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Crise gera perda de empresas e segmentos industriais no Polo Industrial de Manaus

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15/05/2015

Redução nos investimentos e consequentemente menor geração de emprego e renda no Estado. Esses são os impactos econômicos decorrentes do fechamento de uma empresa instalada no Polo Industrial de Manaus (PIM), conforme a avaliação dos representantes industriais. Um exemplo recente foi o encerramento das atividades da Bramont, fabricante do grupo chileno Gildemeister. A empresa, que produzia jipes e picapes, tentou inserir o polo quatro rodas no projeto fabril do parque industrial, mas a tentativa foi frustrada.

De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, o fechamento de uma empresa gera prejuízos não só ao polo industrial, mas também a todo o Estado. Ele explica que no caso da Bramont, que idealizava a inserção de um novo segmento produtivo no PIM a situação é ainda mais lamentável pelas perdas tecnológicas. "A empresa trouxe investimentos tecnológicos voltados a um novo setor produtivo no Amazonas, fator que gerou empregos diretos e indiretos. A cada encerramento de atividades ocorre o desemprego, e em cadeia. Foi uma perda lamentável mas é a triste realidade", avaliou.

Para Azevedo, a consolidação do modelo pode ser alcançada a partir da maior celeridade aos trâmites documentais exigidos para a devida implantação de uma empresa no PIM. "Há necessidade de termos maior agilidade nos processos de implantação de projetos, só assim conseguiremos consolidar esse modelo".

O vice-presidente ainda frisou que o fechamento de uma empresa afeta diretamente a arrecadação municipal e estadual. "Vivemos um momento econômico difícil em todo o país e isso reflete na arrecadação tributária. Porém, acredito que o governo precisa, também, fazer a sua parte, reduzindo gastos mas sem cortar o que envolve os serviços públicos como saúde e educação, por exemplo", considera.

Segundo o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, para que o modelo ZFM seja fortalecido é preciso descentralizar as atividades industriais concentradas em Manaus e ainda investir em pesquisas e desenvolvimento voltados aos produtos amazonenses. "Isso mostra que precisamos preservar nossas atividades por meio do desenvolvimento e exploração de novos potenciais existentes nos municípios do nosso Estado. É preciso descentralizar as riquezas que temos na capital e levar geração de emprego e renda ao interior. Desta forma deixaríamos de ser totalmente dependentes da capital", explica.

Fechamento de empresas


Instalada há 8 anos no PIM, a Bramont, produzia jipes e picapes da marca indiana Mahindra e ainda motos da marca Benelli. Segundo representantes da indústria, o fechamento foi ocasionado pela queda expressiva nas vendas e pela desvalorização do real, o que aumentou o custo dos componentes importados pela empresa.

O coordenador de comunicação da Bramont, Álvaro Sandre, explica que o processo produtivo instalado na capital se tornou inviável devido a um "panorama adverso" do mercado automobilístico nacional que ainda foi agravado pela alta do dólar. "As vendas no mercado automobilístico tiveram quedas bruscas, reduzidas em 40%, e isso somado à alta do dólar tornou a produção inviável", comenta.

Segundo Sandre, o cenário econômico não apresenta bons resultados desde o último ano. Ele lembra que o primeiro semestre de 2014 foi de retração nas vendas e que em setembro o faturamento apresentou um leve aumento de 15%. Mesmo assim, as boas expectativas foram frustradas. A empresa que chegou a empregar 95 funcionários, operava no último trimestre de 2014 com um quadro funcional composto por 70 colaboradores.

Sandre informa que as últimas unidades existentes na planta fabril local, que eram 600 veículos e mais 300 motos, foram transferidas para a matriz da Bramont, instalada no Chile. O prédio foi desativado no dia 2 de fevereiro deste ano e está sendo ofertado à venda. "Todo o maquinário continua montado na unidade. Estamos negociando o prédio com toda a estrutura", afirma.

O galpão desativado ocupa área total de 200 mil metros quadrados, com estrutura capaz de montar 5 mil carros anualmente com produção de apenas um turno. Parte dessa área, que totaliza 12,5 mil metros quadrados, inaugurada em janeiro de 2014, conta com duas linhas de montagem aptas a produzir 100 mil motos anualmente. Nessas linhas produtivas eram montadas as motocicletas italianas Benelli, desde dezembro.

Logística complexa


A ideia de iniciar um novo segmento produtivo no PIM, que seria o polo de quatro rodas, foi interrompida, talvez, por um processo logístico complexo, onde as peças de estamparia eram importadas da Índia e passavam pelos processos de montagem, pintura e finalização na cidade de Pouso Alegre, no Estado de Minas Gerais.

Logo após, as carrocerias prontas seguiam para Belém, no Pará, de onde embarcavam com destino à capital amazonense por meio de balsas. Na fábrica local a carroceria recebia o chassi juntamente com o motor e transmissão. Após o processo de montagem concluído, os carros retornavam para Belém e seguiam para Uberlândia (MG), de onde eram distribuídos.

No último trimestre de 2014, a Bramont desenvolveu projetos expressivos com base em publicidades e propagandas na tentativa de alavancar as comercializações, mas mesmo assim, a empresa não obteve êxito. O último modelo automotivo lançado pela empresa em Manaus foi o M.O.V. (Mahindra Off-Road Vehicle) 2015, em setembro de 2014. A intenção da empresa era consolidar sua produtividade no mercado brasileiro no segmento de duas rodas, com uma produção de até 150 mil unidades por ano.

Fonte: JCAM


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