05/06/2014
Os números fazem parte da Pesquisa Mensal da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIM-PF/IBGE), divulgada ontem, que mostram que, já bem perto do início da Copa do Mundo, a venda de televisores — produto com 60 % de peso no grupo linha marrom — continua impulsionando o crescimento da indústria de eletrodomésticos de linha marrom, embora em ritmo menor do que nos meses anteriores.
Em abril, a produção avançou 20,9%, menor do que o crescimento de 42,4% de março e os 65,7% de fevereiro — todos na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula destaca que no acumulado do ano até abril foram produzidos cerca de 5,8 milhões de televisores, frente aos 3,9 milhões de unidades no mesmo período em 2013.
"Essa redução do ritmo de produção é natural, em função da aproximação dos jogos e também do verão na Região Amazônica, que tem na Zona Franca o polo pro -dutor de televisores", explica Lourival Kiçula.
"As fábricas se empenharam em antecipar a produção, colocando, para isso, turnos a mais de trabalho, para que fosse possível produzir todo o necessário. Por outro lado, o varejo também se programou, antecipando as compras. É provável que em maio e junho esse nível de produção caia ainda mais. Tanto que a perspectiva para o período do meio do ano é de férias coletivas" , completa Kiçula. Na mesma onda de otimismo com a Copa do Mundo cresce a produção de bebidas, com expansão no ano de 2,7%. O crescimento é puxado, especialmente, pelas bebidas alcoólicas, com destaque para as cervejas e chope, que representam cerca de 92% do grupamento. O segmento registrou expansão no ano de 3,6%, sendo que no mês de referência a evolução foi de 4,2%. Já as bebidas não alcoólicas, em especial os refrigerantes, que respondem por 65% do grupamento, tiveram um incremento na produção de apenas 0,3% no ano, e de 1% em abril.
Gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Luiz Macedo reforça que o movimento de aumento da produtividade no período é explicado pela alta expectativa da indústria e do varejo de expandir as vendas em função dos jogos. "Quando comparado ao ano passado, verifica-se que o comportamento era distinto. O que reforça que o efeito Copa deve estar estimulando essa produtividade", afirma André Macedo.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Cervejas (Cervbrasil) também confirmam o otimista dos empresários com os jogos. Depois de bater a marca de 1,19 bilhões de litros produzidos em março, devido ao Carnaval — um crescimento de 23,7% frente ao mesmo mês de 2013 — a prévia para maio indica uma produção de 1,11 bilhões de litros de bebida, 15,6% maior que o mesmo mês do ano passado. Os dados consolidados serão divulgados na próxima segunda-feira.
Para Paulo de Tarso Petroni, diretor executivo da CervBrasil, o momento para a indústria cervejeira é positivo, apesar de ser também de precaução, em função dos altos investimentos que o setor tem feito e da elevada carga tributária, que, de acordo com a Cerv-Brasilo, teria aumentado 20% nos últimos dois anos.
Sem contar com o "efeito Copa do Mundo", a indústria farmacêutica e de produção de combustíveis, gasolina e álcool, também tem conseguido manter taxas positivas de crescimento. Segundo os dados do IBGE, no acumulado do ano, até abril, a produção de medicamentos cresceu 9,5% e a de gasolina, álcool e óleos combustíveis, 1,4%.
Fonte: Brasil Econômico