26/11/2013
Só em outubro a PNEA cresceu em 623 mil pessoas, ante igual mês de 2012, para 18,434 milhões. Desse total, 16,724 milhões de pessoas, além de não trabalharem e não procurarem emprego, também não gostariam de trabalhar, uma alta de 4,9% sobre outubro do ano passado. “Nesses últimos dois meses, a gente percebeu um aumento maior dessa população na comparação anual”, disse Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
“Não há elementos ainda para descobrir o motivo do aumento significativo nos dois meses, que é discrepante”.
Segundo ela, um dos fatores que poderiam explicar o crescimento da PNEA seria a alta no desalento, ou seja, no número de pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego após várias tentativas. “Mas esse não é o caso porque de setembro para outubro o desalento caiu de 8 milhões para 3 milhões de pessoas”, explicou Adriana. Se não tem uma explicação para a alta pontual, Adriana avalia que o crescimento na PNEA foi maior entre os jovens que ainda estão estudando e entre os idosos.
O professor de Relações do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo) José Pastore, também considera pontuais as altas na PNEA em setembro e outubro E também não consegue explicar os motivos. “Quando dá um pico de febre, o médico pede para esperar”, comparou. Pastore avalia, no entanto, que, de um modo geral, o crescimento da PNEA “é fruto da melhoria dos programas sociais de transferência de renda do governo e da Previdência Social, que retira pessoas do mercado de trabalho, a maioria muito idosa, além de uma maior escolarização, o que é um ponto positivo”, disse.
Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria, é outro especialista que não conseguiu chegar a uma conclusão sobre o pico de aumento da PNEA em setembro e outubro. “Mas, pelos dados disponíveis, a principal contribuição para a alta é de pessoas com mais de 50 anos. Os dados não são tão claros, mas são pessoas que possuem algum estímulo para deixar de trabalhar”, afirmou.
Já o coordenador da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), Alexandre Loloian, evita fazer uma avaliação do crescimento pontual da PNEA, mas cita o cenário de ampliação na curva de queda no crescimento da PEA (População Economicamente Ativa) em 2013. “Nos últimos anos, a PEA já crescia abaixo da linha de tendência. Em 2013, ela é negativa: em agosto a taxa foi de -1,5% e, em setembro, de -1,2%”, disse Loloian.
Como grande parte dessa redução da PEA vira crescimento da PNEA, Loloian avalia que a alta da população não economicamente ativa ocorre inicialmente pela postergação da entrada no mercado de trabalho dos jovens, fruto do crescimento da renda familiar, e ainda está ligada a um fator conjuntural: a disseminação de informações pessimistas da economia.
“Em momentos de redução de crescimento da economia, a disseminação de informação de que empresas não estão admitindo faz com que as pessoas se retraiam naturalmente, deixem de procurar empregos e sigam para a PNEA. O que é curioso porque o cenário no Brasil é de escassez de mão de obra”, observou.
Fonte: JCAM