27/06/2017
Reportagem publicada no Valor Econômico
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) caiu 1,9 ponto em junho, ante maio, feito o ajuste sazonal, para 82,3 pontos, devolvendo a alta do mês anterior. A piora da confiança pode ser reflexo do aumento da incerteza política após 17 de maio, diz a instituição. Na comparação com junho do ano passado, houve alta de 9,5 pontos.
"A piora das expectativas em junho foi fortemente influenciada pelo aumento da incerteza após os eventos de maio e dos riscos de que possam afetar negativamente a economia. A sondagem apurou piora das expectativas para o emprego e para as finanças familiares, o que, como em um efeito cascata, também reduzem o ímpeto para compras de bens duráveis nos próximos meses", afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor.
Em junho, tanto as percepções em relação à situação atual quanto as expectativas apresentaram resultados inferiores aos mês anterior. O Índice da Situação Atual (ISA) registrou sua terceira queda consecutiva, ao passar de 70,5 para 70,1 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE), que havia se recuperado em maio, recuou 2,9 pontos, para 91,7 pontos.
O indicador que mede as perspectivas em relação à situação financeira das famílias foi o que mais influenciou na queda do ICC em junho, ao cair 5,6 pontos em relação ao mês anterior, para 89,9 pontos. A piora das expectativas sobre a economia, em razão da instabilidade política e da dificuldade de recuperação do mercado de trabalho, faz com que as expectativas sobre as finanças familiares e o consumo de bens duráveis tenham se apresentado muito instáveis nos últimos meses. A queda no quesito que mede o ímpeto por compras de bens duráveis foi menos intensa. O indicador recuou 0,9 ponto em junho, para 77,6 pontos.
Houve queda da confiança em todas as faixas de renda, exceto para famílias com renda mensal entre R$ 2.100 e R$ 4.800. Após atingirem o mínimo da série de satisfação em relação às suas finanças no mês anterior, essas famílias se demonstraram mais otimistas neste mês, o que evitou queda maior do ICC. As famílias com renda mensal entre R$ 4.800 e R$ 9.600 apresentam o terceiro mês de queda consecutivo, com a confiança atingindo 83,6 pontos.
A Sondagem do Consumidor da FGV colheu informações de 1.929 domicílios entre os dias 1º e 21 de junho.