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Crescem contratações em maio, mas número ainda é o pior em dez anos

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01/07/2020

Fonte: EM TEMPO

Waldick Júnior

Sem os números dos Estados com mais clareza, o novo relatório do Governo Federal apontou que, em maio, aumentaram as contratações em diversos setores da economia no Brasil. No entanto, mesmo com mais carteiras assinadas, a quantidade de pessoas que foram demitidas é muito maior. O saldo negativo preocupa especialistas, já que é o pior em dez anos e parece estar longe de se mostrar positivo.

Segundo os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério da Economia, mais de 700 mil pessoas (703.921) foram contratadas em maio, em todo o Brasil. Por outro lado, mais de um milhão (1.035.822) foram demitidas, o que gera um saldo negativo de -331.901 postos de trabalho.

O número é o pior desde a série histórica que teve início em 2009 e superou o recorde de 2015, quando o saldo negativo de contratações havia sido de -116 mil empregos, segundo o próprio Caged.

Além disso, há uma comparação por regiões que coloca o Norte do Brasil como o terceiro em maior número de demissões, com -10.151 empregos. As maiores reduções nos postos de trabalho ocorreram no Sul, totalizando -78.667. Já o Centro-Oeste foi a região que se saiu 'melhor', com apenas -12.580 empregos.

Setor de 'Serviços' em crise

Os dados do Novo Caged foram aprofundados por setor, o que ajuda a entender como cada área da economia foi afetada de forma única pela pandemia. A que se saiu pior foi a categoria de serviços, que resultou num saldo negativo de -143.479.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, ressalta que o número é preocupante e alerta para o perigo de ainda ter havido mais demissões que não entraram para a estatística.

"Esses dados de demissões fazem referência apenas aos que estavam com carteira assinada, mas o comércio possui muitos trabalhadores informais. Se você for ver, houve muita demissão também dessas pessoas que não tinham vínculo formal. Muitas lojas pequenas e até grandes fecharam e mandaram os funcionários embora. Além disso, a pesquisa é de maio, logo não abrangeu as demissões desse mês de junho. O que temos visto é que ele também não foi bom para o comércio e serviços", afirma Assayag.

Segundo ele, os principais fatores que potencializaram as demissões em maio e em junho estão ligados a uma falta de plano concreto na reabertura gradual do comércio. O presidente da CDL-Manaus argumenta que muitos comerciantes já prejudicados não vão conseguir se manter e logo deverão demitir mais pessoas.

"É realmente o setor mais prejudicado da economia. Veja, esses comerciantes ficaram cerca de 90 dias parados e agora, os que podem abrir, só podem funcionar com capacidade reduzida. Um restaurante que pode atender 30 pessoas só pode receber dez. Ele não vai conseguir se sustentar nessa crise", afirma Assayag.

Ele garante que o alto número de demissões nada tem a ver com o período do ano. Pelo contrário, segundo o presidente da CDL-Manaus, no segundo semestre costumam aumentar os postos de trabalho, o que não foi o caso desse ano.

'Agricultura' respira aliviada

Se o setor de Serviços se vê em uma onda de incertezas, por outro lado a categoria de Agropecuária respira aliviada. Os dados do novo Caged mostram que a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foram as únicas áreas que mais contrataram do que demitiram, em maio. Foram 15.993 novos postos de trabalho.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, os dados representam a importância do setor na economia do Brasil, mesmo durante a pandemia.

"O seguimento agropecuário foi o único setor da economia que apresentou crescimento nos primeiros meses de 2020, mas que também teve crescimento de exportações. Tudo isso durante a pandemia. Vimos resultados positivos na agricultura, principalmente na parte de grãos. Também na pecuária de corte e leite, principalmente com a valorização da arroba do boi no mercado nacional", afirma Lourenço.

Ele afirma que como a agricultura é essencial para a alimentação, o setor teve uma menor queda, já que se mostrou essencial mesmo com o fechamento do comércio. "E a área respirou ainda melhor agora em junho, depois da retomada do comércio gradualmente. Bares e restaurantes já aumentaram as demandas, principalmente de hortaliças, frutas e derivados do leite. Isso nos ajuda bastante a manter os empregos", diz Lourenço.

Outros setores

Além dos melhores e piores resultados no relatório do Caged, há ainda outros setores que apresentaram queda de contratações, todas com saldos negativos. A categoria de Indústria, forte no Amazonas, foi a segunda mais prejudicada em maio. No total, foram -96.912 postos de trabalho em todo o Brasil.

"No caso da Indústria, nós temos a sazonalidade em alguns seguimentos, como é o dos ar-condicionados. Esse exemplo é dividido nos dois semestres do ano. No primeiro, quando há mais chuvas, caem os números de compra e logo as contratações diminuem, por isso é normal esse saldo negativo de postos de trabalho. Embora haja a pandemia, temos esse fator que contribui", afirma o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.

Para ele, ainda é preciso aguardar para saber como a pandemia irá prosseguir e assim ver se o setor industrial poderá recriar os empregos que costumava gerar no passado.

A ordem de setores prejudicados por saldo negativo em maio é composta por: Serviços: -143.479 vagas; Indústria geral: -96.912; Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: -88.739 vagas; Construção: -18.758 vagas; e Agropecuária: +15.993 vagas.

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