07/08/2013
“Até 2011 todos os comparativos que faziam eram em dólar, agora que a moeda americana valorizou-se em relação ao real eles usam o comparativo com real, e o pior, sem considerar na análise os impactos da inflação e correção monetária”, reclamou. Para Périco o governo e a Suframa gostam de artifícios para mostrar resultados mais significativos. “Devemos fazer um exame mais apurado, não há motivos para euforia”, lamenta.
O crescimento do PIM em dólar foi de 2,26%, o que equivale a pouco mais de US$ 400 milhões de diferença com relação a 2012, um ano considerado catastrófico para o polo. Para se ter uma ideia, no comparativo de 2012 com 2011 o faturamento apresentou um decréscimo de 9,63%. Essa mesma comparação feita em reais apresenta um crescimento de R$ 3,8 bilhões ou +11,42%. “Em uma economia em que a inflação está em 6,7%, que o PIB não vai crescer nem 3% ao ano, falar que teve crescimento de 11% dá uma conotação que em Manaus está tudo super bem, quando isso não é verdade.”
Périco ressalta que há vários setores que não vem apresentando resultados positivos e que, se os dados forem analisados com mais cuidado será visto que o polo está apenas estável. “Estamos sempre falando das dificuldades e do desgaste e sofrimento que o polo tem passado. Nós estamos de olho, o segmento de Duas Rodas está sofrendo, o segmento componentistas também e estão falando que está tudo bem, mentira, não está tudo bem”, reclama.
Setores importantes para o PIM como Polo de Duas Rodas e o Metalúrgico seguem demonstrando resultados negativos no semestre. No setor de Duas Rodas a redução de faturamento foi de -13,22%, com US$ 3,3 bilhões. A fabricação de motocicletas e motonetas, por exemplo, sofre redução de 11,31% e de bicicletas de 8,51%. No Polo Metalúrgico o desempenho foi semelhante e houve uma redução de 13,54% no faturamento com US$ 773 milhões. Os dois setores juntos equivalem a 22,69% do total do faturamento do PIM. O pior desempenho foi do segmento do vestuário com baixa de 65,1%.
Performance do PIM
O economista Jose Laredo explica que com a variação de câmbio e as mudanças econômicas acontecendo na economia global, a análise de desempenho do PIM não deve ser baseada no faturamento. “Comemorar crescimento pífio de faturamento quer seja em dólar ou em real não representa uma análise consistente do desempenho do modelo. O ufanismo em cima de faturamento não tem competência suficiente para dizer que o PIM está saudável”, opina.
Para Laredo, a melhor forma de se analisar a consistência atual do modelo é analisar as taxas de natalidade de novas fábricas. Em 2012 o PIM terminou o ano com 474 fábricas. “A taxa de mortalidade ainda é alta. Precisamos ter mais investimentos em captação de novas fábricas para que a natalidade supere a mortalidade. E o PIM precisa terminar o ano com mais de 500 fábricas funcionando”.
Segundo Laredo, se pegarmos os desempenhos dos últimos 6 a 8 anos a taxa de crescimento de novos projetos aprovados foi de 2,8% enquanto a taxa de natalidade líquida apresenta um crescimento menor, em torno de 1,3%. “Quando diminui a taxa bruta de projetos aprovados menos a taxa líquida se encontra uma taxa de mortalidade de até 43%”.
Prefeitura
A saída apresentada para que o modelo volte a apresentar crescimento seria trabalhar um plano sistemático de vendas, incluindo obrigatoriamente a Prefeitura de Manaus. O economista destaca que há centenas de motivos para que uma empresa saia do PIM, mas a única razão para que elas venham para a ZFM são as vantagens tributárias comparativas oferecidas pelos incentivos fiscais.
“A Importância do PIM é tamanha que não pode mais ficar na mão da Suframa e do Governo do Estado. Tem que incluir todos os poderes Executivos, Federal, Estadual e municipal. O governo é um sócio não solidário nos investimentos. Não coloca um dólar para montar uma fábrica. Mas quando começa a funcionar o governo arrecada”, reclama.
Outro argumento do economista Jose Laredo é que a cada R$ 1 gasto em compras no comércio, decorrente dos salários pagos pelas indústrias, 35% são destinados a compras formais. “Em sendo com nota fiscal o Estado arrecada ICMS. Consequentemente a prefeitura tem uma parte desse ICMS. Portanto a cada pessoa nova que a prefeitura ajuda a trazer para cá mais receita ela vai ter. A prefeitura já tem assento no CAS e no CODAM. Falta operacionalizarem o direito de se envolverem no processo”, conclui.
Fonte: JCAM