06/12/2022
Para 13 dos 24 dos setores industriais analisados, taxas de juros elevadas apareceram entre os cinco principais problemas no terceiro trimestre do ano. Fator recebeu 24,2% das menções, o maior desde 2017
A preocupação dos empresários com as taxas de juros elevadas cresce há seis trimestres e, entre julho e setembro, tirou o sono de praticamente um quarto dos industriais. Desde o início de 2017, não se via nada parecido. De acordo com a Nota Econômica 25, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre os principais problemas observados pelo setor industrial, os juros receberam 24,2% das menções. Para se ter uma ideia, as altas taxas ocupavam 13ª no ranking de principais problemas enfrentados pela indústria de transformação, no primeiro semestre de 2021. Atualmente, subiu para o quarto lugar.
Nota Economica Novembro 2022.pdf (522,5 KB)
A falta ou alto custo da matéria-prima segue em primeira posição com 39,4% das respostas. Mas esse fator tem perdido força. Em segundo e terceiro lugar estão: elevada carga tributária (34,2%) e demanda insuficiente (24,3%). Esses dois fatores aparecem com tendência de alta. Apesar disso, suas assinalações ainda podem ser consideradas baixas na comparação histórica.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que os juros passaram a ser vistos como um problema pelo industrial desde que a Selic, taxa básica de juros, iniciou sua trajetória de crescimento. A Selic saiu de 2% ao ano, seu menor patamar histórico, para 13,25% ao ano, entre março de 2021 e junho deste ano.
“A SELIC PERMANECE NESSE PATAMAR, MAS OS EFEITOS DA MUDANÇA SIGNIFICATIVA DO SEU NÍVEL TÊM SIDO GRADUALMENTE MAIS PERCEBIDOS PELOS EMPRESÁRIOS, TORNANDO-SE UM PROBLEMA CADA VEZ MAIS RELEVANTE PARA MUITOS SETORES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO”, EXPLICA MARCELO.
55% das indústrias de biocombustíveis consideram os juros o principal problema da produção
Dos 24 setores da indústria de transformação avaliados, 13 afirmam que o problema de taxas de juros elevadas está entre os cinco principais desafios. No setor de Biocombustíveis, mais da metade das empresas considera esse o principal problema. No setor Produtos de material plástico, os juros também aparecem em primeiro lugar, tirando o sossego de 36,8% dos industriais entrevistados.
A taxa de juros também se destaca como problema importante nos setores: Alimentos; Calçados e suas partes; Celulose e papel; Madeira; Máquinas e equipamentos; Máquinas e materiais elétricos; Metalurgia; Produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal; Produtos de metal; Vestuário e acessórios; e Têxteis.
“Considerando a evolução da série histórica para esse problema e a percepção dos industriais, as taxas de juros elevadas devem continuar no topo do ranking para a maioria dos setores, visto que a Selic deve permanecer em nível elevado”, afirma Marcelo Azevedo.
Falta de trabalhador qualificado começa a se tornar uma preocupação para o industrial
A falta ou o alto custo de trabalhador qualificado vem ganhando relevância dentre os principais problemas enfrentados pela indústria de transformação. Desde o terceiro trimestre de 2020, os percentuais de assinalação para esse item ficaram acima dos 10%, chegando ao maior resultado registrado da série histórica no terceiro trimestre de 2022, com 16,5% de apontamentos pelos empresários.
Dos 24 setores avaliados, 15 apresentaram aumentos nos percentuais entre o segundo e o terceiro trimestre do ano. As maiores variações percentuais foram para Móveis e Metalurgia, ambos com 14 pontos percentuais de aumento.
Além disso, os setores Calçados e suas partes, Celulose e papel, Móveis e Veículos automotores consideram o problema como terceiro mais relevante, com 35,7%, 21,4% e 30,2% e 19,2% das citações pelos industriais, respectivamente. No caso de Veículos automotores, essa questão ocupa a 3ª posição, empatada com o problema de taxa de câmbio, que também está com o mesmo percentual de citações.
Baixa qualidade da educação básica afeta produtividade industrial
O economista da CNI explica que essa questão afeta a produtividade e a competitividade da indústria brasileira.
“PARA LIDAR COM ESSE PROBLEMA DE FALTA OU ALTO CUSTO DE TRABALHADOR QUALIFICADO, , A MAIORIA DAS EMPRESAS PROMOVE A CAPACITAÇÃO DE SEUS TRABALHADORES, MAS ENCONTRA OBSTÁCULOS NA BAIXA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA E NA FALTA DE INTERESSE DOS TRABALHADORES EM SE QUALIFICAR”, EXPLICA O ECONOMISTA.
Diante desse desafio, a CNI avalia que, no curto prazo, é necessário um esforço de qualificação e de requalificação da força de trabalho. Já no longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional.
Fonte: Portal da Indústria