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'Crise também é tempo de qualificar', orientam especialistas do PIM, no AM

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02/03/2017

Ao longo de 50 anos de história do Polo Industrial de Manaus (PIM), as indústrias na capital têm registrado perdas de vagas incentivadas também pela crise econômica no país. Somente nos últimos dois anos, já são 36 mil postos de trabalho a menos. O momento ainda é de recessão, mas especialistas ouvidos pelo G1 apostam que a recuperação do Polo Industrial deve iniciar a partir do final de 2017 e, com isso, oportunidades de emprego voltarão a surgir. Até lá, a busca por qualificação profissional continua como sendo importante aliada na busca por vagas, dizem especialistas.

Enquanto os efeitos da recessão não acabam e a geração de empregos não é retomada, profissionais entrevistados pelo G1 afirmam que o momento é de ampliar a qualificação para quem busca retornar ao mercado de trabalho no setor industrial. Técnico de produção e montadores, além de mecânico ferramenteiro e usinagem são os cargos mais ofertados, atualmente.

"Qualquer momento é momento de qualificação. O momento que estamos vivendo é mais uma opção estratégica e correta de quem faz opção por estudar. Porque sabemos que certamente em algum momento essa crise vai melhorar e sabemos que só vamos sentir os efeitos disso daqui a um ano. A pessoa que está se preparando agora para o mercado de trabalho, olhando, principalmente, no nosso caso a indústria, certamente ela vai sair na frente", afirmou diretor do Serviço de Nacional de Aprendizagem Industrial no Amazonas (Senai-AM), Rogério Azevedo.

Eletroeletrônica e mecânica figuram entre as duas áreas de formação com maior demanda de postos de trabalho no Polo Industrial de Manaus. Os cursos técnicos de eletrônica, eletrotécnica, instalações elétricas prediais e industriais, além de mecatrônica, automação industrial e mecânica ocupam as primeiras posições na lista de quem vai disputar vagas nas fábricas nacionais e multinacionais em Manaus.

Para Rogério Azevedo, há uma demanda voltada à necessidade das indústrias em Manaus. "Na parte de mecânica, tem toda formação de ferramenteiro para trabalhar na parte de usinagem e no parque termoplástico, na instrumentação, na manutenção de máquinas e equipamentos. Todos eles têm uma demanda direta voltada para necessidade da indústria e no Polo Industrial", disse.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam),Wilson Périco, também concorda que o período da escassez de vagas será uma oportunidade para o profissional buscar capacitação.

"É preciso que o trabalhador aproveite esse momento para buscar uma qualificação dentro dos cursos que são oferecidos por órgãos que tenham cursos focados na atividade do Polo Industrial. Para que na hora que o mercado reaqueça, o profissional esteja mais preparado para poder conquistar a vaga", orientou o presidente do Cieam.

De acordo com Senai-AM, com base em pesquisas no mercado, em condições de estabilidade da economia a demanda de mão de obra qualificada é maior na construção civil e cargos na linha de montagem das fábricas.

"Temos uma pesquisa da CNI [Confederação Nacional da Indústria] para verificar justamente quais são as necessidades de formação de pessoal nas indústrias. Normalmente, construção civil lidera esse processo, sempre tem muita vaga e necessidade. Lógico que em condições normais da economia, que não é o que estamos vivendo no momento. Temos uma demanda muito forte para montadores, pois nossas indústrias aqui no PIM, essencialmente, são indústrias montadoras. Precisa-se técnico de produção e montadores nas linhas de produção. Mecânico ferramenteiro e usinagem, além de técnico em mecânico de automóveis que não atuam diretamente para indústrias", explicou o diretor.

Em Manaus, há ao menos quatro escolas de formação profissional em Manaus que oferecem cursos gratuitos e capacitação que variam até R$ 600. A modalidade de cursos gratuitos se concentra na modalidade de aprendizagem industrial, que atende estudantes que foram contratados por empresas e necessitam de qualificação. "O preço do curso varia muito, depende do nível e sofisticação. Os cursos de qualificação de duração mais curta variam entre R$ 100 e R$ 120", informou Rogério Azevedo.

O coaching Carlos Eduardo Oshiro explicou que o trabalhador que está desempregado pode buscar qualificação também com cursos à distância. "Na internet tem cursos online pagos excelentes. Aí está uma grande vantagem porque na internet hoje você tem cursos fantásticos como o Poder do Foco e o Poder da Ação. Você tem treinamentos comportamentais que servem para você transforme sonhos, preocupações e medo em comportamentos e ações", destacou.

Desaceleração

A recessão desencadeou uma desaceleração no consumo e, consequentemente, uma queda na produção industrial. A ocupação de postos de trabalho no Polo Industrial de Manaus há dois anos vem registrando queda.

De acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), entre os anos de 2014 e 2016 o número de trabalhadores empregados no PIM caiu de 122.177 para 85.381. Houve uma redução 30,1% de mão-de-obra nas fábricas do PIM. A redução foi de 18,8% no comparativo do volume de empregos entre ano passado e 2015.

Desde 2014 o PIM tem fechado os balanços anuais com índices negativos entre o número de admissões e demissões de trabalhadores. Foram 6.478 mil demissões registradas a mais do que contratações em 2014. A situação foi mais crítica ainda em 2015 quando o total de demissões chegou a 58.566 e admissões 33.089. Uma diferença de 25.477 trabalhadores demitidos. No ano passado, o saldo negativo entre admissões e demissões ficou menor de janeiro a novembro, mas a situação ainda preocupa já que a diferença de ocupação de postos de trabalho é de quase 5 mil.

Apesar de a crise ter causado perdas em todo setor industrial, o presidente do Cieam, Wilson Périco, explicou que dois segmentos do Polo Industrial de Manaus não sofreram impactos negativos tão expressivos como os demais. São eles: o setor petroquímico e os fabricantes de barbeadores descartáveis.

"Esses dois segmentos não sentiram muito a queda, mas não tiveram aumento também. Acho que a recuperação não acontece esse ano. Esperamos uma estabilização, que já seria um grande negócio, ou seja, reduzir o processo de queda para depois no final do segundo semestre ou começo de 2018 a gente ter alguma recuperação. Isso está muito ligado ao nível de consumo do consumidor e ao desemprego. São mais 13 milhões de pessoas que perderam os empregos no país. As pessoas que estão empregadas não têm a segurança de que não perderão os empregos no curto e médio prazo. Elas não consomem e isso que faz uma redução de consumo. Quanto menor demanda final de consumo, menor atividade na linha de produção", comentou Wilson Périco.

Fonte: G1.com

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