05/08/2014
De janeiro a maio de 2013, o Amazonas exportou US$ 107,6 milhões para a Argentina. No mesmo período de 2014 esse número chegou US$ 108,4 milhões. Dentre os principais produtos inclusos nesta lista de exportação para o País vizinho estão: motocicletas entre 125 e 250 cilindradas, aparelhos e lâminas de barbear, e canetas. Mas o gerente executivo do Centro Internacional de Negócios (CIN-AM), José Marcelo de Lima, explica que do total dos produtos exportados pela Zona Franca de Manaus (ZFM) cerca de 98% é absorvido pelo comércio nacional e que apenas 1,5% é exportado. Dessa parcela o que vai para o mercado argentino é no máximo 1%.
Segundo ele, esses dados demostram que neste primeiro momento, após a oficialização do ‘calote’ o comércio brasileiro e consequentemente o amazonense não sofrerá reflexos em sua comercialização ou produção. Mas, Lima considera que se não houver negociação nos próximos meses a situação pode piorar e atingir a economia brasileira. “Se essa situação perdurar poderemos ser afetados sim. Mas, como já houve um depósito que foi retido, estou otimista e acredito em uma negociação”, disse.
De acordo com Lima, o atual cenário da Argentina não limita o Brasil a acordos com novos parceiros econômicos. Ele afirma que essa é uma das metas do governo brasileiro e que é possível o país firmar parceria com países como África, Estados Unidos e México, entre outros. “O trabalho do governo brasileiro é de abrir novas fronteiras porque não podemos ficar limitados ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). Temos condições de abrir novos horizontes com exportações dos produtos manufaturados e os commodities”, comentou.
O economista e consultor Hélio Pereira acredita que a dívida mantida pelo país vizinho deve agravar, de alguma forma, o cenário econômico amazonense. Ele explica que todo país precisa pagar suas dívidas externas, caso não queira cair em descrédito com os mercados estrangeiros. Pereira afirma que com o “calote” os outros países não se sentirão seguros de comercializar seus produtos. A Zona Franca de Manaus (ZFM) está inclusa nessa situação. “Todo país mantém suas reservas financeiras, mas nestes casos, o governo pode intervir e ter acesso ao dinheiro para destinar aos credores. Qual país terá confiança de vender sua produção para uma liderança que não tem dinheiro para pagar?”, indagou.
Pereira ainda disse que na ausência do acordo, a Argentina anuncia crise financeira e deixa de receber todo o material importado, entre eles, possíveis produtos da ZFM. O economista Jose Laredo concorda com a tese de Hélio Pereira e afirma que após a divulgação do default (não cumprimento de uma cláusula num acordo entre credor e devedor) a economia brasileira deverá ser afetada. “Quando um país entra em default ele cai em descrédito internacional e isso dificulta a movimentação do capital de giro das indústrias. Os financiamentos ficam escassos, a produção diminui e consequentemente o comércio vende menos”, avalia. “Um fator negativo quanto a economia argentina é o aumento do índice de desemprego”, complementa.
Fonte: JCAM