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Coronavírus provoca cenário de recessão

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23/03/2020

Fonte: Acrítica

Larissa Cavalcante

O aumento dos casos de coronavírus no mundo já afeta a economia internacional e diversos países têm reduzido suas expectativas de crescimento. O governo brasileiro que já havia reduzido a projeção do PIB de 2,4% para 2,1%, na sexta diminuiu para 0,02%.
Diante do desaquecimento da atividade econômica, motivado pelo isolamento social para conter o Covid-19, economistas avaliam que o cenário em 2020 será de recessão.

"Estamos entrando em uma recessão econômica que pode virar uma estagflação.
O Brasil vai apresentar dados de crescimento muito ruins nesse semestre por causa do coronavírus e vamos ter que repensar se as políticas neoliberais vão nos salvar dessa
situação. O Impacto será muito forte porque temos uma política econômica que abandonou a ciência, saúde e impôs um teto de gastos.

Veio a crise e esses setores estão sem a preparação adequada", avalia o economista Inaldo Seixas acrescentando que os efeitos no Brasil ainda são imensuráveis, todavia é motivo para alerta diante dos reflexos em outros países. Alguns economistas comparam a situação atual com a da última grande crise de 2008 em que impactos foram sentidos no mundo todo durante anos.

Todavia, naquele momento, a causa era puramente econômica e financeira e
agora temos um problema de saúde pública com repercussões econômicas e políticas.
Na avaliação da economista Denise Kassama, o Brasil deve repetir neste ano o crescimento de 2019, de 1,1%, e pondera que os impactos decorrentes do coronavírus seriam menores se o país não estivesse enfrentando uma lenta recuperação da crise de 2015 e 2016.

Se a China para significa que o mundo para também. Até que a China retome o ritmo de produção e insumos cheguem no Brasil levará de 60 a 90 dias. Arcar com salários sem estar produzindo e faturando é uma conta difícil de se pagar", disse. Kassama frisou que mesmo comaepidemiacontidaaindanão é possível pontuar o tempo que levará para normalizar a economia global e nacional. Ela alerta que se continuar o ritmo (de paralisação na atividade econômica) a economia mundial vai parar.

PERÍODO CRÍTICO

"No Brasil e no mundo a atividade econômica está sendo reduzida. A indústria e o comércio vivem um período crítico porque a renda não está circulando. Vários governos têm injetado recursos na economia para estimular o consumo ereduziroimpacto. Se a China para o Comércio já apresenta perdas de 25%. A rua Marechal Deodoro, no centro de Manaus, que concentra muitas lojas e um grande fluxo de vendedores e de consumidores, vive dias de muita calmaria.

Em números # 147 bilhões de reais é o valor que deve ser injetado pelo governo brasileiro na economia nos próximos três meses para amenizar os impactos do avanço do coronavírus. Parte das ações visa colocar mais dinheiro à disposição das pessoas, como a antecipação do abono salarial e do 13º do INSS.

ALTERNATIVAS

Inaldo defende como saída à crise que se avizinha a política de intervenção estatal no Brasil a exemplo de medidas que estão sendo adotadas na França (suspendeu as
contas de energia elétrica, água, gás e aluguel por 45 dias), nos Estados Unidos (lançou um programa de compra de títulos de dívidas de curto prazo das empresas) e na Espanha (estatizou hospitais privados).

"A política econômica baseada na livre regulação do mercado demonstra que não temos condições de fazer frente a um tipo de crise que vai ser muito mais recorrente. O capitalismo não aguenta e precisadamãodoEstado.OBrasil vai sofrer e ter que repensar a sua política, o modelo de
produção, a privatização dos principais serviços públicos e que tipo de sociedade queremos", declarou.

Comentário Blog

Ernani Reis

Formando em administ. de empresas e analista de investimentos

"As medidas do governo brasileiro se mostram acertadas, permitindo um alívio financeiro para as companhias e as famílias no período mais conturbado, indo além da simples oferta de crédito, porém ainda um pouco limitadas.

Poderemos ver, no médio e no longo prazo,umaumento no número de desempregados, que minimizaria a 'economia' prevista com a Reforma da Previdência, ao sobrecarregar o INSS e afetar as já combalidas contas públicas, assim como uma redução no já baixo
consumo das famílias. É importante observar que não se trata de passar pela crise sem sequelas. A essa altura elas já se mostram inevitáveis e em escala global. As projeções só devem retomar a um nível de assertividade real a partir da segunda metade do ano e, uma vez superada a epidemia, teremos que discutir outras medidas para acelerar a retomada econômica, incluindo a continuidade da aprovação das reformas".

