05/03/2020
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
O PIB brasileiro encerrou 2019 com
alta de 1,1% sobre
2018 e R$ 7,257 trilhões, conforme divulgado
pelo IBGE, nesta quarta (4).
Foi o terceiro ano seguido
com desempenho positivo
para a economia nacional,
embora o índice de crescimento tenha ficado aquém
dos registrados em 2017 e
2018 (ambos com +1,3%). O
PIB per capita variou 0,3%,
em termos reais, alcançando
R$ 34.533, no ano passado.
A expansão foi sustentada basicamente pelo
c o n s u m o
das famílias
(+1,8%), em
detrimento
da poupança
–que recuou
e 12,4% para
12,2% –e do
c o n s u m o
do governo
(-0,4%), embora a formação bruta de
capital fixo (+2,2%) tenha se
mantido positiva, elevando
taxa de investimentos de
15,2% para 15,4%. O dado
negativo é que o PIB sofreu
desaceleração entre o terceiro
(+0,6%) e o quarto trimestre
(+0,5%) –justamente o mais
forte em datas sazonais e com
maior apelo ao consumo.
O setor de serviços cresceu
1,3%, puxado por atividades
de informação e comunicação (+4,1%), atividades imobiliárias (+2,3%), comércio
(+1,8%), outras atividades
de serviços (+1,3%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (+1%)
e transporte, armazenagem
e correio (+0,2%). A atividade de administração, defesa,
saúde e educação públicas e
seguridade social se manteve
estagnada no ano.
Na indústria, a atividade
de eletricidade e gás, água,
esgoto, atividades de gestão
de resíduos cresceu 1,9% em
relação a 2018, puxada pelo
crescimento de 1,6% na construção. Já o destaque negativo
ocorreu em indústrias extrativas, com queda de 1,1% no
ano. Indústrias de transformação ficaram praticamente
estáveis com incremento de
0,1%.
Na agropecuária, que
tem um peso
de apenas 5%
no cálculo do
PIB, os destaques foram
l a vour as
como o milho (+ 23,6%)
e expressivo
ganho de
produtividade. Algodão
(+39,8%), laranja (+5,6%)
e feijão (+2,2%) vieram em
seguida. Em contrapartida,
houve variação negativa nas
culturas de café (-16,6%),
arroz (-12,6%), soja (-3,7%)
e cana (-1,0%). O desempenho da pecuária em 2019 foi
influenciado positivamente
pelo estreitamento da relação
comercial com a China, por
conta da peste suína no país
asiático.
“São três anos de resultados positivos, mas o PIB
ainda não anulou a queda de
2015 e 2016 e está no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2013”, ponderou
a coordenadora das Contas
Nacionais do IBGE, Rebeca
Palis, no texto postado no site
do órgão. De acordo com a
pesquisadora, a queda da
inflação e dos juros ajudaram, assim como a liberação
do FGTS e a recuperação do
mercado de trabalho –apesar
do avanço da informalidade.
Base apreciada
O presidente em exercício
da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens e
Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, disse
ao Jornal do Commercio que a
desaceleração sofrida pelo
PIB nacional, entre o terceiro e o quarto trimestres, se
deu em função de uma base de comparação mais forte em
2018, para o período que vai
de outubro a dezembro. Lembrou ainda que o dado divulgado ontem pelo IBGE se
refere a uma média nacional
na qual o Amazonas, entre
outros Estados, costuma ser
um ponto fora da curva.
“O PIB reflete do quarto
trimestre leva em conta a
comparação com um período anterior em que já havia
mais otimismo e consumo.
Mas, é importante dizer que
ainda não atravessamos totalmente o vale da crise, apesar
de a recessão ter ficado para
trás. Ainda estamos em um
processo de recuperação de
confiança e de investimentos.
Devemos ter um arrefecimento nestes primeiros meses, em
virtude da sazonalidade e das
chuvas, mas o crescimento
deve vir mais forte, a partir de
maio, mês do Dia das Mães”,
avaliou.
“Perspectivas alvissareiras” No mesmo tom, o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, salientou ao Jornal do Commercio que, embora a primeira metade de 2019 tenha sido marcada pelo compasso de espera pela reforma da Previdência e pelos atritos entre Executivo e Legislativo, a economia brasileira começou a deslanchar na segunda metade do ano, e as perspectivas são positivas para 2020, a despeito dos impactos econômicos do Covid 19.
“O setor voltou a crescer em 2019. É claro que essas questões do coronavírus e dólar, assim como os ataques à Zona Franca, preocupam a indústria de Manaus. Mas, nossas expectativas ainda são alvissareiras para o cenário econômico deste ano. já podemos ver uma demanda aquecida em nosso polo de componentes do PIM. Teremos ainda uma recuperação lenta, mas com um horizonte mais longo”, arrematou.