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Desemprego e informalidade aumentam no mercado de trabalho do Amazonas

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21/12/2022

A taxa de desocupação do Amazonas disparou na última década, até atingir seu pico no ano passado. No período, o percentual de amazonenses na fila do desemprego saltou de 9,1% (2012) para 15,4% (2021). O crescimento foi ainda maior em Manaus, onde o percentual de pessoas nessa condição chegou a 18,7%. Praticamente um em cada três desempregados no Estado (32,2%) estavam sem atividade remunerada há dois anos ou mais. Entre aqueles que tinham algum tipo de atividade remunerada, 30,8% trabalhavam menos do que podiam ou desejavam, e apenas 37,9% contavam com carteira assinada.

Embora o encolhimento do mercado de trabalho amazonense tenha começado em 2015, o problema se acentuou a partir da pandemia, especialmente em seu segundo ano. A taxa de desocupação passou de 14,8% para 15,4%, entre 2020 e 2021. O reflexo se deu também nos rendimentos. A remuneração média dos trabalhadores amazonenses caiu 7,49% entre 2020 (R$ 1.935) e 2021 (R$ 1.790) –em números já deflacionados. Ficou em um patamar muito abaixo das marcas atingidas em 2012 (R$ 2.216) e 2013 (R$ 2.179), que atingiram valores 19% acima do registrado no exercício anterior.

Em paralelo, as desigualdades por gênero e etnia foram atenuadas, mas permaneceram significativas. Em 2021, o Amazonas tinha mais homens (61,2%) entre os 1,66 milhão de trabalhadores ocupados, e estes (R$1.879) ganhavam 14,4% a mais do que as mulheres (R$ 1.642), em média. Os vencimentos dos trabalhadores considerados “brancos” (R$ 2.501), por outro lado, recebiam 51,1% a mais do que os “pretos” e “pardos” (R$ 1.655) – que também contavam com taxa de desemprego comparativamente maior. É o que revela a pesquisa “Síntese de Indicadores Sociais – 2022”, do IBGE.

Subutilização e informalidade

No ano passado, o Amazonas contabilizou mais de 3,11 milhões de pessoas “em idade de trabalhar”, que é de 14 anos ou mais, conforme o órgão de pesquisa. Destas, 53,2% estavam empregadas de alguma forma, em patamar 3,6 pontos percentuais abaixo da marca de 2012. Os 46,8% restantes estavam desocupados –percentual que não parou de crescer desde 2015 –ou fora da força de trabalho. Entre os que não tinham emprego em 2021, a maioria (39,8%) estavam há menos de um ano sem trabalhar, mas 32,2% já somavam dois anos ou mais nessas condições.

Outro grupo que aumentou de forma significativa em uma década foi o que reúne pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e “força de trabalho potencial” –mas que não busca emprego. Essa parcela passou de 20% para 30,8%, entre 2012 e 2021 – embora tenha ficado menor do que o registro de 2020 (31,4%), sendo majoritária entre as mulheres (38,1%) e entre trabalhadores com menor experiência, e de 14 a 29 anos (43,8%).

A carteira de trabalho também perdeu terreno em dez anos. O levantamento aponta que a taxa de trabalhadores formais encolheu de 43,6% para 37,9%, entre 2012 e 2021. Em Manaus, o percentual de celetistas era um pouco maior (50,5%) mas também houve recuo na comparação com o dado de dez anos antes (59,3%). Um dos indicativos da diferença entre esse grupo e os informais está no rendimento médio: enquanto a população ocupada formal do Estado recebia R$ 2.526, os demais ganhavam praticamente a metade (R$1.256). Na capital, os vencimentos foram de R$ 2.690 e R$ 1.533, respectivamente.

Desigualdades em geral

Em 2021, o Amazonas tinha mais homens (61,2%) do que mulheres (38,8%) entre os 1,66 milhão de trabalhadores ocupados –sendo que a diferença era menor em Manaus (58,1% e 41,9%, na ordem). A maioria tinha 30 a 49 anos (49,8%), e a menor, de 60 anos ou mais (5,7%). “Por cor ou raça, observa-se o padrão de mais pretos e pardos (83,2%) do que brancos (14,8%) dentre os ocupados, numa proporção próxima às características da população do Estado, em 2021, que era formada por 83,1% de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas e de 14,3%, autodeclaradas brancas”, ressaltou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

A desigualdade é maior entre sexos e etnias no mercado de trabalho amazonense, quando se leva em conta os rendimentos médios. No ano passado, os “brancos” (R$ 2.501) ganhavam 51,1% a mais do que os “pretos” ou “pardos” (R$ 1.655). A remuneração dos homens (R$ 1.879) era 14,4% maior do que a das mulheres (R$1.642). O IBGE ressalta, contudo, que o fosso era duas vezes maior em 2012. Em Manaus, as diferenças eram menores no que se refere à etnia (46,2%) e maiores quando a análise se dava por gênero (28,8%).

A sondagem informa ainda que o rendimento-hora médio dos trabalhadores com ensino superior completo (R$ 24,70) era mais do que quatro vezes superior ao das pessoas que não tinham instrução ou contavam, no máximo, com nível fundamental incompleto (R$ 6,10). Em sintonia, os 40% de trabalhadores que estavam na base da pirâmide salarial e ganhavam menos tinham vencimento médio de R$ 650. Em contraste, os 10% que estavam no topo e recebiam mais contavam com remuneração média de R$ 7.142.

“Conta própria”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques salientou à reportagem do Jornal do Commercio que, embora o percentual de empregados no Amazonas com carteira assinada tenha esboçado alguma recuperação entre 2020 e 2021, os trabalhadores por “conta própria” ainda formam a maioria das pessoas ocupadas no Estado, sendo esse um fator que induz mais informalidade no Estado.

“O estudo também indica que a formalização do trabalho vem caindo ao longo dos últimos anos. Entre os ocupados, os homens, os pretos e pardos e as pessoas entre 30 e 49 anos formavam a grande maioria das pessoas que estavam ocupadas em 2021. Embora nos últimos dez anos, tenha ocorrido uma melhora na participação das mulheres no mercado de trabalho, de 37,9% para 38,8%”, finalizou, acrescentando que a população parda também ganhou participação (de 76,9% para 83,2%), “movida pelo aumento da autodeclaração” dos entrevistados.

Fonte: JCAM

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