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Déficit comercial da indústria cresce 60% no primeiro trimestre

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30/04/2019

Notícia publicada pelo site Valor Econômico

As exportações de bens manufaturados caíram 9,1% no primeiro trimestre de 2019 contra igual período do ano passado. Na mesma comparação, as importações caíram 1,6%. A combinação resultou em um aumento perto dos 60% no déficit da balança da indústria de transformação.

O saldo negativo de janeiro a março atingiu US$ 6,8 bilhões, seguindo a tendência de deterioração do saldo comercial da indústria de transformação. No ano passado, o déficit foi de US$ 4,3 bilhões. Em 2017, de US$ 2,5 bilhões. Os dados são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O desempenho dos bens industriais contribuiu para um menor resultado da balança como um todo. Mesmo com a melhora de saldo comercial dos bens primários no mesmo período, destaca o Iedi, o superávit comercial da balança total do país foi de US$ 10,5 bilhões, o menor patamar desde 2016, considerando sempre o primeiro trimestre do ano.

Rafael Cagnin, economista do Iedi, diz que a perspectiva atual é de que essa dinâmica nos bens industriais seja mantida no decorrer do ano, tanto por fatores internos como por externos. "Um resultado de saldo melhor só acontecerá se os riscos negativos no cenário externo não se efetivarem e se o enfraquecimento da economia doméstica afetar ainda mais as importações de bens manufaturados", diz ele.

Entre os riscos externos, ele destaca uma dificuldade ainda maior de solução para o Brexit, no Reino Unido, e o acirramento do conflito entre Estados Unidos e China. "Vale lembrar que, ainda que passe atualmente por uma fase de moderação, esse confronto entre os dois países não será superado rapidamente, já que ele não é um conflito estritamente comercial. Essa é apenas uma das faces de uma concorrência mais acirrada do ponto de vista tecnológico e de hegemonia de poder global."

O efeito da economia doméstica sobre as importações também já aparece, salienta Cagnin, corroborando os demais indicadores conjunturais que mostram baixa atividade econômica durante o primeiro trimestre. O economista ressalta a queda de 21% na importação de carvão e produtos de petróleo refinado de janeiro a março de 2019 contra iguais meses do ano passado. Trata-se de uma reversão, diz ele, já que a variação dessas importações vinham com sinal positivo na comparação trimestral interanual desde 2017.

O estudo do Iedi levantou o desempenho da balança comercial da indústria por quatro faixas de intensidade tecnológica: alta tecnologia, média-alta, média-baixa e baixa

Entre os destaques, Cagnin aponta o desempenho do grupo da média-alta tecnologia composto, por exemplo, de máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos, além de veículos e produtos químicos. Esta faixa foi a que apresentou a maior deterioração de saldo comercial no primeiro trimestre.

O déficit da média-alta tecnologia no primeiro trimestre chegou a US$ 9,6 bilhões, com salto de 33% em relação a igual período do ano passado. O saldo resultou de aumento de 2,3% nas importações e de declínio de 21,4% nos embarques.

Dois movimentos principais, diz o economista, explicam o resultado: a queda de 36,1% nas vendas externas de veículos, em razão sobretudo da crise argentina, e o avanço de 12,1% nos desembarques de produtos químicos, exceto farmacêuticos.

Outro destaque fica com a faixa da indústria de baixa intensidade tecnológica, tradicionalmente superavitária, composta por madeira, papel e celulose, alimentos e bebidas e têxteis, couro e calçados.

Esse grupo manteve saldo positivo, mas o superávit de janeiro a março ficou 10% abaixo do de iguais meses de 2018, caindo para US$ 7,9 bilhões. O déficit resultou de redução de 8,9% das exportações, num ritmo mais acentuado das importações, que caíram 5,9%.

Cagnin ressalta que, com o desempenho, a balança da indústria de transformação tem contribuição limitada para a reativação do nível de atividade da economia doméstica.

As perspectivas para o decorrer do ano não são as melhores, diz o economista. A crise econômica da Argentina deve continuar a trazer efeitos adversos para a exportação brasileira de manufaturados e há ainda os obstáculos à competitividade da produção nacional ainda sem equacionamento.

"Ao mesmo tempo, o cenário externo, apesar de não estar em franca deterioração, não é ambiente favorável que contribua muito para a nossa recuperação", diz Cagnin. Ele destaca que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento global de 3,3% em 2019, com desaceleração em relação à expansão de 3,6% em 2018. Especificamente em relação às trocas internacionais, as estimativas da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam crescimento de 2,6% neste ano, contra 3% de avanço no comércio internacional de 2018.

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