CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Crédito mais caro e escasso

  1. Principal
  2. Notícias

17/01/2022

Marco Dassori

A taxa de inadimplência entre os micros e pequenos empresários amazonenses voltou a arrefecer, no quarto trimestre. A procura das MPEs e MEIs por crédito seguiu elevada, mas estagnou, ao passo que as recusas dos bancos ficaram menos frequentes. Em sintonia com a escalada dos juros, no entanto, os custos dos financiamentos estão pesando mais nos caixas dos pequenos negócios do Amazonas, que vêm sofrendo os abalos adicionais da inflação e das vendas fracas.

É o que aponta a 13ª edição da pesquisa "Impacto da pandemia de corona vírus nos pequenos negócios", conduzida pelo Sebrae ("Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa), entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2021, por meio de formulário online. No total, foram ouvidos 6.883 empreendedores em todas as unidades federativas do Brasil -62 deles, no Amazonas. A maioria (59%) é composta por microempreendedores individuais, seguidos por donos de microempresas (36%) e de empresas de pequeno porte (5%). A parcela dos microempreendedores individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte com dívidas em atraso no Amazonas caiu de 42% para 37%, na comparação dos quatro meses finais de 2021 com o trimestre anterior. Na outra ponta, entretanto, a proporção dos adimplentes disparou subiu de 30% para 34%, enquanto a fatia dos que afirmam não possuir qualquer tipo de pendência financeira avançou de 22% para 28%. Na média nacional, a distribuição seguiu mais equitativa (28%, 38% e 34%, respectivamente).

O percentual de empreendedores do Amazonas que já buscaram crédito, desde o começo da pandemia, para garantir a sobrevivência dos negócios seguiu na casa dos 59%. A taxa ficou novamente bem acima da média brasileira (50%). O Estado decolou da 11a para a segunda posição do ranking nacional nesse quesito, perdendo apenas para Tocantins (75%), e empatando com Ceará, Mato Grosso e Piauí. Em contrapartida, os menores percentuais de procura ficaram no Acre (26%) e em Roraima (27%).

Em contraste com a estabilização no nível de procura por crédito, o percentual de empreendedores locais com pedidos de empréstimos bancários negados diminuiu de 47% para 43% -no segundo trimestre, estava em 60%. A quantidade de solicitantes que conseguiu o financiamento subiu de 46% para 48%, enquanto a fatia dos que ainda aguardam resposta dos bancos (10%) mais do que dobrou em relação à pesquisa anterior (4%). Os respectivos números nacionais foram novamente melhores: 37%, 58% e 5%.

Demanda e concessões

Nesta edição do estudo do "Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios", o Sebrae não apresentou seu tradicional ranking de demanda e concessões por instituições bancárias-que vinha sendo dominado pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil, em detrimento da Caixa Econômica. Também não buscou mais saber a frequência da demanda por crédito -que teve seus picos em agosto (22% pediram empréstimo nesse mês), junho (21%) e julho (17%) de 2021.

Mas, procurou saber o peso do pagamento das dívidas -inclusive o crédito -nos custos das empresas. Vale notar que o problema mais presente apontado pelos entrevistados é a pressão dos custos sobre os resultados (52%) -incluindo insumos/mercadorias, energia, combustível e aluguel além das dívidas com impostos (10%), empréstimos (9%) e fornecedores (1%). É um entrave que supera até mesmo a "falta de clientes" (19%), mesmo em um panorama em que 74% dos empreendedores relata amargar vendas abaixo do patamar pré-pandemia, com o faturamento sendo de 33% a 54% pior.

A maioria dos proprietários de micros e pequenos negócios do Amazonas ouvidos pelo Sebrae (38%) assinala que o pagamento das dívidas representa de 30% a 50% dos custos mensais da empresa Uma fatia ligeiramente menor (35%) diz que o passivo representa menos do que 30% do total. Mas 22% informam que a mordida supera os 50%, enquanto os 6% restantes preferiram não responder.

Ainda assim, os empreendedores ainda veem possibilidade de continuar apostando no futuro. Em maior ou menor grau, 94% já adiantaram que pretendem investir no própria empresa, em 2022. Para 28%, o aporte será para modernizar o negócio, com novos produtos e novos processos, mas há também quem diga que vai ampliar o mix de produtos e serviços (21%), ampliar a capacidade produtiva ou de atendimento (17%), investir na divulgação (15%), reformar o estabelecimento (9%), ou pelo menos apostar na própria capacitação (4%).

“Critérios exigidos”

Na análise do coordenador de Acesso a Crédito pelo Sebrae-AM, Evanildo Pantoja, a melhora nos índices de inadimplência se deve ao "trabalho árduo" e à "busca continua" dos micros e pequenos empresários do Amazonas para se adaptar a novas formas de atuação em um cenário de "constantes evoluções". No entendimento do executivo, a despeito do aumento proporcional das concessões, a estagnação na procura se deve mais às dificuldades impostas pelos bancos do que a uma fuga do crédito em função de juros mais altos.

"Ainda está havendo oferta de crédito. Mas, ainda há empresas que não conseguiram pegar financiamentos até agora porque não conseguem cumprir os critérios exigidos pelos bancos", explicou. "Considero que ainda há muita gente precisando de empréstimos, mas não conseguem. Nem atribuo tanto essa estabilização na procura ao aumento dos juros porque, quando o empresário precisa do financiamento, ele acaba pegando, mesmo com juros altos", frisou.

Indagado sobre a portaria e do edital da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) baixados pelo governo federal nesta semana, como medida compensatória para a não inclusão das MPEs no Refis federal, o coordenador de Acesso a Crédito pelo Sebrae-AM considerou que a medida deve ter efeito "muito reduzido". "Ter acesso ao Refis até alivia, mas não é uma coisa que vai ajudar a tirar da situação atual. E muitos empresários acabam dando prioridade a outras dívidas, no lugar do imposto", explicou.

De acordo com Pantoja, as empresas estão fazendo o possível para sobreviver às mudanças de mercado impostas pela pandemia, e o uso de canais digitais é o caminho preferencial. "E sempre um grande desafio administrar todas essas questões com queda nas vendas, aumento dos custos, pagamento de dívidas atrasadas. Isso exige muito esforço, perseverança e disciplina. Sabemos que o mercado ainda não recuperou seu poder de consumo. Por vários motivos, entre eles a inflação. Mas, as empresas vêm buscando se adaptar a essa nova realidade e às novas exigências", afiançou.

Procura das MPEs e MEIs por crédito seguiu alta, mas estagnou, com recusas dos bancos ficaram menos frequentes

Fonte: JCAM

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House