07/07/2014
De acordo com analistas, uma reedição do default de 2001 traria desconfiança e restringiria ao extremo o crédito para os argentinos.
O financiamento de exportações e importações seria prejudicado. Haveria piora de uma situação já evidenciada há alguns meses na balança comercial brasileira: a retração no fluxo comercial com o país vizinho, um dos principais parceiros do Brasil, e dificuldade em compensar, direcionando as vendas para outros mercados.
Calote da dívida
Após o calote de sua dívida há 13 anos, a Argentina renegociou com 93% dos credores No último dia 26, o país depositou US$ 1 bilhão destinados a pagar quem aceitou a reestruturação.
Entretanto, o juiz norte-americano Thomas Griesa ordenou a restituição da verba ao país, entendendo que os argentinos devem pagar primeiro a fundos especulativos, conhecidos como fundos abutres, que reclamam 100% do valor nominal dos títulos.
Para evitar um novo default, os argentinos precisam negociar com esses fundos. Griesa nomeou um mediador para acompanhar o diálogo.
Na quinta-feira (3), a Organização dos Estados Americanos aprovou uma declaração de respaldo à posição argentina, destacando que a intervenção judicial no processo de reestruturação da dívida de um país soberano traz instabilidade ao sistema financeiro internacional.
O documento não foi apoiado pelos Estados Unidos e o Canadá. O Brasil é favorável à Argentina. O chanceler argentino, Héctor Timerman, discursou no encontro, afirmando que o país negociará com os credores, mas “não abandonará seu povo para favorecer os fundos abutres”.
“Em um país que está em default, os bancos são mais resistentes a abrir linhas de crédito. O custo, por exemplo, de financiamento de exportações, ficará mais caro”, diz Walber Barral, da Barral M Jorge Consultoria e ex-secretário de Comércio Exterior.
Pagamento antecipado
“Empresas terão dificuldade em receber por eventuais exportações [para a Argentina]. Vão exigir que as vendas sejam feitas a partir de pagamentos antecipados”, acrescenta José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
Segundo Castro, em um cenário de calote, o Brasil sentirá diretamente os efeitos, já que a Argentina é o principal destino dos manufaturados brasileiros, recebendo metade dos produtos made in Brasil.
Na hipótese de não haver calote, as perspectivas para as relações comerciais entre o Brasil e a Argentina melhoram, mas permanece ainda o cenário de desaquecimento na economia argentina.
De janeiro a junho deste ano, as exportações do Brasil para a Argentina caíram 19,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O fluxo comercial entre os dois países recuou de US$ 524 milhões, de janeiro a maio de 2013, para US$ 385 milhões nos cinco primeiros meses deste ano.
Fonte: Amazonas Em Tempo