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Desemprego atinge 235 mil no Amazonas em junho, aponta IBGE

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27/07/2020

Fonte: Acrítica

O desemprego atingiu 235 mil amazonenses em junho. Nos últimos dois meses, houve o fechamento de 11 mil postos de trabalho com carteira assinada no setor privado e aumento de três mil pessoas trabalhando por “conta própria”, saltando de 498 mil em maio para 501 mil em junho, que pode aumentar para 681 mil pessoas se contarmos com aqueles que trabalham sem carteira assinada - significando mais da metade das pessoas ocupadas no Amazonas atualmente.

Os dados são parte de um levantamento divulgado essa semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Covid19) feita em parceria com o Ministério da Saúde a fim de mensurar os impactos da pandemia no mercado de trabalho no País.

A pesquisa destaca que houve um salto de 56 mil pessoas desempregadas de maio para junho – um crescimento de 31,2% em dois meses. Entre os amazonenses que estão na fila por uma oportunidade de trabalho está o estudante Felipe Moraes, 22, que está sem emprego desde março, quando o bar onde ele trabalhava como atendente, no Centro da capital, teve que fechar as portas por conta da pandemia do novo coronavírus.

Com experiências breves como auxiliar de produção em uma empresa e fotógrafo em um bar no bairro Vieiralves, zona Centro-Sul de Manaus, Moraes conta que tem recorrido a amigos, jornais e até mesmo a aplicativos de celular para pesquisar vagas de trabalho.

“Eu tenho usado um aplicativo de celular pra conferir as vagas de emprego disponíveis. Também busco em jornais e pergunto a amigos e conhecidos se eles sabem de lugares que estejam recebendo currículos”, disse.

No entanto, mesmo quando sabe de alguma vaga, um velho obstáculo tem impedido o jovem de deixar a fila do desemprego: a experiência exigida para ocupar boa parte dos postos de trabalho.

“É até irônico falar que não há vagas de emprego em Manaus, pois todos os dias surge uma vaga nova em algum lugar. Porém, às vezes, o que complica são as especificações da vaga. Há muitos lugares que exigem carteira de motorista ou um certo número de meses de experiências”, relatou ele, lamentando que, por conta disso, ainda não foi chamado para nenhuma entrevista de emprego.

Mais desempregados

De acordo com o coordenador da Pnad Covid19, Tiago Almudi, o número de pessoas desempregadas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade, mas gostariam de trabalhar, caiu de 560 mil em maio para 496 mil em junho, uma redução de 11,4%.

“Em relação aos indicadores de trabalho, a pesquisa mostra que o número de pessoas ocupadas no Amazonas sofreu uma leve variação positiva: um aumento de 1,3% de maio para junho”, apontou Almudi. “No entanto, houve um forte acréscimo na quantidade de pessoas desocupadas. Ao todo, são 56 mil pessoas que, em maio, eram consideradas “fora da força de trabalho”, por não estarem procurando emprego, que, em junho, procuraram alguma ocupação renumerada, mas não encontraram, sendo consideradas, agora, desocupadas”, completou.

Informais

Com a reabertura das atividades econômicas no Amazonas, mês passado, o número de trabalhadores informais ultrapassou a metade do total de pessoas ocupadas no Estado – em miúdos, atualmente há 681 mil pessoas trabalhando informalmente, em comparação com os 325 mil empregados no setor privado e com carteira assinada e os outros 133 mil entre militares e servidores públicos.

O crescimento de junho em relação a maio foi de 40 mil trabalhadores informais no Estado - o que fez a taxa de informalidade passar de 49,0% para 51,5%. Contudo, a imprevisibilidade do mercado informal de trabalho pode não segurar esse crescimento por muito tempo.

“Trabalhava 12 horas por dia por 20 reais”

A atendente Emily Soares Pimenta, de 22 anos, personifica bem essa dinâmica da informalidade: ela deixou o grupo dos ocupados para voltar à fila de desempregados em menos de dois meses. Seu último emprego temporário foi em uma padaria no bairro Tancredo Neves, zona Leste de Manaus, onde, nas palavras dela, trabalhou como “faz tudo”.

“No último emprego, em uma padaria, eu trabalhava 12 horas por dia por 20 reais, mas voltei a ficar desempregada e assim estou há um mês. Antes, já fui operadora de caixa no Centro, repositora numa sapataria, trabalhei em uma lanchonete no interior e fazia pequenos serviços para a minha tia. Nunca trabalhei de carteira assinada”, disse ela, que ultimamente tem pesquisado vagas em grupos nas redes sociais, ainda sem sucesso.

Setor primário e construção civil puxam o crescimento

Entre as atividades econômicas que mais empregaram nos últimos dois meses estão os setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura que, juntos, abriram 27 mil postos de trabalho no Amazonas. O setor de construção passou de 64 para 70 mil postos – um crescimento de 9,3%. Já os setores de alojamento e alimentação, somados, aumentaram de 86 mil para 110 mil trabalhadores.

Entre os setores que mais reduziram postos de trabalho em junho, o destaque vai para a indústria geral (uma queda de 141 mil em maio para 133 mil mês passado) e o comércio (de 177 para 171 mil), sendo este último ainda se recuperando de dois meses de fechamento das lojas e dos centros comerciais por conta do decreto governamental.

Os empresários do comércio e da indústria amazonense esperam recuperar a produção, as vendas e os empregos após a aprovação, essa semana, do Projeto de Lei número 165/2020, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), que suspende todos os feriados municipais em Manaus pelos próximos 12 meses após a revogação do Decreto nº 4.787/2020, que declarou Estado de Calamidade Pública para o enfrentamento da pandemia.

Autor do projeto, o vereador Hiram Nicolau (PSD) explica que a proposta suspende seis feriados municipais para tentar “reaquecer” o comércio em Manaus. “A proposta não vai resolver tudo, mas faz parte de um grande pacote que temos que passar (na CMM] para o reaquecimento da atividade comercial”, disse o parlamentar.

Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Manaus), Ralph Assayag, a recuperação do comércio só acontecerá, de fato, quando houver contratação de novos funcionários. “Após a sanção desse projeto de lei acredito que podemos recuperar até 35% do prejuízo causado pela pandemia”.

ReproduçãoO setor de construção passou de 64 para 70 mil postos, crescimento de 9,3%

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