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Debates (im) produtivos sobre Amazônia - artigo

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07/01/2020

Nelson Azevedo

Vice-Presidente da FIEAM

e-mail: nelson.azevedo@fieam.org.br

Em artigo replicado do Estadão na página da empresa XP Investimentos, no último dia 30 de dezembro, de autoria de sua economista-chefe, Zeina Latif, a Zona Franca de Manaus (ZFM) é citada como uma distorção fiscal porque sua atividade industrial está distante da oferta de insumos e da demanda do bem final. Mais uma citação contra a economia do Amazonas baseada em argumento tosco e preconceituoso. Se distância fosse sinônimo de distorção, a China seria a maior das aberrações de negócios da história e não estaria entre as maiores economias do Planeta.

Aquele país consegue, a propósito, entregar um televisor no Porto de Santos mais rápido do que a ZFM porque a logística de transportes de nossa economia cresce como a cauda do cavalo. Para baixo. Portanto, o problema não é a distância e sim a incapacidade deste país em conhecer e administrar suas desigualdades e distribuir suas oportunidades. Encantados com a ZFM - No dia 1º de abril de 2016, a economista Zeina Latif, acompanhada de seu consorte, o também economista Marcos Lisboa, ambos contumazes militantes pelo fim da ZFM, esteve em Manaus, a convite das entidades do setor produtivo, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas para participar dos Debates Produtivos, uma de nossas rotinas para prestar contas ao contribuinte do Brasil. Saíram daqui encantados com o que viram, experimentaram e degustaram na ZFM, seu banzeiro econômico, tecnológico, ambiental e gastronômico.

Messianismo destrutivo - Ao sugerirem a precificação dos serviços ambientais, indicaram o Instituto Escolhas, uma organização não-governamental financiada por algumas corporações, incluindo, curiosamente, o sistema financeiro. O tal instituto aqui desembarcou há alguns meses trazendo na mala uma proposta para substituir a ZFM com R$ 7 bilhões de investimentos, de origem não muito clara, para subliminarmente liquidar com a economia do Polo Industrial de Manaus.

Curioso é também considerar que a proposta messiânica não mobilizou os atores locais especializados no assunto. E ignoraram que em 2018, a ZFM recolheu R$14,5 bilhões aos cofres federais.

Tenha santa paciência! Irresponsável, prejudicial e injusto Em seu artigo, a economista fala em neutralidade, isonomia, simplicidade, transparência e capacidade de arrecadação.

Entretanto, esses atributos não conferem com seus ataques à economia do Amazonas que ela conheceu bem de perto, entre passeios de iate, pesca sustentável de pirarucu e os 85% de verticalização de uma das Indústrias visitadas, a Moto Honda da Amazônia, que utiliza no processo produtivos 70 de seus insumos produzidos na região.

Chamar de distorção um amontoado de acertos consignados por nossa economia é atitude irresponsável, prejudicial e injusta, pois padece de fundamentos, atrapalha a atração de investimentos produtivos e é incoerente com a experiência aqui vivida.

Não há gasto público na ZFM - Ou será que a ZFM, que utiliza 8,5% do montante federal de incentivos fiscais, atrapalha a ciranda financeira ­ privilegiada e danosa - que descreveu a economia deste Brasil desigual há bem pouco tempo? Não há renúncia fiscal como insinua a economista-chefe da XP-Investimentos, pois não há gasto público de um centavo sequer no processo produtivo da ZFM.

E as empresas aqui instaladas, se forem expulsas do Amazonas - como parece ser o desejo de seus detratores ­ não iriam para o Sudeste, onde mais da metade do bolo fiscal é usufruído.

Elas buscariam os atrativos fiscais inteligentes de países do nosso próprio Continente.
Somos a melhor saída para o Brasil Nós não somos a causa da patologia fiscal do Brasil.
Somos, provavelmente, a melhor saída para a economia pujante e sustentável que
o Brasil precisa.

E já teríamos demonstrado isso se os recursos bilionários que nossa indústria destina à pesquisa, desenvolvimento e inovação fossem efetivamente aplicados na região, como determina a Constituição do Brasil ao conceder 8,5% de contrapartida fiscal para a Amazônia Ocidental, mais o Estado do Amapá.

Não nos ponham no banco dos réus, apenas respeitem nosso jeito de gerar riqueza, baseados na sustentabilidade da Amazônia, mantendo intacta nossa floresta, empregos e oportunidades para todo o Brasil.

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