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Coronavírus esfria expectativas

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27/02/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Marco Dassori

Passado o Carnaval, o país se prepara para efetivamente começar 2020 e deslanchar a economia. Marcado por eleições e ensaios de reformas estruturais, o ano começa com um ambiente econômico comparativamente melhor, com juros e inflação em queda, e a expectativa dos efeitos da reforma da Previdência na confiança de investidores e consumidores.

As sequelas do alerta amarelo do coronavírus, no entanto, já se faz sentir no câmbio –com possíveis efeitos inflacionários –e, principalmente, no fornecimento de insumos para a indústria. A paralisação das atividades da manufatura chinesa já se faz sentir nas cadeias globais de suprimentos, deixando algumas fábricas brasileiras sem componentes e começando a parar.

O comércio teme ser a próxima peça nesse efeito dominó, especialmente se o medo de uma pandemia se alastrar e intensificar, gerando uma crise prolongada e sem horizonte de terminar. Nesse eventual cenário, o setor teme ficar desabastecido de produtos e começar a demitir, adianta o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota.

“O ano tinha tudo para ser melhor do que 2019, pois a confiança melhorou e o custo do dinheiro ficou mais acessível. O problema é o coronavírus, que pode nos deixar sem produtos para vender. O Distrito, que tem uma logística diferenciada e mais estoques, está na iminência de parar. Muitas fábricas do Sudeste já interromperam a produção. Nosso medo é ficar nessa situação perto do Dia das Mães, que é quando o calendário do setor finalmente começa”, lamentou.

Na hipótese de uma crise prolongada, o dirigente aponta ainda o risco de um dólar ainda mais apreciado e, eventualmente, uma profusão de cortes no comércio. Apenas os exportadores teriam alguma vantagem, mas ficariam limitados pelo bloqueio do mercado asiático. Aderson Frota ressalva, entretanto, que a China é rápida na reação e, quando a situação for controlada e os riscos de uma pandemia forem afastados, voltará a produzir e abastecer o mercado global, reduzindo suas perdas.

Emprego e demanda

Em sintonia, o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ataliba David Antônio Filho, concorda com a extensão da ameaça do coronavírus para o setor. O dirigente acrescenta ainda que, além de fornecer produtos para os lojistas, a indústria também alavanca a economia, gerando emprego, renda e demanda para atividade comercial. Sua paralisação, não deixaria o varejo imune. “Mesmo sem o coronavírus, não esperamos muito dos próximos meses, que normalmente são de promoções e renovação de estoques. O comércio depende também de outros setores, como a construção civil, que tem atividade reduzida no período das chuvas. Mas, se esse problema de desabastecimento se estender mais próximo do Dia das Mães, podemos ter problemas”, ponderou.

Mercadoria em trânsito

No caso da indústria, a crise já bate à porta. Ex-presidente da Aficam (Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Polo Industrial do Amazonas), Mario Okubo, diz que as fábricas estão estocadas de insumos até abril, mas admite temer que a crise se prolongue, deixando o PIM desabastecido. O dirigente salienta ainda que, embora altamente verticalizado e com um cluster a sua disposição, o polo de duas rodas não está imune a crise, pois ainda importa alguns componentes que não estão disposição no país.

“As perspectivas imediatas não são boas, porque a economia e, principalmente a indústria, depende da mercadoria que vem de lá. Mesmo no caso das motocicletas, não dá para produzir, se ficar faltando uma peça. Temos alguma esperança da coisa melhorar, porque sabemos que já tem alguma coisa em trânsito. Mas, as fábricas da China pararam e, se continuar do jeito que está, vamos acabar parando também. Temos que esperar para ver como é que fica”, asseverou.

Questão administrada

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge do Nascimento, antecipou que a questão dos estoques está sendo administrada pelas fábricas do segmento eletrônico do PIM –um dos que mais importam insumos –e que pelo menos a maior parte das empresas instaladas no parque industrial de Manaus tem fôlego para produzir nos próximos dois meses e meio, ou três meses.

“Até aí, não teremos problemas. A partir de maio é que talvez tenhamos algum risco de realmente ficarmos sem insumos, em virtude dos navios que deveriam ter saído da China, em fevereiro, e acabaram não saindo. É uma média de três meses de viagem entre lá e aqui. Então, talvez tenhamos esse risco em algumas unidades do PIM, nesse período. Algumas empresas estão avaliando trazer esses componentes de avião”, encerrou.






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