Análise

Por Vladimir Fernandes Maciel

MESTRE EM ECONOMIA

'Brasil tenderá a repetir o desempenho pífio de 2019'

Os efeitos iniciais e diretos da insurgênciadocoronavírussobreas cadeias globais de valor vão em quatro sentidos. O primeiro efeito é a redução do nível de atividade industrial da China e do mundo como um todo. O segundo é sobre a atividade comercial. Importadores e comerciantes de produtos chineses sofrerão falhas de abastecimento e terão redução de venda por falta de mercadorias. Já o terceiro efeito é sobre as viagens de negócios e de turismo, o que afeta a cadeia que envolve a rede hoteleira, agências de viagens e companhias aéreas. O quarto efeito afeta o volume (quantum) de exportações do país, principalmente, as commodities e os bens intermediários brasileiros que são utilizados nos processos produtivos de outras nações. O Brasil, que já contava expectativa de crescimento medíocre em 2020, tenderá a repetir o desempenho pífio de 2019. Não seria tão ruim se, desde de 2014, o país não estivesse enfrentando uma lenta recuperação da recessão de 2015 e 2016. Somente uma mudança profunda nas expectativas dos investidores sobre as potencialidades de negócio sem nosso território e uma renovação de otimismo sobre a capacidade do governo de entregar reformas econômicas e conduzir privatizações relevantes seria capaz de compensar os efeitos danosos do corona vírus à economia.

Segundo o economista André Galhardo, apesar de todo o esforço do Estado para "salvar" o mercado e a clara necessidade de que isso ocorra,seavolumamasevidências de que a maneira como isto ocorre não surtem mais efeitos."Aeconomia europeia há tempos não consegue registrar resultados pujantes e fica entre a cruz e a espada. É possível que o Fed (banco central dos EUA) e a economia estadunidense sigam pelo mesmo caminho - o do salvamento de instituições financeiras, sem impactos na economia real e no emprego", avalia.

Com a restrição à aglomerações e a orientação para manter isolamento social, o comércio de Manaus já sente os impactos negativos do coronavírus. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus, RalphAssayag, a queda nas vendas em março, até o dia 18, é de 25% e pode chegar a 35% até o final do mês. No centro de Manaus, o cenário é de ruas e lojas vazias e pouco consumidores que se aventuram em ir às compras.
"Se em abril não avançar a contaminação é possível que mantenha o mês. Se aumentar a proliferação da doença e ter que fechar às lojas o caos na parte financeira do comércio e de demissões será bem alto. Se fechar tudo vai cair 80% as vendas e com isso temos que demitir em torno de 40 mil pessoas", disse Ralph Assayag, acrescentando que não há projeção positiva do setor para o Dia das Mães, data comemorativa mais importante para o comércio.

Francisco Mourão Jr.

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA DO AMAZONAS

`Impacto está sendo grande'

A teoria econômica estabelece que tem que ter renda para ir ao supermercado e a empresa comprar da indústria. A partir do momento em que não vai haver renda não tem toda essa cadeia. A preocupação é com a questão do consumo e como as empresas vão conseguir se manter no período em que o consumo estará em baixa.

O impacto está sendo muito grande porque na época em que teve a H1N1 a China representava 9% da economia mundial e agora significa 25%. É necessário uma intervenção do estado na economia a nível mundial para não deixar essa recessão que já começa, as bolsas estão em queda, se agravar e as medidasterãoqueserdrásticas.
O governo brasileiro já anunciou algumas medidas. O corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros,Selic,quefoide4,25%aoano a 3,75% para tentar segurar essa questão e a disparada do dólar que já passa de R$5.Entre as medidas está liberar dinheiro para não evitar o colapso, ouseja, a falta de consumo que gera a ausência de produção. O que o governo está tentando é manter pelo menos um pouco desse consumo básico. Não vai resolver o problema, apenas amenizar os efeitos e segurar nesse momento crítico. Antes mesmo de iniciar a paralisação das atividades no Brasil já sentíamos os efeitos do corona vírus pelo fator China e agora vamos sentir os impactos dentro da nossa própria economia.

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