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Crise pós-Covid já assusta

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22/04/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Marco Dassori

A pandemia do novo coronavírus deve empurrar o PIB brasileiro 5,2% ladeira abaixo, ao final de 2020. A projeção é da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão vinculado à ONU, que aponta a pior crise social para a América Latina em décadas. Fontes ouvidas pelo Jornal do Commercio apontam que, além de perdas, a crise da Covid-19 vai mudar a economia mundial drasticamente.

A estimativa de queda para o Brasil ficou próximo da previsão para o impacto na América Latina, cuja economia deve se contrair 5,3% em 2020, no pior desempenho desde que começaram os levantamentos no continente, em 1900. A taxa de desemprego no subcontinente deve saltar de 8,1% (2019) para 11,5% (2020), com 37,7 milhões de desempregados, sendo 11,6 milhões a mais.

Os principais impactos econômicos sobre a região virão da queda no valor das matérias -primas, da qual dependem as exportações de muitos países, inclusive o Brasil, e da paralisação de setores importantes para os países, a exemplo do turismo. Além disso, as remessas de emigrantes para a América Latina deverão cair de 10% a 15% em 2020, levando até oito anos para se recuperarem em relação aos níveis de 2019.

A Cepal projeta que 28,7 milhões de pessoas passarão para a situação de pobreza na América Latina neste ano, com a taxa subindo de 30,3% para 34,7%. Em relação à extrema pobreza, 16 milhões de latinos americanos e caribenhos migrarão para essa categoria, com a taxa aumentando de 11% para 13,5%.

Sem saída

O presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Júnior, lembra que a atual crise da Covid-19 é muito diferente da crise de 2008. O economista acrescenta que o fato de ainda não ser possível vislumbrar uma saída do período de quarentena dificulta qualquer estimativa de seus impactos na produção, vendas, consumo, emprego e renda. “São projeções que têm de levar em conta o tempo em que as medidas de restrição forem necessárias e a forma como se dará a reação do mercado, no período pós-pandemia, bem como o retorno ao consumo. A crise anterior se deu por uma quebra do mercado financeiro com sérios abalos na confiança de investidores. Esta ocorreu por uma quebra no consumo em decorrência de uma crise sanitária”, ponderou.

Outra incógnita que surge no h horizonte, em um panorama em que políticas de assistencialismo se revestem de função estratégica como políticas compensatórias anti-crise, é a evolução no mercado de petróleo e derivados, segmento no qual o país se destaca. “Os preços devem parar de cair, assim que a crise acabar. Mas, como o estoque atual é elevado, não se sabe em que nível a atividade retornará, nesse período”, explicou.

O presidente do Corecon -AM aponta que o mundo não será o mesmo quando a poeira da pandemia do novo coronavírus baixar. As mudanças aguardadas incluem uma inclinação mais forte ao protecionismo por parte dos países e a maior aceitação do home office como meio de produção. “A tendência é uma verticalização do trabalho e que a questão do trabalho digital se torne mais ágil. As empresas vão estar com as contas altas e a redução de custos será muito bem-vinda”, justificou.

“Nova realidade”

Em sintonia, o também economista, e presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, ressaltou ao Jornal do Commercio que o período pós-coronavírus despontará com uma nova realidade, com novas vertentes para as relações de trabalho e comerciais, acelerando tendências que já se vislumbravam nos anos anteriores, pelo avanço das tecnologias digitais.

“As pessoas falam em voltar à normalidade, essa ‘normalidade’ vai ser completamente diferente. As empresas estão vendo que é possível manter resultados mantendo seus colaboradores em home office. Para que ter gastos com estruturas enormes, então? As pessoas também estão aprendendo que dá para comprar sem sair de casa. Para que os estabelecimentos têm que ser grandes e com tantos funcionários, se a quantidade de clientes vai ser menor?”, questionou.

Na mesma linha apontada pelo presidente do Corecon -AM, Wilson Périco salienta que as mudanças não devem se restringir aos modos de produzir e vender, mas devem incluir também a forma das empresas fazerem negócios, tanto no fronte interno, quando no externo, com possível amplitude de produção.

“Você já ouve comentários nos Estados Unidos e aqui, no Ministério da Economia, que não dá para ficar dependente de um único fornecedor, com aquela concentração de atividades que têm na China, que perdurou durante anos e só fez crescer. Acho que os países vão repensar. E, ao fazer isso, vão ter que rever seus custos internos, incluindo carga tributária, burocracia e infraestrutura. São lições que essa pandemia trouxe para o mundo. Mas, tenho muito otimismo de que sairemos mais fortes dessa crise”, finalizou.

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