A partir disto, a confiança dos empresários e da população serão muito maiores”, alertou o diretor.

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