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Crise política pode atrasar volta do emprego

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01/06/2017

Reportagem publicada no Diário, Comércio, Indústria & Serviços (DCI)

O agravamento da crise política no País pode reverter a perspectiva de recuperação do mercado de trabalho que, até duas semanas atrás, estava prevista para acontecer no segundo semestre deste ano.

No trimestre encerrado em abril, a taxa de desemprego já alcança 13,6% (14 milhões de pessoas), uma alta de 1 ponto percentual quando comparada ao trimestre finalizado em janeiro (12,6%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), José Nicolau Pompeo, afirma que há duas semanas atrás, a expectativa era de que a desocupação crescesse até o mês de setembro, alcançando 15 milhões de pessoas e começasse a cair depois deste período.

Porém, com as incertezas geradas pela divulgação da delação de um dos sócios da JBS Joesley Batista, no dia 17 de maio, colocando em xeque o mandato do presidente Michel Temer, há a possibilidade que o número de desempregados possa continuar avançando após setembro, chegando a 16 milhões de pessoas. "Se há incerteza é porque o risco é muito elevado. Neste cenário, é improvável que os empresários continuem investindo. Eles não só param de contratar, como cortam mais custos nesta situação", diz Pompeo.

A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andréia Parente faz uma avaliação semelhante, acrescentando que a não aprovação das reformas estruturais pode acabar atrasando o processo de retomada do emprego. "A perspectiva de recuperação do mercado de trabalho estava associada a uma expectativa de melhora do ambiente de negócios que, por sua vez, estava ancorada na aprovação das reformas. Sem o andamento desta agenda, pode ocorrer um atraso na volta dos investimentos e, portanto, da atividade e da retomada do mercado de trabalho", avalia a pesquisadora.

Menor intensidade

Ao comentar os dados da Pnad, o próprio coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, admitiu que os últimos eventos políticos podem afetar os números já desfavoráveis da economia.

"O mercado está demitindo menos. A procura por trabalho continua crescendo, mas cresce em intensidade menor. O mercado reage de alguma forma a efeitos externos, tanto macroeconômicos quanto políticos. Só que a pesquisa reflete abril. Você tem um mês de maio com crise política, com efeitos que podem afetar o cenário econômico e podem afetar o mercado de trabalho", analisou Azeredo.

Outros dados divulgados pelo IBGE mostram que, em relação ao trimestre encerrado em março (13,7%), a taxa de desocupação chegou a recuar 0,1 ponto em abril. No entanto, Azeredo explica que a desaceleração no ritmo de alta da população desempregada pode estar associada ao desalento, ou seja, às pessoas que desistem de procurar emprego.

Outros dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que a população ocupada cresceu de 88,947 milhões em março, para 89,238 milhões em abril. Além disso, o número de empregados com carteira assinada (33,3 milhões) reduziu 1,7% (menos 572 mil pessoas) na comparação com o trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017 (33,9 milhões). Frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2016, houve queda de 3,6%, o que representou a perda de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas nessa condição.

"Em três anos, o Brasil perdeu 3,5 milhões de empregos, sendo 96% deles com carteira assinada", lembrou Azeredo.

Já o rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 2.107) ficou estável em abril, frente ao trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017 (R$ 2.095) e também em relação ao mesmo trimestre de 2016 (R$ 2.052).

Na abertura dos dados setoriais, o IBGE revela que o comércio dispensou 451 mil empregados em apenas um trimestre. A construção demitiu outros 291 mil funcionários, enquanto na agricultura, 218 mil postos de trabalho foram cortados. Já nos transportes, seis mil pessoas foram demitidas, enquanto que o corte atingiu 47 mil pessoas na administração pública, defesa, seguridade social, educação e saúde humana.

Na indústria, 204 mil pessoas foram contratadas no trimestre encerrado em abril. No serviço doméstico, outros 26 mil foram admitidos. Já a atividade de alojamento e alimentação absorveu mais 150 mil pessoas no trimestre.

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